PEDRA RARA

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As passagens do tempo são metáforas… Ele disse:

– O novo ano não há de tardar

E uma cadeia com elos de esperança

Está a se formar

Quantos divinos encantos se esconderão

Nos elos desta corrente,

Que todas as gentes se põem a desejar?

– As passagens do tempo são metáforas… Ela disse:

-Faz parte da arte do tempo

Ele, que segura o estandarte,

A todos conduzir para a profundeza

De uma enigmática caverna

Onde moram famintas ilusões,

Mentindo aos borbotões 

Onde há um tempo que teima em nos dizer

Que é eterno…

– As passagens do tempo são metáforas… Eles disseram

-Tempo menino vadio, que corre macio sem se preocupar

Porque ele sabe que não vai mais voltar

Sua presença é pedra rara, tão fugaz como qualquer ilusão

Como um mago nos pega pela mão e encanta

Abelha que suga o mel e depois procura outra flor

E, sem nenhum pudor, amputa certezas,

acalma as brabezas e coroa levezas

Depois, todo faceiro, exibe sua nobreza com altivez

Fingindo nos dar a lucidez ao que é impossível controlar

Por causa do seu flutuar, escreve uma ficção,

Afaga o real, sustenta a alma e a ilusão

Desdobrando-se em sete mil cores

Desce aos mares, retoma os ares,

E sai a saracotear em círculos rumo ao infinito

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