FRATURA EXPOSTA

recém-nascido

FRATURA EXPOSTA

Assistindo a um programa sobre nascimentos, não sabia se ria ou se chorava, pois na hora que o bebê foi retirado da barriga de mamãe por meio de uma cesariana, colocaram aquela tarja preta no bilauzinho do recém chegado ao mundo. Sei que era um menino, pois o narrador disse: -É um menino!

Acho que se fosse uma menina haveria duas tarjas uma delas iria para os “seios” e a outra, já se sabe.

Tarja Preta

Claro que não era um programa tupiniquim, e sim, da América lá de cima.

De fato, não consigo entender: será esta uma questão legal? Não lhes é permitido mostrar sequer o órgão genital de um recém-nascido? Será receio dos famigerados processos legais que, quase sempre, redundam em somas vultosas para quem perde a ação? Ou estará esta atitude ligada a questões religiosas? Ou ainda, será por conta de pressões feitas por grupos extremistas?

Não sei a resposta, mas, sinto que há algo muito errado nesta história, para mim, soa como uma grande fratura exposta, que foi plantada na estrutura social, refletindo-se em comportamentos e em pensamentos desconjuntados, a rasgar o tecido social, fazendo-o sangrar. Neste caso, existe, ainda, o risco de uma infecção social, que poderá levar à morte da espontaneidade, da inocência e do prazer de se ver o natural.

TATUAGEM

tatuagem

TATUAGEM

(Autoria: Sônia Moura)

Seu olhar pousado no beiral do meu olhar

Era um beija-flor a sugar dos meus olhos o amor

De sua boca saía um som melodiosamente manso

Tal qual um canto divino a me acarinhar

Sua mão a beijar-me a pele, fazia-me tremer

E, enquanto acalmava a paz do meu querer,

Deslizava em meu corpo como um rio lento,

No qual eu mergulhava sem nada temer

O seu corpo parcialmente esparramado sobre o meu

Dava a certeza da eterna proteção

Ainda hoje aquele som não sai dos meus ouvidos

É o som do final tão esperado

Louco, sussurrado, rouco e desejado

Trazendo a mim o calor de suas entranhas

Ainda presas em mim com força tamanha

Capaz de me arrebatar e me arremessar em sonhos

Para qualquer lugar deste mundo ou do infinito

Para depois voltar no meio das lembranças

Dos abraços e dos corpos suados, largados sobre a cama

E nesta imagem guardada se pode ver que

Cada corpo tem a alma do amado em si tatuado

(Do livro: POEMÁGICAS de Sônia Moura)

Justiça

Traição

Justiça

Jornais e emissoras de rádio e tv noticiaram que os juízes decretaram: R$200.000,00 para o primeiro, R$15.000,00 para o segundo  e R$7.000,00 para o terceiro.

Estamos falando de notícias que nos informam sobre decisões judiciais, por meio das quais, maridos traídos ganharam as causas contra suas ex-mulheres e a eles foi garantido, judicialmente, o ganho de indenizações.

Não vamos discutir a essência desta complexa questão, mas, com certeza absoluta, podemos afirmar que, se todos os homens que traem ou já traíram suas mulheres fossem obrigados a indenizá-las…hummm… sei não!Será que ainda haveria alguma reserva nos bancos brasileiros ou o país teria falido?

DESABAFO

 OLHAR

DESABAFO

               [Autoria: SÔNIA MOURA]

Só agora neste novo encontro

Vejo que sempre te amei, mesmo à distância,

Em meus sonhos e em meus pensamentos

Amei-te de todas as maneiras

Descubro isto agora…

Parece brincadeira

Que mundo louco, cheio de maldade

Depois de tanto tempo, revelo-me em teus braços

E tu me vês plena, fêmea, inteira

Descobres isto agora…

Parece brincadeira

                                   (Quinta – feira, madrugada)

[Do livro: ENTRE BEIJOS E VINHOS de SÔNIA MOURA]

MÃE

 Mãe

MÃE  (AUTORIA: Sônia Moura

Para mim, todas as mães são guerreiras, heroínas, fadas e bruxas porque somente elas são capazes de proezas, habilitadas que são pelo poder de sua  magnitude e magnanimidade.
O poder das mães é o único que  fortalece o outro, pois o seu desejo de vitória, de felicidade e de paz  está atrelado ao desejo do seu fruto bendito. Seu desejo é  vê-lo vencer todas as batalhas da vida.

Ela é guerreira quando nos mostra que a luta existe é precisamos estar preparados para todas as batalhas, mas, se não tivermos ou se fraquejarmos, podemos contar cm sua experiência, carinho e apoio.

Ela é heroína quando enfrenta todas as tempestades para nos proteger por um bom tempo ou pelo tempo que for preciso, lutará certamente com todo tipo de monstro, aprenderá a voar, a brigar para nos defender.

Ela é fada quando nos conta históriasque podem ser apenas contos de fadas ou histórias da da vida “real”, deixando- nos, como legado, todas as suas vivências.

Ela é bruxa quando, ao adivinhar nossos pensamentos antes de qualquer um, detecta se estamos alegres, tristes ou com algum problema e com suas poções mágicas de carinho alivia nossas dores.

Enfim MÃE é mesmo esta mistura que enriquece nossas vidas, para todo sempre!

Invasão

FomeMianmar ainda rejeita avião com ajuda dos EUA, diz diplomata
Por Aung Hla Tun – quinta-feira, 8 de maio de 2008

YANGON (Reuters) – Os Estados Unidos continuam esperando a aprovação de Mianmar para começar a enviar ajuda em aviões militares às vítimas do ciclone Nargis, disse na quinta-feira o embaixador norte-americano em Bangcoc, Eric John.

“Hoje de manhã, nós e nossos aliados tailandeses achamos que havia uma decisão da liderança birmanesa de permitir a entrada do [cargueiro] C-130. Por enquanto não temos tal decisão”, afirmou ele em entrevista coletiva.”Não temos permissão ainda para que o C-130 entre, mas enfatizo o ‘ainda”‘, acrescentou.”
(http://br.reuters.com/article/worldNews/ – via – www.niu.com.br)

Muitos, muitos mortos. Fome, miséria, doenças. Tristeza! Tristeza!

Enquanto isto, a intransigência dos que governam Miamar não permitindo (ou aceitando) ajuda externa, só serve para complicar ainda mais a situação, deixando, assim, que inocentes morram à míngua.

Agora a pergunta que não quer calar:

Se invadiram o Iraque com propósitos tão “nobres”, não era a hora de os donos do mundo  “ invadirem” para salvar vidas?

O Infiltrado

Infiltrado

[por Sônia Moura, em 07/05/2008]

Aproveitador que só, de jeito nenhum ele iria perder a oportunidade de levar alguma vantagem, naquele período de ditadura.

Gostava da direita? Acreditava que a esquerda estava certa? Tanto fazia, ele queria mesmo é levar vantagem, quem desse mais, levaria o seu passe.

Estudou os dois lados e logo viu quem estava vencendo, naquele momento.

Ofereceu-se, insinuou-se, delatou e, finalmente, foi aceito como espião, estaria infiltrado entre os “rebeldes” e deveria entregar nomes, atos e lugares às autoridades competentes.

Seu codinome? Azul – rei, por isto deveria trazer tatuado no corpo uma ave com um dos olhos igual a uma conta, pintada com a mesma cor do codinome. Assim foi feito.

Delatou, inventou, prejudicou.

Um dia, mudaram o comando do Leste e para lá foi indicado um desafeto seu, cuja mulher entregou-se ao agora infiltrado, deixando o militar numa tristeza infinda. O desafeto traído era, agora, o comandante daquela divisão.

O comandante fingiu não saber que ele era o infiltrado Azul-rei. Tratou-o como subversivo, deixou-o a pão e água, submeteu-o a interrogatórios crudelíssimos, debaixo de muita pancada e tortura.

Ao final, pediu desculpas, mas Azul-rei já estava completamente desorientado, vivia olhando para o braço onde estava tatuada a sua marca de infiltrado, um corvo com olhos diferenciados: o da esquerda parecia uma conta cinzenta, o da direita era a mais perfeita conta azul- rei.

Nada lucrou, só levou da vida ressentimentos, e, pouco tempo depois, morreu.

Queria ser rei de qualquer jeito, foi apenas vassalo.

“Ser infeliz”, este era o seu código!

(Do livro CONTOS E CONTAS, de SÔNIA MOURA)

FENDA

Fenda

 [por Sônia Moura, em 03 de maio de 2008]

O sucesso, a fama e o poder são fortes, muito fortes e é esta força que, quase sempre, encaminha os incautos a pisarem em terrenos perigosos, caminhos tortuosos, becos escuros, quartos inseguros e salas repletas de tapetes com pontas levantadas e corredores estreitos com obstáculos espalhados pelo chão.

Assim é que os pobres seres alçados à glória instantânea se vêem jogados a feras famintas, a vampiros sedentos e a comandos inescrupulosos que lhes querem devorar a alma, enquanto comprimem seus cérebros, anulando sua capacidade de raciocinar, pensar e decidir. Deste modo, tudo mais seráenvolvido e realçado pelo luxo, pelo glamour, pelas luzes da ribalta, por flashes vorazes e por todas as facilidades que o dinheiro possa lhes oferecer.

Ao longo da caminhada luxuosa, feita por aposentos dos castelos de areia, estes pobres indivíduos ricos se sentem vazios, abandonados e passam a viver os eternos dilemas dos famosos e endinheirados: -“- Será que ela/ele me ama ou ama o meu dinheiro, minha fama? “- Ele é meu amigo?/ Ela é minha amiga ou pretende aparecer na mídia?” E por aí vai…até que o tédio e a solidão do sucesso tomem conta do pobre menino rico ou da pobre menina rica, uma vez que estes, geralmente, nã estão preparados para entrar na seleta “sala vip da fama”.

Tudo isto porque ninguém lhes disse que existe uma fenda na sala vip da fama, e, neste luxuoso dique que pode se romper a qualquer momento,  as drogas, as loucuras, os exageros e os aproveitadores estão a espionar estas criaturas deslumbradas e perdidas em meio a montanhas de dólares ou dentro de seus carros majestosos, enquanto, por outras fendas, a mídia os observa de forma atenta e impiedosa, pronta para lhes dar o bote certeiro.

Então… em algum momento, a fenda se romperá de forma brutal e águas lodosas inundarão suas vidas.

A maioria absoluta dos pobres meninos ricos/meninas ricas será tragada pela inclemente correnteza de fatos, boatos e maldades arranjadas, neste mundo de fantasia que só lhes propagou as “caras”, ignorando por completo suas almas.

Por favor, “save their souls!”

(A um menino que morou em Bento Ribeiro, Rio de Janeiro.) 

RETROCESSO

MULHER

Como de costume, saía para sua caminhada matinal à beira mar. Ainda se fazia silêncio na cidade que, daqui a poucos minutos, iria deixar sair de suas entranhas barulhos de todos os tipos. O vai-e-vem já estava para começar, pernas apressadas, cabeças pensativas, olhos cheios de sono. Era a vida agitada a ocupar o seu lugar, enquanto a tranqüilidade iria descansar. Via esta cena praticamente todos os dias.
Embora àquela hora fosse fácil atravessar a Nossa Senhora de Copacabana, porque quase não havia carro transitando, ela ficou parada diante do sinal de trânsito, observando um casal do outro lado da rua.
Com um sorriso a la Monalisa, observava a difícil despedida do casal enamorado Eles estavam tão grudadinhos e davam um, dois, três, quatro e tantos beijos, despediam-se e voltavam a se abraçar.
Pensou em sua mocidade, ela também já vivera momentos assim.
Sua alma alegrou-se, por meio do retrocesso da memória e o sorriso alargou-se. Atravessou a rua; enquanto seu olhar atravessava a cena de cada beijo e sua mente fluía pelo túnel do tempo. Um tempo em que a felicidade era tão presente que ela sequer iria imaginar que, somente no futuro, iria dar tanto valor à felicidade do passado.
Já no outro lado da calçada, pode ver melhor a face da juventude enamorada, passou bem pertinho como se pudesse reviver aquele momento único.
Precisava seguir em frente, assim como o tempo. Olhou mais uma vez para trás e os pombinhos continuavam a arrulhar e a se beijar.
Viu quando outra mulher, mais ou menos com a sua idade, olhava o casal enamorado, mostrando também um sorriso de saudade estampado nos lábios.
Baixinho, disse adeus à cena, precisava continuar…

“Só Deus sabe o quanto eu te amei”

Coração

SÓ DEUS SABE O QUANTO EU TE AMEI

(AUTORIA: SÔNIA MOURA)

“Só Deus sabe o quanto eu te amei”
Onde mesmo ouvi esta frase?
Não me lembro mais.
Sei apenas que,
Ao ouvi-la, lembrei-me de você.

Amor que nunca se foi
Amado que ficou
Amante que guardei
Amigo que se perpetuou

“Só Deus sabe o quanto eu te amei.”
E só eu sei o quanto te amo
Desde sempre e para sempre
É, só eu sei e mais ninguém

Por isso
Não deixem o tempo passar,
Não deixem o amor escapar

Portanto
-Amem!

– Amém!

 (Do livro: POEMÁGICAS de SÔNIA MOURA)