PAIXÃO- teste

                                                    idéias e versos

PAIXÃO – teste  (Autoria: Sônia Moura)

 

Você já desejou ardentemente, desesperadamente que o telefone tocasse e, ao primeiro toque, atendeu disfarçando a ansiedade, mas com o coração aos pulos, jurando que era ele e… como não era, disse um alô quase entre os dentes, para a pessoa que ligou na hora errada (ao menos para você)?

Você já ouviu uma música no rádio, que você sabia que dizia tudo aquilo que você gostaria de dizer àquela pessoa e torceu loucamente para que ele também estivesse sintonizado na mesma emissora que você?

Você já ouviu uma música com uma letra estrangeira que você não entende xongas, bulhufas, mas que sente, intui que a letra fala de amor e você pensou: – Por que ele não está aqui comigo, para curtir e para dançarmos juntinhos?

Você já se pegou olhando o armário e pensando em que roupa vai vestir no próximo encontro, enquanto, no seu íntimo, seu maior desejo é que o encontro fosse daqui a poucos minutos e teve raiva do tempo que afastava você da pessoa amada?

Você, mesmo sendo muito liberal e totalmente analisada, filosofada, estudada, além de se julgar completamente lógica, já morreu de ciúmes da ex-, da moça da mesa ao lado, daquela atriz maravilhosa, para quem ele sempre lança olhares desejosos (pelo menos é o que você acha) e depois se maldisse, pensando: como posso ficar assim (enciumada) se me julgo uma pessoa tão centrada?

Você já assistiu a um filme, no qual uma paisagem belíssima serve como pano de fundo para as cenas de amor e imediatamente se transportou para aquele paraíso, “levando” a pessoa amada junto com você, juntamente com uma rede, um barquinho, um violão ou um sonzinho maneiro?

Você, mesmo estando durésima, já comprou aquela roupa lindona, aquele sapato espetacular, aquela  bolsa chocante, que combina muito bem com a roupa e com o sapato, e, só para arrematar, comprou aquela biju deslumbrante, pensando o quanto ficaria lindíssima, sensual, maravilhosa só para ele?

Você, ultimamente, está muito preocupada em combinar o sutiã com a calcinha, e é bom que sejam lindamente confeccionadas em rendas, ou com estampas bonitas e que, tanto um, quanto a outra sejam bem cavadinhos, já se imaginando a tremer de satisfação quando ele a olhar com olhar de tesão e disser que você está maravilhosa?

Você já se pegou rindo à toa, sem ter ouvido nem uma piada, nada, nadinha, mas se vê sorrindo, olhando para o tempo, olhando para o nada, e com aquele sorriso insistente que não quer sair dos seus lábios?

Você já sentiu um frio na espinha só de pensar nos beijos, nos abraços e nos carinhos dele, enquanto todos na mesa falavam, falavam, mas sua cabeça, seus pensamentos e seus desejos estavam bem longe, lá onde se encontrava?

Se você respondeu SIM a uma só destas perguntas, creia-me: a paixão já agarrou você, no momento, minha amiga, você está irremediavelmente perdida, você está APAIXONADA assim sendo, aproveite, deite e role, literalmente!

BRASIL – COTA POR COTA…

 

                                                                      Cotas

 

 

BRASIL – COTA POR COTA… (Autoria: Sônia Moura)

A história da educação no Brasil confunde-se com a história sócio- econômica do país no que diz respeito à difícil inclusão de negros, índios e pobres nos bancos escolares.Arrastando-se por um longo período, o quadro da exclusão escolar não apresentava nenhum sinal de mudança.

A ação nem sempre tem mais valor que a reação e é sobre a reação dividida da sociedade, no que se refere ao sistema, que se insurge esta nova modalidade denominada justiça social e é sobre ela que se movem nossas dúvidas, uma vez que, politicamente, as instituições de ensino não têm como recuar ante a Lei e mesmo ante a sociedade, pois, se o fizerem, correm o risco de “sujar” a sua imagem.

Se… Se… A tentarmos equacionar esta questão e/ou buscar saídas e respostas para as questões surgidas com o advento das Cotas, estamos todos na condicional: sociedade, universidade, Estado.

Se, por um lado, o sistema de cotas poderá ser visto como resgate histórico- cultural que dará oportunidades àqueles que sempre estiveram à margem, por outro lado, assim como os negros eram tratados pelo poder da chibata, também as instituições de ensino irão trabalhar debaixo da chibata legal, e o Estado, dono da chibata, também levará suas chibatadas.

Assim sendo, o regime de cotas confere à escola o papel de justiceira ou de feiticeira que vai, num passe de mágica resolver problemas seculares, os quais a sociedade sempre ignorou? Como responder a esta pergunta?

Discute-se, ainda, se o Estado não está colocando panos quentes sobre suas mazelas: desigualdade social e escolaridade deficiente, deficitária, incapaz de formar indivíduos que possam concorrer a uma vaga na universidade sem recorrer a cotas. Possivelmente sim. Mas, a curto prazo, haverá outra saída?

O que já sabemos é que, mesmo que as bases históricas sejam outras, em outros países verificou-se que, embora polêmico, o sistema de cotas pode ser um bom começo, assim sendo, enquanto o que se deseja: igualdade social não acontece, procuremos entender que este é um traço novo em nossa sociedade educacional, e continuemos a luta para que o que se deseja, se realize: educação de qualidade para todos.

Acreditamos também que, mudar as bases da divisão de renda ou cumprir o que diz a lei, dando os mesmo direitos educacionais a todos, isto é , educação de qualidade e respeito à cidadania este seria um bom caminho para o Estado trilhar.

No entanto, se por um lado a proposta das cotas propicia transformações sociais de alta relevância, pois é um projeto que pretende fundamentar suas ações em inclusões que consigam, se não dissipar, ao menos equilibrar forças tão díspares valores arraigados e novos valores, por outro lado, as cotas podem contribuir para a acomodação do Estado e de suas políticas educacionais, fazendo com que cada vez mais a educação fique relegada a último plano nas prioridades dos governos.

À sociedade cabe o dever de transformar o instituído, mesmo que inicialmente este projeto nos cause estranhamento, acreditamos que devemos tentar aceitá-lo e acatá-lo, pelo menos por um tempo. É o ideal? Não, não é, porém é o real, é o que se apresenta no momento. É uma pequena fresta através da qual o direito à educação superior estenderá seus braços a todos, ou a quase todos, porém, devemos continuar atentos e cobra do Estado que ele desempenhe o seu papel de dá a todos o direito à educação de qualidade.

Uma vez que a idéia de correspondência, de correlação e semelhança entre o mal causado aos pobres, aos negros e índios e a seus descendentes, os quais hoje recebem um ensino muito precário (quando recebem), acreditamos que ao menos de forma parcial, politicamente, a sociedade estará se redimindo de tantas injustiças, que a história de ontem e de hoje registram, basta examinarmos o que rege a lei de talião: do latim Lex Talionis: lex: lei e talis: tal, parelho- consiste na rigorosa reciprocidade do crime e da pena — apropriadamente chamada retaliação, que é frequentemente expressa pela máxima “olho por olho, dente por dente”.

(Trabalho apresentado à Fundação Getúlio Vargas, 2005)

                                                                       BrasilDespedaçado

 

 

ENCONTROS

 ENCONTROS (Autoria Sônia Moura)

Será um sonho ou é esta emoção
Que me faz sentir
Tua presença em mim
Convidando-me a
Seguirmos juntos, de mãos dadas
Como pássaros libertos a voar por aí

Será um sonho ou é o meu desejo
Que, no silêncio da noite enluarada,
Mostra-me que sou criança perdida,
A brincar no meio da roda da alegria
Enquanto você ri da brisa do amor
Que está a morar em mim
Sem querer partir

Será um sonho ou é minha verdade
Que acaba por se descobrir
E entoa o meu canto
Que estava guardado num canto
Á espera do amor que está por vir
O amor que eu espalhei ao longo da estrada
Que sozinha eu construí

Será um sonho ou são minhas visões
Que fazem aparecer em múltiplas janelas
Um mar banhando mil mistérios
E a despejar teu eco sobre mim

Enquanto isto, ao me encontrar em ti
Jogo fora todos os meus receios de amar,
E me esbaldo na liberdade deste mar

Pesco o amor no meio do oceano
E, a partir daí,
Desvio-me todo e qualquer perigo
Depois, faço numa fenda do mar o meu abrigo
Na sanidade dos amantes loucos busco o teu retrato,
Mas o que vejo é o reflexo de minh`alma no espelho d`água

Neste instante, calam-se as vozes dos sete mares
E eu entoo uma canção antiga
Então, teu corpo vem pra junto ao meu
E eu, finalmente, me encontro comigo

Do Livro POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura)

aMOR, AMOR, AMOR

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA (Autoria: Sônia Moura)        escravidão

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA (Autoria: Sônia Moura0 A lei nº 3.353, de 13 de maio de 1888, de autoria de Rodrigo Augusto da Silva, ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, deputado e depois Senador, que não previa nenhuma forma de indenização aos fazendeiros, dizia:A assinatura da Lei Áurea foi decorrência de pressões internas e externas: o movimento abolicionista já tinha grande força no país, havia freqüentes fugas de negros e mulatos, o exército já se recusava a fazer o papel de capitão-do-mato, ou seja: capturar e devolver os escravos a seus donos.

Além disso, estava se tornando economicamente inviável manter o trabalho escravo, em face da concorrência com a mão-de-obra imigrante, barata e abundante, todos esses fatores conjugados e os ataques constantes dos negros, muitos deles refugiados em quilombos, às propriedades agrícolas, como mostrou Joaquim Manuel de Macedo em seu livro: As Vítimas-Algozes. (http://wapedia.mobi/pt/Lei_Áurea)

No Brasil, falta muito, mas muito mesmo, para que os negros venham a ter seus direitos assegurados, pois, como sabemos, a lei proíbe e coíbe o preconceito, mas, infelizmente, não lava as mentes e as almas que se encontrarem entranhadas por todas as formas de pré-conceitos.

Assim é que, mesmo com o passado escravocrata que condena o país à vergonha eterna, louvemos a Lei Áurea, porque, mesmo com suas “imperfeições”, ela foi um dos primeiros passos ao qual vamos, muito lentamente, somando outros passos, desta longa caminhada, a qual precisamos percorrer para mostrarmos ao mundo que alma não tem cor e ela é o que importa, pois, a carne apodrece e a cor da pele se perde no meio da podridão ou do fogo, mas, a alma não!

VEIO A CALHAR

No instante em que escrevo, vejo/ouço no noticiário noturno um deputado irado a falar contra as propostas do governo para que o país faça justiça aos negros.

Gritem também, senhores, gritem, mas, lembrem-se de que, este não é um país que dê os mesmos direitos a todos, aliás, é sim, mas só no “papel”. Embora insistamos em negar , a verdade é que  somos um país racista, sim!
Chega de taparmos o sol com a peneira, é necessário que se faça justiça a quem sofre por um passado histórico que sempre segregou os negros e a seus descendentes e, convenhamos, ainda segrega.

É, senhor deputado, fazer justiça, ainda que tardia não pode, mas segregar, pode, certo?

escrvidão

FALA-ME DE AMOR

                                                                   Amor

FALA-ME DE AMOR (Autoria: Sônia Moura)

Ao menos hoje
Fala-me de amor
Mesmo que mintas
Fala-me de amor
Ainda que não sintas
Fala-me de amor
Com doces palavras
Fala-me de amor
Com palavras alheias
Fala-me amor
Use desenhos, mas
Fala-me de amor
Grite ou sussurre, mas
Fala-me de amor
Entre abraços e beijos
Fala-me de amor
No meio do desejo
Fala-me de amor
Cante uma música e
Fala-me de amor
No momento do gozo
Fala-me de amor
Na noite escura
Fala-me de amor
Debaixo do sol ardente
Fala-me de amor
Com mansidão
Fala-me de amor
Com sofreguidão
Fala-me de amor
No teu sorriso
Fala-me de amor
Pela tela do computador
Fala-me de amor
Por telefone
Fala-me de amor
Bata um tambor, mas
Fala-me de amor
Use tabelas, gráficos, mas
Fala-me de amor

Entenda minhas razões
Abraça meu coração
Vem me fazer feliz
Varra pra longe a dor
Falando-me de amor!

(Do livro: POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura

LOUCA

                                                           bEIJO

LOUCA (Autoria: Sônia Moura)

Eu sempre quis
Uma sala com lareira
Um tapete no chão
Um homem me amando
Me beijando a boca

Eu sempre quis
Ser feliz

LOUCA!

(Do livro POEMÁGICAS de Sônia Moura)

LAREIRA

MÃE- HISTÓRIA VERDADEIRA

                                                          ROSAS PARA A MAMÃE

MÃE – HISTÓRIA VERDADEIRA!(Autoria: SÔNIA MOURA)

Sentada em sua cadeira de balanço, naquele canto da sala, onde o sol bate todas as manhãs, mamãe sentava-se para ler, ela gostava de ler. Isto foi há tanto tempo…

Hoje, aqui na minha sala, quase sinto minha mãe se incorporar em mim e começo a perguntar-me sobre o que ela pensava, quando olhava para mim, com aquele olhar suave, às vezes sorria um riso de saudade.

É, minha mãe ria um riso de saudade, hoje eu sei.

Acho que adormeci e sonhei ou, quem sabe, minha mãe veio me visitar. Conversamos uma conversa gostosa. Um raio de luz inundava a sala. Conversávamos através do olhar e eu pude vê-la a cuidar de mim, sempre.

Minha vida inteira se mostrou dentro de um caleidoscópio de saudades das coisas de que nunca soube e de outras das quais quase me esqueci.

Nossa, quanto trabalho, como eu era chorão. Deus que rotina: troca fralda, dá de mamar, dá banho, põe no colo, acorda de madrugada, meu Deus como minha mãe dormia pouco…

Voltar a trabalhar, é preciso deixar os filhos, dor, tristeza. A empregada está atrasada, o chefe está bravo, olha a hora, tanto tempo fora… Saudades dos filhos.

Primeiro dia na escola, reunião na escola, dever de casa, vacinas, joelho ralado, gripe, febre alta, vamos ao médico. Trabalho, trabalho, tanto tempo longe… lágrimas.

Acorda, está na hora, vai dormir, já é tarde. Come tudo, verdura faz bem. Tomou banho?, escovou os dentes? Tomou seu leite? Venha cá, dá um beijo.

O mundo é grande e, às vezes, cruel, perigoso. Tantos cuidados, tantos medos, tantas rezas… Meu Deus, proteja-os, fico tão pouco por perto, fico tão pouco com eles, proteja-os. Minha Nossa Senhora, a senhora também é mãe, tome conta deles.

Férias. Vamos ao cinema, vamos à praia, quer sorvete? Todas as brincadeiras o dia todo, todos os dias. Alegrias, alegrias.

O dinheiro está curto, brinquedo lindo, dá-se um jeito, chegou o natal. Crediário. Meu brinquedo!

Alegrias, broncas, beijos, palmadas, afagos, lágrimas, sorrisos…

O tempo passando.

Vestibular. Você consegue. Parabéns! Dinheiro para o lanche, dinheiro para a festinha, dinheiro para os passeios… Dá-se um jeito!

Carteira de motorista. Formatura. Primeiro emprego. Você vai conseguir. Primeiros amores. Vai dar certo.

Primeiro amor, primeira decepção, primeiro beijo, às vezes conto, outras não, mamãe finge que não sabe, finge que não vê, mas sabe.

Casamento. Filhos. Lágrimas de alegria. Avó.

O tempo se anula, mas na se desfaz, ao contrário, ele se refaz…

Voltar a trabalhar, é preciso deixar os filhos, dor, tristeza. A empregada está atrasada, o chefe está bravo, olha a hora, saudades dos filhos. Mãe, pode ficar com eles? A empregada faltou…

A vida e seu eterno recomeço, pois a vida é um espetáculo que se completa em outro, em mais outro e em mais outro…

Despertei.

Nossa de quanta coisa eu me esqueci e, agora, olho meus filhos dormindo tranqüilamente, como um dia eu também dormi.

Fecho a porta do quarto deles e escancaro a porta da vida que já vivi, porque hoje meus filhos também esperam por mim.

Vou para o meu quarto, entendo muito do que ainda não havia entendido e só consigo dizer:

– MÃE, TE AMO! 

MAMÃE É SUA ESTA ROSA!

HUMANOS

HUMANOS

(Autoria: SÔNIA MOURA)

Lia esta reportagem nesta manhã, quando o sol começava a aparecer e minhas obrigações começavam a serem cumpridas.

A leitura me causou tristeza pelo absurdo que, infelizmente, tem-se repetido.

Destaquemos o que diz a delegada Ana Luíza: -Não houve motivo. Não houve briga.

É claro que nada justificaria a barbárie, mas, pelo menos, teríamos “uma desculpa” para este vandalismo, para esta falta de humanidade.

MACEIÓ – O morador de rua José Carlos da Silva, de 45 anos, foi espancado, na madrugada desta terça-feira, no bairro de Jatiúca, em Maceió. Segundo a Polícia Civil, João Augusto da Silva, Pedro Paulo Barros Assunção, Givaldo Andrade Neto e Eli de Oliveira Clementino, todos jovens de classe média, usaram um extintor de incêndio para agredir o morador.
Silva deu entrada no hospital à 1h30 e foi liberado cinco horas depois. Os jovens de classe média foram presos, mas liberados.
– Outro delegado liberou os presos. Eu vou pedir novamente a prisão deles. Foi uma tentativa de homicídio – disse a delegada Ana Luiza. – Não houve motivo. Não houve briga. As lesões foram graves – resumiu a delegada.
Cinco testemunhas resgataram o morador de rua e denunciaram o caso a polícia. Os jovens não foram localizados.

Odilon Rios, Portal Terra http://jbonline.terra.com.br/pextra/2009/05/06/e060526491.asp

 

                                              

luz

Felizmente, nem tudo está perdido.

Assistindo pela televisão (quer dizer, “ouvindo”) um jornal da manhã, vejo uma jovem que salva dois homens em grande perigo.

Um forte vento assolava a cidade de São Paulo, operários que faziam a limpeza externa de um prédio comercial, pendurados a uma altura considerável, passaram a ser sacolejados de um lado para o outro e o pânico tomou conta deles e de quem assistia à cena de dentro dos escritórios.

De repente, uma jovem iluminada jogou pela janela a sua jaqueta de brim. O primeiro homem se agarrou nela.

Solidariamente, por uma fresta da janela, a jovem e outros colegas puxaram os operários em grande perigo.

Conseguiram!
Os homens ficaram a salvo e, na reportagem de hoje, um deles foi conhecer a sua salvadora iluminada para agradecer-lhe. Abraços, sorrisos e lágrimas. Os jovens se abraçaram e a mãe do moço disse: você estará sempre em minhas orações.

É isto, dois jovens salvaram-se, salvaram-se os operários, salvou-se o meu dia, adoçou-se a minha alma, alegrou-se o meu coração.

Graças a todos os deuses, ainda “Somos humanos, demasiadamente humanos!”

iluminado

POR AMOR À ARTE

POR AMOR À ARTE        ( Autoria: SÔNIA MOURA)

  Movendo-se pelo palco, o ator precisa conquistar a sua platéia, sua missão é fazer o seu público compreender, sentir e participar da arte, uma vez que só a compreendemos, de fato, quando dela participamos, quando a sentimos, quando nos emocionamos, quando acreditamos, por exemplo, estar no palco “alguém” (o personagem) real, vivendo um tempo real, num espaço real, quando deixamos o cotidiano em suspenso para vivermos a experiência estética, para, através de seus elementos e recursos, substituir a seqüência temporal – espacial e, pelos fluxos da consciência, reinventarmos o que já foi inventado, fazendo acontecer por formas e conteúdos aquilo que desejamos– a transferência pelo ritual mágico da representação- . Para isto, é preciso representar o real transfigurado de irreal ou criar um novo real, por meio de linguagens.
Movendo-se pelo palco, o professor sabe que ninguém educa ninguém, cada um se educa, por isso o mais importante é levar o outro a pensar, a sentir e agir, a ser capaz de perceber o mundo que o cerca. É necessário conquistar a sua platéia, uma platéia que é, ao mesmo tempo, espectador e ator, é preciso fazê-la participar, trocar experiências, desenvolver capacidades, ser capaz de analisar, de criticar, de argumentar, de refletir e de defender seus pontos de vista. Para isto, é preciso representar o real transfigurado de (ir)real ou criar um novo real por meio de linguagens.
O teatro pode recorrer a outros recursos para enriquecer o espetáculo: o jogo de luzes e cores, a música e o cenário e o ator pode, além da fala, usar outros recursos: o gestual, a entonação da voz, a mímica, a maquilagem, o figurino, o corpo, para representar o seu personagem. Conhecer bem o seu personagem é imprescindível para que o ator, ao apresentá-lo em cena, convença a platéia de que a metamorfose – em deus, herói, rei, bandido, vilão, mocinho ou simplesmente um representante do povo – é real. Deverá o ator também ser capaz de mover-se e incorporar-se a tempos anacrônicos ou sincrônicos, ser capaz de se transmutar, definir ou indefinir imagens, de humanizar ou desumanizar heróis, anti-heróis, homens comuns ou deuses, para tal é preciso usar a imaginação, treinar com afinco, selecionar, se aperfeiçoar.
Por sua experiência particular, o ator deverá desenhar um traço de união entre o ilusório e o verdadeiro, entre o que é meramente percebido e o que efetivamente existe e desenhar outro traço de união entre ele, o cenário e sua platéia. Estes traços deverão ser direcionados por seu olhar, por seus dons sensoriais e intelectuais e por meio de cinestesias.
Faz-se necessária a presença de um outro (o personagem), é preciso desvendar-lhe a alma e doar- lhe o corpo, fazê-lo incorporar-se ao seu papel (ou será o papel que se incorpora a este corpo?), é preciso usar a voz como instrumento de interpretação e convencimento, é preciso usar o silêncio para convencer, para vencer e para conquistar.
Ator por vocação ou por imposição da profissão, o professor, no centro do palco, circula por um cenário quase sempre imutável, não usa figurino, máscara, maquilagem ou iluminação especial, restam-lhe a voz, os gestos e o corpo para representar o papel em que ele é ao mesmo tempo ator, que representa a si mesmo convertido em personagem, e espectador, quando o foco de uma luz imaginária se volta para o seu aluno ou para a sua classe.
É preciso cativar a platéia, conhecer o seu público que é espectador e também ator e personagem, é público “cativo”, é necessário despertar-lhe o interesse. A peça (sua disciplina) deve ser interativa, o texto (a aula do dia) deve ser rico e cativante (ao menos na parte criada por ele para a sua exposição). O professor – ator principal – quase sempre, não será avaliado de maneira formal, no entanto sua platéia é exigente e irá julgá-lo, mas, formalmente quem será avaliado é a sua assistência (alunos). Neste espaço e tempos reais será preciso manter certa disciplina no palco e na platéia. Quem será o personagem principal neste palco? O professor, o aluno ou ambos? Nenhum deles, pois nesta peça, os papéis normalmente se invertem.
No palco do teatro ou da sala de aula, o ator, o professor e o aluno estão sujeitos a regras disciplinares e a normas de conduta, estas são necessárias, desde que flexíveis, desde que não sejam usadas para manipular a equipe, pois atores não são marionetes e alunos também não. A arte de representar não é mera cópia ou mera repetição, a aula também não.
Assim, sem uma direção inteligente (do diretor teatral ou do professor), não haverá colaboração ou troca, haverá uma empobrecedora repetição e o resultado será, certamente, desastroso, o produto final será o de uma aula ou de uma representação de cacos, que dificilmente poderão ser reunidos, para que tal não aconteça, é necessário organizar o elenco e o espetáculo e é imprescindível organizar-se, não se pode dispensar, por exemplo, um bom planejamento para o espetáculo e para a aula.
Cabe ao diretor (de teatro) ser um professor da arte de representar e ser a bússola que conduz o seu elenco e o seu espetáculo, cabe ao diretor da escola (professor) orientar a sua equipe para que trabalhe com a finalidade de incentivar os alunos a buscar suas próprias respostas aos problemas que se apresentem em seu cotidiano, pois o espetáculo deve comunicar algo à platéia, a aula também, pois, só há verdadeiramente aprendizagem, quando, surgida a oportunidade, o educando é capaz de aplicar o que aprendeu.
Estes conceitos nos mostram a dimensão do diálogo estabelecido entre estas artes envolventes, densas e que constroem através da muitas formas de linguagem, o caminho para o encontro de sucessivos momentos de estruturas imagísticas e simbólicas, nas quais múltiplas vozes, num divino regresso nos convocam a ouvir-lhes o clamor, tudo … POR AMOR À ARTE.

(Trabalho apresentado em Seminário – UFF -2005)

professor

 

REFORMA ORTOGRÁFICA III (ou Acordo Ortográfico)

 

 

 

Reforma Ortográfica III (ou Acordo Ortográfico)    fio dental
(Autoria: SÔNIA MOURA)

Quem quiser usar o fio dental para fazer a higiene bucal, preste bem atenção, por favor, sem hífen.
Mas, se porventura o corpicho, a vontade, a idade ou a coragem implorarem pelo uso daquela peça de banho bem sensual, use-a sem cerimônia, mas, se precisar escrever-lhe o nome, empregue o hífen: fio-dental.

Explica-se: Fio- dental (substantivo composto) = nasce por analogia a fio dental.

O hífen é um sinal que serve, por exemplo, para unir elementos de palavras compostas ou para separar sílabas em final de linha.

Assim é que em relação àquela pecinha minúscula do fio-dental (parte de baixo) que separa as partes do bumbum, colocando uma banda para cada lado, o hífen também, analogicamente, irá colocar uma palavra de cada lado (fio – dental), só que no caso, será para juntá-las, formando uma palavra composta.

fio-dental