BARUCH SPINOZA ou… filosofando III

 BARUCH SPINOZA ou… filosofando III

BARUCH SPINOZA  ou… filosofando III  (Autoria: Sônia Moura)

 

A filosofia de Baruch Spinoza baseia-se na conservação do ser e do seu lugar no mundo. Spinoza nos apresenta uma “ética do consigo mesmo, o auto cuidado consigo , o zelar por si mesmo”.

Outro fator importante na concepção deste filósofo é que a ética está ligada ao entendimento, e a moral “trabalha” com a obediência.

Não há fora, logo não há transcendência , há imanência, tudo está dentro de um sistema, que corresponde à totalidade, potência infinita , a qual Baruch chama Deus.

A imanência não duplica a realidade, está num plano uno: corpo e alma, corpo e pensamento, pois estes, para ele, são indissociáveis, enquanto o homem é dominado pelas paixões (afecções).

A ética do “conduzir-se a si mesmo”, fazer escolhas associa-se à questão da virtude, à possibilidade do relacionar-se, fazer composições, buscar a alegria, ou seja, construir o seu destino, fugir da busca do ideal.

Assim, a filosofia do “homem que polia lentes” nos ajuda a ver o mundo com outros olhos, mostrando-nos que é preciso saber usufruir da liberdade, desvencilhar-se das opiniões externas, do senso comum, dos sentimentos e das sensações para que se encontre (e se viva) em paz e na alegria, no amor, pois este é o poder: conhecer-se e contemplar-se pela potência de “poder ser”.

Assim sendo, tanto Nietzsche, quanto  Spinoza nos mostram que o conhecimento e a razão, se bem assimilados e aplicados seus conceitos essenciais, nos colocam junto à ética, dissolvendo a moral.

 

(Fragmento do trabalho criado e apresentado por Sônia Moura – UFF)

BARUCH SPINOZA ou… filosofando III

 

NIETZSCHE ou… filosofando II

 

 

NIETZSCHE ou… filosofando II

NIETZSCHE ou… filosofando II  (Autoria: Sônia Moura)

 

Para Nietzsche, moral é algo construído, não é algo natural, é próprio de cada sociedade, de cada cultura, logo, não existe uma moral única.

Segundo ele, a moral é criada por cânones “do deve” e “do não deve”; é contra a natureza, é contra os instintos, é co0ntra a razão.

A semiótica (denominada, aqui, a semiótica dos afetos), conjunto de signos que “fundam”, “criam” a moralidade, nos mostra que é através dos símbolos que se cria a oposição: bem x mal, polarização que leva o homem à culpa, ao ressentimento, ao arrependimento. (A oposição:  bem x mal é contestada por Nietzsche).

Nietzsche também nos mostra que precisamos sair da causalidade, da determinação e criar o novo, pois, para ele, o novo é o poder de modificar, de alterar uma estrutura.

Para este filósofo, existem duas morais: a do senhor e a do escravo. A moral do senhor é a que manda, determina valores, que não se deixa levar por aquilo que é imposto; e a moral do escravo é a que obedece, que se deixa oprimir, é a que governa aquele que não tem opinião.

 

Mas, se o homem é dotado de vontade de potência, por que se submeter? Por que repetirmos hábitos e costumes? Portanto, não adianta esperar, querer que as coisas venham mudar por si mesmas, é preciso querer e agir, isto é, exercer sua vontade de potência.

O estabelecido é cômodo, por isto as morais se estabelecem, se firmam, determinam condutas, separam “o vulgar e o raro”, “os senhores e os escravos”, servindo assim a muitos senhores, formando batalhões de escravos, porque, cabe a cada indivíduo fazer valer a sua força, a sua vontade potência.

 Então, embalados pelos versos de Geraldo Vandré, sigamos os ensinamentos de Nietzsche, pis:  *“Vem, vamos embora/ que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ não espera acontecer…”            [* Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores (Geraldo Vandré)]

 (Trabalho apresentado na UFF- 2003 – fragmentos)

 NIETZSCHE ou… filosofando II

 

 

 

EPICURO ou … filosando I

 Epicuro ou … silosofando I

EPICURO ou … fiosando I  (Autoria: Sônia Moura)

 

A existência do homem e sua emancipação são elementos Em destaque na conceituação filosófica de Epicuro. Propondo aliar razão iluminadora e amor à humanidade, Epicuro no“Jardim das Delícias”, ensinava a seus discípulos que o prazer é o bem máximo.

A lição maior de Epicuro está centrada no prazer e na alegria, porque esta é a vocação natural do homem, esta é, para ele, a verdadeira ÉTICA.

A  ética de Epicuro se torna atual à medida que sua filosofia está baseada no esclarecimento . Naquela época, assim como na atualidade, as pessoas viviam/vivem dominadas por temores e crendices, os quais impediam/impedem às mesmas de encontrarem a FELICIDADE.

A crítica social, política e religiosa de Epicuro parece falar ao nosso tempo, pois continuamos a imitar valores, a viver na alienação e, continuamos também, imersos em crendices.

Outro ponto importante e muito atual na filososfia epicurista é o que fala sobre o DESEJO, que não é nada mais que “uma imposição social, em seu aparente progresso”, como diz Epicuro.

 

(UFF 2003 – Parte do trabalho apresentado por Sônia Moura)

 

                                                                                   Epicuro ou … silosofando I

POEMAS DE AMOR

 poemas de amor

POEMAS DE AMOR  (um quase, quase ensaio)

(Autoria: SÔNIA MOURA)

Em uma revista, que trata de assuntos relacionados à Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, leio um artigo, que se inicia assim: “Existem poemas de amor? Que classificação é essa, de onde saiu?/ Possivelmente da designação “poesia lírico-amorosa…”*

Com todo o respeito ao qual faz jus o professor, autor do artigo, entendo que o professor não está escrevendo para leigos e, portanto, o seu discurso nos remete a questões teoricas, portanto, modesta  e respeitosamente,  permito-me discordar, em um ponto, do eminente professor, dizendo-lhe: – Sim, professor, para os corações apaixonados, existem poemas de amor.

Destituída de qualquer título e sem desprezar as questões acadêmicas, apenas para compactuar com o menino Cupido, defendo a seguinte proposta, nadinha acadêmica:

 Existem poemas de amor, sim, existem poemas (ou versos) que falam de amor e estes são assim denominados pelo gosto popular, pelo impulso dos jovens e/ou dos velhos corações apaixonados, que transferem seus sentimentos para os versos a que o poeta, sofridamente e com muito trabalho, deu forma e conteúdo por meio de  palavras, versos, estrofes, rimas, ritmo e (admitamos) sentimentos.

Então, o ser apaixonado transforma em “seus” os versos de outro e, impossibilitado que está de pensar, refletir, discutir qualquer assunto, muito menos as questões acadêmicas, (re)compõe sua história de amor e o momento especial que está vivendo, por meio do que o senso comum, o povão (e qualquer um que estiver apaixonado) chama de poema de amor.

Navegando no meio turbulento de palavras desconstruidas por metáforas, metonímias, hipérboles e sinestesias, entre outras figuras, o apaixonado, ignorando teoricamente todos méritos destas figuras, valoriza-as, porque as sente, uma vez que, palavras falando de  amor, são servidas ao leitor enamorado, numa bandeja de prata, e o amante as sente como a força maior que estrutura o “poema de amor”.

Depois, este ser, flutuando nos ares da paixão,  saboreia os versos que falam de amor, toma-os como seus,  além de, quem sabe, presenteá-los a outrem.

Enredado pela paixão, pelo amor e por não saber, por não querer e, principalmente,  por não poder envolver-se com teorias sobre o fazer poético, devorado pelo desejo da fantasia, o apaixonado constroi uma realidade, onde só cabem dois seres e um belo poema de amor, ou dois, ou três ou mil poemas.

Tudo vai depender do tempo de validade da paixão, é ela quem manda e mais ninguém, mais nada, nem mesmo a melhor de todas as teorias.

*LIMA, Roberto Sarmento. Língua Portuguesa.São Paulo: Escola Educacional – no. 20, 2009, pp. 34 a 39.

 poemas de amor

A Aventura dos Sonhos através dos tempos e dos eventos

I – A Aventura dos Sonhos através dos tempos e dos eventos  (por Sônia Moura)

Etimologicamente: Oniro (sonho); Mancia (adivinhação) – Oniromancia – Arte de predizer o futuro por meio da interpretação dos sonhos, arte esta praticada Desde os primórdios da humanidade, bruxos, sacerdotes e sacerdotisas pagãos e xamãs as têm utilizado para adivinhar o futuro, e na maioria das culturas, os Sonhos são vistos como o presságio em que melhor podemos confiar.

 Os sonhos e a história *os sonhos eram revelações dos deuses ou dos demônios; anunciavam o futuro; eram classificados como  verdadeiros ou falsos. Segundo mitologias gregas, o deus Hipnos seria a própria personificação do sono, e Oniro, a do sonho. Oneirocroticon: livro sobre sonhos escrito no século I a.C, pelo romano Artemídoro. Até meados do século XIX, os sonhos eram interpretados de acordo com os códigos das tradicionais “Chaves dos sonhos”, com a finalidade de prever o futuro.

 Sonhos e Filosofia – Para o filósofo Heráclito, o  mundo dos sonhos é individual e não é resultado de influências externas.

       Para Aristóteles, os sonhos são o reflexo do estado do corpo e podem ser usados pelos médicos para diagnosticar doenças; conceito este, reforçado  por Hipócrates, pai da medicina

       Santo Agostinho e São Jerônimo definiam os sonhos como eventos sobrenaturais e premonitórios.

 Sonhos e a Ciência- Uma definição científica:  o sonho é uma atividade mental que se repete todos os dias, normalmente enquanto dormimos.

 Sonhos e a Psicanálise FREUD: sonhos são desejos contidos; Freud também ressalta e privilegia a essência erótica dos sonhos; e ainda afirma que os sonhos também trazem para o sujeito sua própria realidade, pois, segundo ele,  só dormindo temos contato com o real.

      JUNG: a análise dos sonhos está associada à existência do inconsciente coletivo, dos símbolos e dos arquétipos. Os sonhos revelam os mais profundos desejos, mas não necessariamente estes estão ligados à sensualidade, à sexualidade ou ao erótico.

 Religiões

 TALMUD – sonhos contêm profecias; podem conter predições ou advertências; todos os sonhos contêm alguma coisa inverossímil.

BÍBLIA – em seus vários livros como Gênesis, Atos, Deuteronômio,  Salmos, encontramos sonhos e visões de profetas, entre eles:  Daniel, Jó, José, Samuel.

 ESPIRITISMO – sonhos podem ser  manifestação puramente cerebral; realização de desejo ou ser o desprendimento do espírito, em  atividades extra-corpóreas.

 SONHOS – algumas particularidades

 Os sonhos influenciam a nossa vida, mas também recebem influência dos dados do ambiente, são sensíveis a mudanças do meio e servem também como catapulta, pois podem nos auxiliar a compreender nossas vidas e iluminar planos futuros.

 *Sonhos ocorrem durante o sono REM (Rapid Eyes Moviment), é denominado como “sono paradoxal”. Este é o momento em que acontece intensa atividade registrada no eletroencefalograma (EEG); a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília e a atividade onírica é intensa. É durante essa fase do sono que é feita integração da atividade cotidiana, a separação do que é comum e do que é importante. O sono REM representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos.

 ·         Os sonhos são essenciais para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.

 * Sono NREM (ou não-REM) ocupa cerca de 75% do tempo do sono e divide-se em quatro períodos distintos conhecidos como estágios: estágio 1 – sonolência; *2 – dormir, não profundamente; 3 – sono intermediário; 4 – sono profundo, por cerca de quarenta minutos.

 *Ao dormir os sentidos “perdem-se” nesta ordem: visão, paladar, olfato, audição e tato. E “retornam”, na seguinte ordem: tato, audição, visão, paladar e olfato.

 Classificação dos Sonhos: proféticos e/ou divinatórios, de revelação, premonitórios, paranormais, arquetípicos,recorrentes ou de repetição,  lúcidos.

 Pesadelo

       Pode ter origem em algo real; ser provocado por mudanças não assimiladas, desejos não satisfeitos ou descobertas não muito felizes como qualquer outro sonho, pode estar relacionado ao passado de quem sonha.

 Por tudo que foi visto, cabe um alerta: Quem se dispõe a estudar os sonhos deve manter a mente sempre aberta.

 

 (Palestra proferida na Universidade Cândido Mendes – 2008)

                                             sonho

 

 

A LINGUAGEM E O ENSINO

A LINGUAGEM E O ENSINO

A LINGUAGEM E O ENSINO (Autoria:SÔNIA MOURA)

 

           Tomando como as principais correntes dos estudos lingüísticos,  a gramática tradicional, o estruturalismo e a lingüística da enunciação, podemos  definir a linguagem como expressão de pensamento, instrumento de comunicação, modo de interação e/ou representação artística, sem perder de vista o sujeito do discurso, as identidades individuais e/ou coletivas e as experiências culturais.

Ao colocarmos em destaque a linguagem, este sistema de signos que serve de meio de comunicação e para expressarmos sentimentos, seja ela formada por signos convencionais, visuais, sonoros, gráficos ou gestuais, signos estes que nos orientam e nos ajudam a distinguir as várias espécies de linguagem, das mais simples às mais complexas destacando, também, os elementos constitutivos da linguagem:  gestos, sinais, sons, símbolos,  palavras, usados na arte de representar, colocaremos em destaque a linguagem teatral, como prática pedagógica, através do embasamento técnico da linguagem teatral (preparação vocal e corporal, instrumentalização teórico-prática), criação estética (construção da personagem, movimentação cênica, procura da expressividade do texto); buscando entender quais são os recursos que são específicos do teatro e que favorecem um redimensionamento do homem em seu universo.

Desenvolveremos um estudo da arte, do homem e da sociedade desde os primórdios até nossos dias, para acompanharmos a mudança destes através dos tempos e entendermos como veio a realizar-se o desenraizamento, a fragmentação, a alienação do homem moderno e os reflexos disso na arte. Defendemos a idéia que há um potencial na linguagem teatral que ultrapassa a experiência existencial cotidiana e permite uma “re-ligação” com os outros, os grupos e a cultura a que pertence; refletimos sobre algumas experiências que desenvolvemos com o teatro voltado para a transformação da pessoa humana.

Discutir e expor a aplicação de uma proposta metodológica para o trabalho pedagógico, por meio da  linguagem teatral, focalizando de modo privilegiado o desenvolvimento cultural e  sinalizando a importância e o impacto positivo das práticas pedagógicas envolvendo a linguagem teatral em processos que apresentem  resultados que se distanciem da prática pedagógica tradicional, utilizando a linguagem artística na sala de aula.

           Como alcançar as significações, as recorrências, as metáforas, as elipses, as redundâncias e as ausências  que aparecem em textos teatrais, como relacionar o texto dramático com o  escrito e o representado, como conciliar o texto principal e o texto secundário e as formas de  ensino, especialmente o de língua e literatura?

           Sendo a arte um fenômeno comum a todas as culturas e a linguagem  o instrumento de ordenação da vida humana no tempo e no espaço, juntas deixaram a caverna e ganharam o mundo, multiplicaram-se desde os primeiros desenhos (linguagem em forma de arte ou arte em forma de linguagem?) e permitiram ao homem se relacionar com os eventos do mundo. Nasce a palavra escrita, sempre renovada e avassaladora, que servirá como suporte em campos artísticos ou científicos, garantindo-lhes, também, o registro. 

           O texto dramático, quando não representado, torna-se “inútil”e ambíguo, não pela forma ou pelo conteúdo, e sim, por não conseguir alcançar a estrutura sobreposta das significações, através da representação. Se a palavra em questão (o texto cênico) não  for absorvida, haverá exclusão e negação entre o texto escrito e o texto que deveria tornar-se representação. Negação e exclusão só se concretizam se não forem decompostas as virtualidades simbólicas incrustradas em cada texto, resultado de uma explicitação da arte, por intermédio linguagem poética e representativa.

           No teatro e na escola, cada fala apresentar-se-á situada entre alternativas de expressão esquemática, definida e ordenada, onde cada determinação corresponde a uma designação em cena ou a resultados do processo ensino-aprendizagem.

           Entrelaçados, os elementos essenciais e as diversas formas de linguagens, no teatro e na escola, sobem ao palco, no entanto, só a palavra se multiplica e se divide, porque o texto de teatro é “repartido” entre protagonistas, antagonistas, “pontas”, diretores, roteirista, iluminador, sonoplasta e  contra-regra. Destrona-se a palavra sem prescindir-lhe a importância, uma vez que  o texto principal  é somado a outro(s) textos. Há o roteiro, as marcações de cena, há o “story  board”, há o diálogo primordial  do texto e o diálogo paralelo ao texto teatral,  entre a direção e sua equipe. Deste modo, a fala é reinventada, e mais, este texto não será apenas lido, para se fazer valer deverá ser representado e sentido por uns e ouvido e sentido por outros, e mais ainda, contém as indicações cênicas (secundário) e esclarece a ação dos personagens (principal) e dá sentido a seus discursos;  permite a materialização do espetáculo (invisível e ilegível), e mais, muito mais, é um texto enriquecido pela notação afetiva, emocional, coloquial e de sensibilidade, por tudo isto e muito mais, o texto cênico é também conhecido como texto espetacular.    

           No teatro (no cinema, na televisão),  existe um texto nuclear que gera outros textos, poetizados pelo contexto dramático, às vezes estes textos são  criados por situações arbitrárias, que se potencializam por meio de diversos artifícios como a associação imagística nascida de estados sensório- visuais, por exemplo, pelo olhar que é lançado sobre uma  imagem do que  já está nomeado pelo autor do texto e que  pode ser modificado mediante uma ilação visionária do diretor, e desse  modo, ganhará uma nova expressão simbólica, acontecendo, então, a repoetização da palavra.

           A palavra nomeada dilata-se no texto dramático, num processo artesanal, com a finalidade de captar tudo aquilo que se quer expressar pela encenação teatral; a palavra é construída, reformulada e, depois de tanta lapidação, transforma-se em uma unidade: o texto dramático, ainda assim o texto não estará e nem será aprisionado, pois outras pessoas e/ou outros momentos poderão dar-lhe novos sentidos, novas aparências, mas o importante é que nunca lhe roubem a essência.

           Comunicar significa transmitir conceitos e o texto de sala de aula une a forma especial de linguagem: conceitua, registra, expressa a vida, sentimentos, permite vivenciamentos e experimentações, pode ser apenas lido, pode também ser falado ou representado, e a palavra escrita ou falada em sala de aula deve ser decodificada por sua platéia (alunos) para que o professor realmente cumpra o seu papel. A palavra  deve ainda estabelecer uma relação significativa e  fundamental entre  códigos, símbolos  e o texto e entre o professor e o aluno.

           Através dos meandros da linguagem, o professor multiplica, revê,  revisiona, depura a palavra, expõe e confronta linguagens, tirando o máximo que ela possa exprimir, quando necessário, espreme-a,  tira-lhe o sumo, pois sabe que a palavra é capaz de se recompor, para, numa próxima aula, voltar como fruto amadurecido, cheio de sabores e de cores, a escorrer lentamente pela boca do professor. É  preciso cativar a platéia.

           A linguagem teatral será o suporte e o espelho ambíguo através do qual o binômio ensino- aprendizagem se transfere do professor para o aluno e vice-versa. A palavra sem dono, astuta, aguçará a imaginação do aluno, e o professor sabe que sua aventura e a do aluno se dá, na maioria das vezes,  por intermédio da palavra. O texto ancorado deve ser inseparável do modo como ambos se entregam e, certamente,  o sucesso deste processo muito dependerá de como o professor se comunica com a turma.

           Esta ambígua liberdade e este duplo aprisionamento  da palavra, pelo professor e pelo aluno, defendem sua autenticidade em cada aula ministrada e a palavra  renasce tal qual Phoenix, para que o texto didático reproduza  o brilho de seu sentido total, para,  unida ao gesto, às expressões, à encenação do professor, ligar emoções (professor/aluno) e, então,  ambos partilharão deste banquete, degustando palavras visíveis ou invisíveis, “legíveis e ilegíveis”, numa tentativa de se (re)adquirir realidades e fantasias, minimizando ou maximizando vozes, descentralizando vozes individuais; destaca-se a palavra reveladora e desveladora, a palavra do aluno e para o aluno,  acopalada à palavra do ator, do diretor e do professor.

M…. PRA VOCÊS! Esta expressão, particularizada por grupos artísticos, especialmente os grupos  de  teatro, é uma representação textual e  simbólica, portanto, quando  inserida em área contextualizada e dentro de um  campo associativo, sua  significação se mostra com clareza no interior do grupo, embora haja  uma transfiguração semântica fantástica, envolvendo-a. Os espetáculos vão começar, recomeçar  ou vão continuar, e o que podemos desejar a todos é …  M…. PRA VOCÊS!

 

(UFF – 2006 – apresentado por SÔNIA MOURA)

 

REAL FICCIONALIZADO

real ficcionaizado

REAL FICCIONALIZADO (Autoria: SÔNIA MOURA)

Na acepção clássica da palavra, os sentidos e formas de representação ou de reapresentação do real exibem-se de modo bem variado: como escola literária, como concepção global de vida e literatura; como representação horizontal e vertical do mundo; como representação social, abarcando o verdadeiro e o verossímil; como realidade esteticamente transfigurada- o real recriado; como transcendência de outras realidades – o real histórico, o real verbal; o real mental – consciente ou inconsciente; o real confessional e o real virtual.

Deste modo, ao desdobrar inquietações e reflexões constantes sobre a circular viagem do real, através da narrativa romanesca, em que se destacam elementos contextualizadores do romance histórico, o narrador distribui, ao longo do texto: ficção e factuação, sequestrando o real e tornando-o refém dentro da sua escolha narrativa.

E é deste uso que o narrador faz do real que autor, leitor e narrativa se alimentam e dão voz ao texto, fazendo desabrochar o prazer e a fruição do texto, seguindo a defesa de Barthes, que diz: o prazer é dizível, a fruição não o é.”. 

Por sua natureza constitutiva, o romance denominado histórico é uma narrativa ficcional, composta por um real representativo de uma verdade criativa, nascida do culturalmente vivenciado e outro real que retoma uma verdade histórica.

Deste modo, a inclusão do real ficcional, juntamente com o real informacional dissimulado, dá sustentação ao real histórico vivificado, para que seja feita a construção dos eventos textuais e dos múltiplos sentidos da realidade. Aliada a esta inclusão, a seleção dos acontecimentos e a interferência do narrador nos registros da história são uma tentativa de ajudar o leitor a ancorar o real pluralizado, o qual circulará entre a ficção e a factuação.

Compreendida como multiplicidade discursiva dimensionada, esta modalidade narrativa nos apresenta um real amplo e ambíguo, em que as formas narrativas fazem uso dos vários sentidos e formas de representação do real para com ele se conectarem e para verbalizarem o mundo, enquanto as construções linguísticas capturam o real, sem imobilizá-lo, para que a acumulação de seu valor: duvidoso, incerto, provável, mutável, transitório e móvel – se confirme.

No romance histórico, a ancoragem do real se dá, quando, no momento da leitura, a linguagem traz subjetividades que, para o leitor, tornam-se reais e estas ganham ares de objetividade.

E, é este fato que promove o diálogo-leitura entre personagens, narrador, os fatos históricos e as artimanhas ficcionais, atando as pontas de tempos e espaços, tanto no patamar da narrativa, quanto no ambiente social do leitor, confirmando o que nos ensinam Berger e Luckmann: “Meus próprios significados subjetivos tornam-se objetiva e continuamente alcançáveis por mim e “ ipso facto” passam a ser “mais reais” para mim.” desta forma, como no decorrer de um diálogo, de uma conversa, tudo que é descrito e (re)recriado torna-se real para quem fala, para quem ouve ou para quem lê.

( Sônia Moura– UNIVESDIDADE FEDERAL FLUMINENSE  – 2007 – [fragmento])

EAD – [Re]Construção, Motivação e Manutenção

 EAD - [Re]Construção, Motivação e Manutenção

EAD – [Re]Construção, Motivação e Manutenção

(Autoria: SÔNIA MOURA)

 

Após absorvermos considerações teóricas sobre os elementos articuladores – [Re]Construção, Motivação e Manutenção –por meio de pesquisas, de práticas de ensino e de diversos usos que se pode fazer com estes três elementos basilares da educação, esperamos encontrar formas de buscarmos caminhos que levem ao entendimento e ao esclarecimento de como o ensino pode ser transmitido e quais obstáculos deverão ser transpostos,  para alcançarmos os principais objetivos do processo ensino-aprendizagem.

 

Alojadas no bojo das conceituações teóricas, as questões em destaque nos incitam a enxergar melhor as práticas pedagógicas e apontam para matrizes conceituais por onde estas práticas circulam e, deste modo,  promovem ligaduras indissolúveis entre o universo ensino – aprendizagem e entre aqueles que neste campo transitam.

 

Por isto, consideramos importante a investigação de projeções teóricas sobre práticas educacionais, uma vez que é impossível ignorar-se o entroncamento entre estes três pilares: [Re]Construção, Motivação e Manutenção, em relação às estratégias adotadas para o bom desenvolvimento do ensino, aqui especialmente voltadas para o ensino a distância (EAD).

 

Muitas vezes consideradas díspares, teoria e prática fomentam conflitos e consensos, isto ocorre pelo distanciamento criado entre ambas, por meio de realidades factuais que acabam por se transformar em realidades ficcionais em nosso sistema de ensino e também no âmbito sócio-profissional, onde raízes profundas de paradigmas antiquados, insistem em permanecer.

 

É o estudo da correlação entre teoria e prática, que nos permitirá certamente, entender melhor a possível efetivação dialogal entre a teoria e a prática, uma vez que, pela abordagem do ensino a distância, como método desafiador, assim, possivelmente barreiras deverão ser derrubadas por nós, seja no papel de alunos ou de tutores.

 

Ao defender a proposta de que a educação deve ser permanente e integradora, Bertrand Schwartz assim a define “a integração de atos educativos num verdadeiro ‘continuum’ no tempo e no espaço, pela conjugação de um conjunto de meios (institucionais, materiais, humanos) que tornam essa integração possível.” . A integração de que nos fala Schwartz refere-se a todos os modos e meios por intermédio dos quais a educação e/ou o ensino podem realizar-se.

 

Partindo-se de conceitos como este, verifica-se que o ensino a distância é um grande partícipe na educação permanente e continuada, uma vez que sua estrutura funcional permite flexibilidades e a autoformação supervisionada, entre outros, portanto o ensino a distância mostra ser um caminho seguro para aqueles que desejam manter-se atualizados e ambicionem desenvolver novas potencialidades, provendo necessidades da atualização contínua de conhecimentos no campo social e profissional.

 

(Trabalho apresentado à Fundação Getúlio Vargas)

ARTE e FATOS – componentes narrativos

 arte e fatos - componentes narrrativos

ARTE e FATOS – COMPONENTES NARRATIVOS
(Autoria: SÔNIA MOURA)

 

Apesar de somente à Literatura ser atribuído o poder “divino” da arte, e, no dizer de Umberto Eco, ser a Literatura quase uma religião, enquanto para Paul Ricoeur à História caiba o papel de conferir uma ordem ao passado, ordem essa dada expressamente pela teoria, a narrativa literária e a narrativa histórica têm funções coletivas, representadas pela língua, pela questão da identidade, pela aceitação ou recusa ao que é narrado.

Desse modo, admitindo-se que o narrador ficcional produz seus textos sem ter como referência imediata, obrigatória, o que aí está, pois sua narrativa não se obriga a reduplicar o referencial e nem se propõe a espelhar a realidade como algo construído, por outro lado o discurso do historiador, também um narrador, busca reproduzir fatos, recontar a realidade, falar do mundo pré-existente, propondo-se a descrever o que é “palpável”, o que se considera realidade.

Então, sem correr o risco de fazer com que essas duas narrativas pareçam ser reedições umas das outras, por apresentarem particularidades e especificidades muito próximas, o que se pode deduzir é que os discursos da História e da Literatura são a reprodução de verdades paralelas, uma vez que o que se pode observar é que tanto a Literatura quanto a História são propagadores de vivências e de experiências de um grupo.

Em torno das conexões entre a narrativa histórica e a narrativa literária e dos desafios teóricos e metodológicos que compõem essas formas discursivas, ambas categorizadas como representações que registram significados da realidade, destaca-se que tanto a narrativa histórica quanto a narrativa literária são manifestações culturais; portanto, são uma possibilidade de registro do movimento que realiza o homem na sua historicidade, seus anseios e suas visões do mundo.

Enfim, a retomada dos fatos, tanto pela narrativa ficcional, quanto pela narrativa factual, nos mostra que ambas as formas narrativas exercem a função educativa, quando nos ensinam a lidar com a realidade, uma vez que são modelos de vida e espalham valores, pois ambas são construídas por meio de arte e de fatos.

ORÁCULOS – parte II

                                      Oráculos - parte II

ORÁCULOS parte II (Autoria: Sônia Moura)
Filosofia
Em alguns templos, a filosofia foi praticada e encorajada, assim, alguns lemas filosóficos, entre eles, “nada demais” – inculcando a medida e rejeitando o excesso; e “conhece-te a ti mesmo”- ensinando a importância da autonomia na busca da verdade, foram adotados.KAYROS – expressa o tempo de Deus. Tempo este que não pode ser dimensionado pelo homem, não é quantificado, como o cronos e cuja importância é maior para Deus, que para nós. É um tempo onde as coisas acontecem, um tempo de oportunidades e de qualidade.

Outras formas divinatórias:
Profecias na religião cristã, astrologia, leitura de mãos (quirologia, quiromancia), gnósticos que leiam as auras das pessoas (Kirlian), tarô ou jogo de cartas, tábua ouija, visualizações com elementais, jogo de búzios, numerologia, i-ching, horóscopo, jogo de runas, grafologia, cafeomancia, cleromancia e outras tantas.

No mundo contemporâneo, os Oráculos passaram a adquirir não só qualidades preventivas, mas também se tornaram grandes “terapeutas” holísticos, uma vez que o homem moderno parece estar cada vez mais carente de repertório e valores.

O que buscamos nos oráculos?
Podemos entender esta busca como autoconhecimento, através do contato com o inconsciente; como uma (re) conexão com o divino ou mesmo com a nossa alma. Seja qual for a escolha, lembremo-nos de que os oráculos apenas evidenciam o melhor caminho a ser tomado, sem com isso, definir destinos.

*Palestra proferida na Universidade Cândido Mendes em 2008.*

Oráculos - parte II