POEMAS DE AMOR

 poemas de amor

POEMAS DE AMOR  (um quase, quase ensaio)

(Autoria: SÔNIA MOURA)

Em uma revista, que trata de assuntos relacionados à Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, leio um artigo, que se inicia assim: “Existem poemas de amor? Que classificação é essa, de onde saiu?/ Possivelmente da designação “poesia lírico-amorosa…”*

Com todo o respeito ao qual faz jus o professor, autor do artigo, entendo que o professor não está escrevendo para leigos e, portanto, o seu discurso nos remete a questões teoricas, portanto, modesta  e respeitosamente,  permito-me discordar, em um ponto, do eminente professor, dizendo-lhe: – Sim, professor, para os corações apaixonados, existem poemas de amor.

Destituída de qualquer título e sem desprezar as questões acadêmicas, apenas para compactuar com o menino Cupido, defendo a seguinte proposta, nadinha acadêmica:

 Existem poemas de amor, sim, existem poemas (ou versos) que falam de amor e estes são assim denominados pelo gosto popular, pelo impulso dos jovens e/ou dos velhos corações apaixonados, que transferem seus sentimentos para os versos a que o poeta, sofridamente e com muito trabalho, deu forma e conteúdo por meio de  palavras, versos, estrofes, rimas, ritmo e (admitamos) sentimentos.

Então, o ser apaixonado transforma em “seus” os versos de outro e, impossibilitado que está de pensar, refletir, discutir qualquer assunto, muito menos as questões acadêmicas, (re)compõe sua história de amor e o momento especial que está vivendo, por meio do que o senso comum, o povão (e qualquer um que estiver apaixonado) chama de poema de amor.

Navegando no meio turbulento de palavras desconstruidas por metáforas, metonímias, hipérboles e sinestesias, entre outras figuras, o apaixonado, ignorando teoricamente todos méritos destas figuras, valoriza-as, porque as sente, uma vez que, palavras falando de  amor, são servidas ao leitor enamorado, numa bandeja de prata, e o amante as sente como a força maior que estrutura o “poema de amor”.

Depois, este ser, flutuando nos ares da paixão,  saboreia os versos que falam de amor, toma-os como seus,  além de, quem sabe, presenteá-los a outrem.

Enredado pela paixão, pelo amor e por não saber, por não querer e, principalmente,  por não poder envolver-se com teorias sobre o fazer poético, devorado pelo desejo da fantasia, o apaixonado constroi uma realidade, onde só cabem dois seres e um belo poema de amor, ou dois, ou três ou mil poemas.

Tudo vai depender do tempo de validade da paixão, é ela quem manda e mais ninguém, mais nada, nem mesmo a melhor de todas as teorias.

*LIMA, Roberto Sarmento. Língua Portuguesa.São Paulo: Escola Educacional – no. 20, 2009, pp. 34 a 39.

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