POLIQUERÊNCIAS

                                        Tempo de amar

POLIQUERÊNCIAS  (Autoria: SÔNIA MOURA)

Quero-te agora
Para embalar teus sonhos
Quero-te ontem
Para chorar teu pranto
Quero-te amanhã
Para o amor eterno
Quero-te de manhã
Para cantar teu canto
Quero-te à tarde
Para te dar alento
Quero-te à noite
Para o meu intento
Quero-te sempre
Para amar-te tanto

Quero-te agora
Para o meu encanto
Quero-te ontem
Para matar saudades
Quero-te amanhã
Para beijar-te lento
Quero-te de manhã
Para cheirar teu cheiro
Quero-te à tarde
Para encontrar-te amigo
Quero-te à noite
Para sorrir contigo
Quero-te sempre
Para o amor preciso

(Tempo, tempo, tempo.. 14h, domingo.)

(Do livro ENTRE BEIJOS E VINHOS de Sônia Moura)

O PRESENTE

O PRESENTE (Autoria: SÔNIA MOURA)

O retrato sobre a mesinha lateral marcava o tempo eterno do amor. Uma abelha veio pousar justamente sobre a flor que embelezava os cabelos da mulher guardada na fotografia.

Mas porque a abelha pousara ali? Estaria à procura de néctar para produzir seu mel ou seriam as lembranças dele tão doces que atraíram o inseto para aquele retrato?

Naquele domingo chuvoso, fechado em sua concha protetora, Henrique mais parecia uma sombra no escuro da sala. Deixara-se ficar em sua velha poltrona, como se fosse um bicho abandonado, segregado de si mesmo e refugiado dentro de seu silêncio.

Como maçãs maduras, com suas cores vivas e seu cheiro suave, as lembranças de Henrique penduradas na árvore de suas memórias, como aves, fizeram seus ninhos em galhos aparentemente frágeis, mas que resistiram à chuva, ao vento e ao tempo, equilibrando-se sobre as traves daquele amor sem fim.

Onde está você agora, minha andorinha? Perto? Longe? Ah! isto não importa, porque você estará sempre comigo, falou olhando ternamente para o retrato da amada, que ele comparava àquela avezinha, por sua ternura e encanto. A lembrança e a imagem dela, como aço, fundiram-se em seu coração, fazendo-o repetir a eterna viagem no mar das ilusões benditas.

Sempre disseram a Henrique que o tempo tudo cura, mas ele não queria curar-se daquela saudade.

Depois daquele lamentável incidente que destruíra sua casa e levara embora sua amada, Henrique acreditava que sua fada-madrinha deixara aquele retrato de presente, para que ele pudesse reviver aquele momento mágico, quando ele a pedira em namoro, à sombra daquele flamboyant e colocara aquela flor sobre os cabelos dela.

E, assim,depois de tanto tempo, instantes mágicos que duraram por trinta anos, rebentavam-se em súbitas presenças, em versos e em bolhas de sabão, que flutuavam pela sala sombria, dando vida à sala e aquietando seu coração.

(Do livro Súbitas Presenças de Sônia Moura)

FLORES

O TREMA MORREU!!!!!!

 tREMA

O TREMA MORREU!!!!!

[Reforma Ortográfica I (por SÔNIA MOURA)]

Devo confessar que me doeu muito a derrubada do trema, para falar a verdade, admito, tinha uma enorme simpatia por aqueles “dois pinguinhos” sobre a letra U.

E, embora a ausência do trema não vá interferir na pronúncia de palavras como : lingUiça, cinqUenta, este sinal era como se fosse um guardião da letra U, funcionava como a garantia de que esta letra não deveria ser abandonada pela falante.

Com a reforma ortográfica de 1971, o trema balançou, mas não caiu, mas, agora é definitivo, o trema foi defenestrado, e não há retorno.O trema morreu!!!!

Permitam-me vaiar esta resolução:  TREMA

Mas, nem tudo está perdido. Aguardem o próximo capítulo. 

SANTA MANHÃ

SANTA MANHÃ (Autoria: Sônia Moura)

Ontem acordei com vontade de cantar
E entoei meu canto num altar salgado
Orando pela manhã, à beira mar
Saudei Iemanjá, saudei o mar
A areia movia-se a cada onda que surgia
Então, deixei-me levar pelos meus sonhos
E viajei nas imagens do passado presentes em meu presente
Recebi dos deuses um presente
Revi você sobre as águas de meu mar
Caminhando sobre as ondas do pensar
Este momento amenizou minha saudade
Fez brincar comigo a esperança
Visitarem-me todos os Orixás
Nesta santa manhã, à beira mar!

(Do livro: POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura)

amor mar

SONHO (POSSÍVEL)

SONHO (POSSÍVEL) (por Sônia Moura)
“Chesley Sullenberger estava no comando do Airbus A320, da companhia aérea US Airways, quando precisou fazer um pouso forçado no rio Hudson, em Nova York.
Apesar das proporções do incidente, todos os 150 passageiros a bordo, além dos cinco membros da tripulação, sobreviveram sem maiores ferimentos.”

Realmente, o piloto Chesley Sullenberger merece todas as homenagens a ele prestadas e merece, também, ser chamado de herói. Isto é inegável.

A imprensa brasileira, especialmente os tele-jornais, deu grande destaque ao feito do piloto, dedicando a esta notícia boa parte do noticiário, chamando-o de herói.

Eu tenho um sonho (possível): que a imprensa brasileira também se lembre de nossos heróis.

Por exemplo,onde estão as homenagens e o reconhecimento aos homens do Corpo de Bombeiros que, durante as últimas enchentes (Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais), tanto fizeram pelas vítimas destas tragédias? Ou, onde estão as homenagens aos voluntários que deixaram suas famílias e afazeres e se dedicaram àqueles que necessitavam de seu apoio?
E, a tantos outros que muito fizeram e fazem por este povo e por este país.
(Claro que os bombeiros,os voluntários e tantos heróis anônimos não estão pedindo reconhecimento ou homenagem, mas que mereciam, ah! isto mereciam mesmo.)

A TV brasileira continua distribuindo homenagens ao piloto americano, enquanto em Nova York, americanos ufanistas, orgulhosos, fotografam o avião submerso, e, enaltecem gloriosamente . o feito e o responsável.

Será que, nós demonstraríamos o mesmo orgulho se este piloto fosse brasileiro ?

E por falar em piloto, lembremo-nos de que muitos brasileiros perderam a vida num acidente recente entre o boeing da Gol e o Legacy, pilotado por pilotos americanos que, acreditem, foram recebidos como heróis em seu país.

Os pilotos do jato Legacy que colidiu com o Boeing da Gol em setembro de 2006, matando 154 pessoas e causando a segunda maior tragédia da aviação brasileira, manusearam o transponder de forma errada. É o que mostra o relatório final da Aeronáutica sobre o acidente, Se estivesse operando normalmente, o equipamento teria evitado o acidente, porque é ele que aciona o TCAS, sistema anti-colisão que orienta com um aviso sonoro o piloto sobre que manobra deve fazer para desviar de um outro avião. O relatório revela que o transponder do Legacy foi manuseado de forma errada pelos pilotos e entrou em “stand by” inadvertidamente. informa reportagem da colunista Eliane Cantanhêde na Folha”
http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u475967.shtml

Portanto, atenção:

Nós, brasileiros, precisamos olhar para nós mesmos, com mais atenção e carinho, levantando nossa auto-estima que há muito está em baixa.

oLHAR

FACA DE DOIS GUMES

FACA DE DOIS GUMES (por Sônia Moura)

Jornal da era nazista volta às bancas na Alemanha [Marcio Damasceno (De Berlim para a BBC Brasil)]

Hitler voltou às primeiras páginas de jornais na Alemanha. A responsável por isso é uma editora britânica, que está lançando esta semana nas bancas do país uma série de edições originais de jornais alemães da era nazista. Entre elas, a reimpressão do diário nazista Der Angriff (O Ataque), fundado em 1927 por Joseph Goebbels, futuro ministro da Propaganda do Terceiro Reich.

(…)Charlotte Knobloch, presidente do Conselho Central Judaico na Alemanha, advertiu que “se os jornais e a propaganda nazista, publicados de forma claramente destacada dos comentários históricos, forem percebidos isoladamente, a experiência pode ser fatal”.A redatora-chefe da publicação, a historiadora Sandra Paweronschitz, diz que Zeitungszeugen deve contribuir para uma discussão equilibrada sobre o tempo nazista.A editora está lançando os jornais com um generoso suplemento informativo, incluindo artigos e análises de historiadores renomados, enfocando a época do Terceiro Reich.(…)Livros e matérias sobre o Terceiro Reich têm vendido bem na Alemanha. Para se ter uma idéia, as edições mais vendidas da respeitada revista alemã Der Spiegel costumam ser aquelas trazendo Adolf Hitler na capa.

Compilado do site:
http://www.multivita.com.br/niu/show.phtml/alemanhajornalnazismo_md.shtml

É provável que a intenção dos editores seja retomar o fato histórico, para que sirva como fonte de informação e de estudo, para que o mundo não se esqueça de que barbáries, como as praticadas pelo nazismo, não devem se repetir.

Por outro lado, (queira Deus estejamos enganados) quem sabe estas reedições despertem/reforcem/estimulem mentes insanas a reviverem o terror de outrora, que deixou marcas indeléveis, assinalando este período da história da humanidade, como um dos mais cruéis e degrandantes.

(Oxalá o mundo acorde e este quadro que, a cada dia, se expande na Faixa de Gaza seja contido, antes que seja tarde demais e coloquemos mais nódas em nossa história. Adotemos a PAZ!.)

Guerra e Paz!

CASAMENTO

Cardeal de Portugal alerta contra o casamento com mulçumanos
[Quarta-feira, 14 de janeiro de 2009 17:03 BRST] (Reportagem de Axel Bugge)LISBOA (Reuters) – O cardeal de Portugal José Pilicarpo alertou as moças da nação predominantemente católica contra o casamento com mulçumanos.

“O conselho que eu dou para as jovens portuguesas é que sejam cuidadosas nos relacionamentos, pensem duas vezes antes de se casarem com mulçumanos”, disse o patriarca de Lisboa.

(…)

O Vaticano desaconselha mulheres católicas a se casarem com mulçumanos e Policarpo repetiu essa posição.

(…)

[http://www.multivita.com.br/niu/show.phtml?url=http%3A%2F%2Fbr.reuters.com]

CASAMENTO

Como pode a igreja dar tal conselho? Como pode um sacerdote imiscuir-se em um assunto que não lhe diz respeito? Onde está a liberdade? Onde está o direito de escolha da mulher na busca de seu companheiro?

Esta determinação ou aconselhamento, além de ferir o direito de escolha do indivíduo, promove a desconfiança e a intolerância entre as pessoas.
Se Deus nos concede o livre arbítrio, quem somos nós, reles mortais para irmos contra a s suas leis.
Ante disparates como este, só nos reta pedir: “ Deus tenha piedade de nós”.

MANHÃ LILÁS

                                                                     MANHÃ LILÁS

MANHÃ LILÁS (Autoria:SÔNIA MOURA)

Eu te amo assim – por inteiro
Escondo-me nos mistérios do teu corpo
Revelo-me na beleza de tu’alma
Alço vôos de pássaro, cultivo teus canteiros
Sou bandeirante, desbravo teus caminhos
Curvo-me extasiada ante a paz de teus carinhos

Quando estamos sozinhos em nosso ninho
Invocamos Cupido para o nosso quarto
Somos borboletas, somos feras, somos anjos
Criamos uma orgia santa,
Servimos um banquete
Recriamos a festa de Babete
E, multiplicados em nós,
Saboreamos as loucuras
que o amor nos traz,
nesta manhã lilás!

(Você me disse baixinho: “o amor não tem hora para acontecer.” E sorriu pra mim.)

(Do livro: Entre Beijos e Vinhos de Sônia Moura)

(IN)Justiça

(IN) JUSTIÇA

Mesmo que neguem a história ou parte dela, “contra fatos, não há argumentos”, eis uma parte da história do Dr. Hamilton Naki. Ao lê-la, percebemos o quanto precisamos evoluir no campo espiritual.

Rica-pobre humanidade que é, ao mesmo tempo, agraciada com a genialidade do Dr. Naki e, por outro lado, pensa que um imbecil apartheid conseguiria apagar o brilho de um gênio, cuja luz transcendeu a todo preconceito e ignorância espiritual e brilhou… brilhou… brilhou… e brilhará sempre!

genio

Hamilton Naki: o gênio esquecido [por Sheila Machado]Segregação escondeu sul-africano negro, autodidata, que ajudou o cirurgião Christiaan Barnard a realizar o 1º transplante de coração da história,que foi realizado na África do Sul, em 3 de dezembro de 1967.
Em pleno apartheid – o regime segregacionista branco que oprimia os negros – o cirurgião Christiaan Barnard ganhou fama por conduzir a histórica equipe da qual, surpreendentemente, um negro fazia parte.
Hamilton Naki ajudou a retirar o coração da doadora, Denise Darvall, e preparou-o para ser transplantado no peito de Louis Washkansky. A história permaneceu secreta por 24 anos e ainda guarda detalhes contraditórios, após a morte de Naki, em 29 de maio de 2005.

(…)

A verdade só começou a aparecer em 1991 – um ano depois do fim do regime –, quando o próprio Barnard contou para um cineasta que havia pedido ao hospital que Naki integrasse a equipe. Mesmo sendo proibido oficialmente, a Universidade da Cidade do Cabo e a direção da clínica permitiram. O cirurgião estava encantado com a habilidade do negro com o bisturi, após anos de prática em transplante em animais – estudo para o ato cardíaco.

Mas Naki não tinha estudado Medicina, nem podia trabalhar no centro cirúrgico. No apartheid, negros eram proibidos de tocar o corpo ou o sangue de brancos. O “jardineiro” passou a receber salário de assistente de laboratório – o máximo permitido para um negro, sem diploma.

(…)

O que não deixa de ser uma correção histórica. Na noite do transplante, enquanto Barnard recebia os louros, Naki foi para casa – sem luz e água corrente – no gueto de Langa. E ficou quieto ao ler nos jornais as repercussões do avanço científico que ajudou a impulsionar. Mas sem reclamar.

– Temos que aceitar aqueles dias, não tinha outro jeito. Era a lei desta terra – afirmou, já na década de 90.

Em reconhecimento, anos após o fim do apartheid (em 1990), Naki recebeu a Ordem de Mapungubwe, a mais importante honraria da África do Sul. E pouco tempo antes de sua morte, em 29 de maio, um diploma honorário de Medicina.

A sala do hospital Groote Schuur onde foi realizado o transplante se tornou um museu. E exibe a foto de Hamilton Naki, a quem os nativos consideram um herói.
http://jbonline.terra.com.br/jb/internacional

FELICIDADE

Felicidade (Autoria: Sônia Moura)

“Ser feliz é tudo que se quer…”


Há dias, este verso da bela canção, intitulada “Paixão”, de Kleiton e Kledir, não sai da minha cabeça e martela, com suavidade, a minha vontade multiplicada neste início de 2009.

Talvez alguém envie a sugestão para que Freud e outros sejam conclamados para explicar esta insistente visita a meus pensamentos deste verso singelo, mas profundo: “Ser feliz é tudo que se quer…”.

Não creio que seja preciso incomodar os psicólogos, filósofos, cardeais e os reis e rainhas.

Escutemos somente a voz dos poetas e deixemos em paz os doutores das leis, das ciências, das teologias e os reis e rainhas, pois…

“Ser feliz é tudo que se quer…”

Felicidade