NUANCES

                                                           Ausência

NUANCES (por SÔNIA MOURA)

Sob o título “O mundo maravilhoso da palavra intraduzível”, a revista Língua Portuguesa – Ano II – no. 31- Maio de 2008, traz um belíssimo artigo sobre algumas particularidades da língua, no que concerne às abordagens diversificadas de uma mesma realidade, quando, por exemplo, para um vocábulo (língua portuguesa), outros idiomas, por vezes, apresentam três ou mais palavras para identificar o que nós, falantes da língua portuguesa, fazemos com o uso de uma só palavra.

O autor do texto, Edgar Murano, assim inicia sua exposição:

“Que o amor é complicado, ninguém questiona. Mas o povo boro, da Índia, tem vocabulário aparentemente bem mais atento às nuances desse sentimento do que muitas línguas. Para eles onsay significa “fingir amar”; ongubsy, significa “amar de verdade” e onsia, amar pela última vez” “.

E o jornalista prossegue fornecendo outros exemplos, também, muito interessantes.

Que perigosa delícia dá-se nomes diversos às diversas faces do amor.

Quem se atreveria a confessar a outrem que, no momento supremo da conquista ou nos momentos do amor acabado, que apenas fingia amar? Quem diria alto e bom som: onsay!onsay! ?

Por outro lado, seria facílimo para todos, mesmo para quem fingisse amar, usar o vocábulo ongubsy, para falar sobre o seu sentimento, ainda que este fosse, na verdade, fingido ou mentiroso.

Mas, da boca daquele/daquela que estivesse amando de verdade, tenho certeza de que a entonação desta palavra seria diferente, bastaria que a quem a declaração se destinasse estivesse mesmo atenta/o.

Diga-me quem puder: Como saber que estamos amando pela última vez? Pois, quantas vezes a palavra onsia, a nosso modo, é pronunciada, para, na primeira curva da esquina, percebermos que pronunciamos este nome em vão, porque o amor nos arrebata outra vez, embora lutemos tanto para negar. Então, voltamos, rabinho entre as pernas, esquecidos da palavra “onsia” e a gritarmos: Ongubsy! Ongubsy!

Ah! O amor! O amor é mesmo complicado ou somos nós que não sabemos ver suas nuances com clareza? Difícil dizer.

AUSÊNCIA PRESENTE

AUSÊNCIA PRESENTE                       espelho

(Autoria: SÔNIA MOURA)

A tua presença na minha lembrança
Espelho incandescente a multiplicar a dor
A espalhar fragrâncias da tua ternura
Saudade – a cobrir-me o sono
Ausência – sinônimo de abandono?

Porque não posso te abraçar, eu canto
E o lamento que de minh’alma emana
Espalha-se tristemente e clama
Como estarás longe dos meus afagos?
Quem terá teu sorriso ou o teu pranto?

Não ouço respostas, só meu coração soluça.
O clarão da lucidez me cobre com o seu manto
Seqüestrando dissabores, saudades e incertezas
E a paz que só encontro em teu abraço
Espanta os males e sobre mim debruça

Uma gota de sorriso me devora
Desfaço-me dos arreios da melancolia
Terei você amanhã ou outro dia
Estou contigo mesmo a distância
Por isso, meu amor, beijo teu coração agora

( Uma noite de maio. Após o teatro, chovia.
Você feliz por mim, lindo!
Bateu uma saudade… Boa noite, amor.)

[Do livro: ENTRE BEIJOS E VINHOS, de SÔNIA MOURA]

INFORTÚNIO

Amor

 Infortúnio
(Autoria: SÔNIA MOURA)

Clarisse fechou os olhos e ouviu, outra vez, aquelas palavras mal ditas. Será que aquele homem não conseguia ver sua alma, seus pensamentos e seu rosto? Sentiu-se como um pedaço de carne colocado frente a um animal irracional faminto.
Não, ele não a ouvia, nada do que dissesse ou fizesse iria trazê-lo para a realidade, pois, assim como sua mente, seus olhos só tinham um foco: sexo e nada mais.
Naquele dia, Clarisse sentiu-se mal. Teria ela feito ou dito algo que encorajasse aquele comportamento? Não, absolutamente, não, ele é que era um ser inconveniente, grosseiro e mal educado. Estas eram as palavras que desenhavam o perfil daquela criatura.
Clarisse havia se interessado ´por ele, mas com este comportamento, impossível prosseguir com qualquer forma de relacionamento. Impossível!
Olhando as vitrines, os corações expostos, como o dela, trouxeram à tona a data comemorativa, era o dia dos namorados.Entristeceu-se. Estava sozinha, é Clarisse estava sozinha, e já fazia um bom tempo.
Continuou olhando as vitrines, enquanto em seu pensamento vinha-lhe a certeza absoluta de que “antes só do que mal acompanhada”.
Riu do seu infortúnio.
Comprou umas balinhas gostosas, entrou no cinema e pôde sonhar com o mundo real.

(Do livro: Minimamente Crônicas de Sônia Moura)

APELO

 Apelo                                                                          ave

(Autoria: SÔNIA MOURA)

Meu corpo pede o seu, que não vem, não vem…

Hoje um passarinho me acordou,

Era você, amor?

Fiquei a olhar aquele encantamento

E…

Por um momento

Vi você

Já faz tanto tempo

Meu suspiro, em forma de lamento,

A saudade, o pressentimento,

Você devia voltar pra mim,

Estou tão só…

Uma saudade

Um descontentamento

Volto pra cama

Sem nenhum alento

O pássaro, como você,

Ignora meus apelos,

Ignora meu tormento

E canta, canta

Seu canto me acalma,

Enquanto sua ausência me atormenta

Meu corpo pede o seu, vem, vem…

Nem que seja

Só por um momento

Vem…vem… vem…

(Do livro POEMÁGICAS de Sônia Moura)

GIRÂNDOLA

                                                          Roda

GIRÂNDOLA  (Autoria de Sônia Moura)

Gira, gira, gira sol
Gira, gira, gira mundo
Gira, gira, gira amor
Levando pra longe a dor

Roda, roda a poesia
Roda a mãe-natureza
Roda o Zorro o seu chicote
Roda a menina num xote
Roda o banjo o cantor
Roda na roda a mocinha feiticeira
Roda na dança o menino encantador

E, no meio desta roda,
Gira alegre um girassol
Girando a alegria infantil
Do menino e da menina
Encravada em todos  nós

Do livro POEMÁGICAS de SÔNIA MOURA

PENSO, LOGO EXISTO!

Penso, logo existo!                                        penso


Leiam parte desta reportagem:

Computador consegue ‘ler pensamento’ em experiência feita nos Estados UnidosApós treinamento, aparelho conseguiu prever em que palavras pessoas estavam pensando.
Próximo desafio é tentar usar funcionamento do cérebro para ‘decifrar’ frases inteiras. Pesquisadores americanos estão conseguindo treinar um computador para “ler” a mente por meio do acompanhamento de imagens de atividade do cérebro quando as pessoas pensam em palavras específicas. A equipe de cientistas espera que o estudo, publicado na última edição da revista “Science”, possa levar a um melhor entendimento de como e onde o cérebro armazena informação.
Isso poderia criar tratamentos melhores para desordens de linguagem e problemas de aprendizado, disse Tom Mitchell, do Departamento de Aprendizado de Máquinas da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, que ajudou a liderar o estudo. “A questão que estamos tentando responder é uma que as pessoas têm há séculos: como o cérebro organiza o conhecimento?”, disse Mitchell. “Foi apenas nos últimos 10 a 15 anos que nós conseguimos ter um meio de estudar essa questão.”

O que me preocupa é se realmente usarão este “instrumento” para o bem de todos.

Será????De qualquer forma, coloquemo-nos em estado de alerta, de prontidão e comecemos a exercitar nossas mentes, acho que será preciso, num futuro próximo, selecionarmos nossos pensamentos, isto é, controlar o que pensamos, para evitarmos sérios problemas.

CRUZES!!!! 

Se esta história é verdadeira, lá se vai a nossa última e verdadeira fronteira de liberdade: poder pensar em paz.

CRUZES!!!!

DE GRÃO EM GRÃO…

DE GRÃO EM GRÃO…     FLORESTA

Inpe aponta desmatamento de 1.123 km2 na Amazônia; 794 km2 em MT

SÃO PAULO (Reuters) – A Amazônia perdeu 1.123 quilômetros quadrados de floresta por corte raso ou degradação progressiva durante o mês de abril, informou nesta segunda-feira o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Estado de Mato Grosso foi o maior desmatador. Mato Grosso foi responsável pela perda de 794 quilômetros quadrados desse total, de acordo com dados do sistema Deter (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Inpe.

(http://oglobo.globo.com/pais – VIA – www.niu.com.br)

Desmatamentos. Queimadas. Invasões. Transações (lícitas e ilícitas). Abusos. Contrabandos. Explorações.

Estas são as novas “Expedições Exploradoras” a invadirem o território nacional.

Somente um estrangeiro, “empresário empreendedor”, torna-se dono de 1.250 hectares num ponto da floresta Amazônica; e, em outro ponto, o mesmo empreendedor toma posse (ao menos no papel) de mais 1380 hectares, também, dentro da floresta Amazônica.

Este é somente um dos muitos empresários bondosos que hoje, legalmente, são os novos/velhos felicíssimos proprietários de terras brasileiras.

E de gota em gota, de pedacinho em pedacinho, de acre em acre ou de hectare em hectare, partes da floresta vão sendo derrubadas e seus espaços invadidos por brasileiros e por estrangeiros.

São “apenas” alguns acres, dirão uns, inocentemente ou não.

Pela extensão territorial da floresta, isto pode parecer pouco, mas, é “De grão em grão que a galinha enche o papo!”

O sinal de alerta há muito foi disparado, mostrando que de acre em acre a floresta Amazônica vai sendo invadida, devastada, desmatada, explorada, roubada, fatiada, sucateada, desrespeitada, degradada…” e muitas agressões mais, por invasores deste e de outros países, que dizem estar protegendo a fauna e a flora da Amazônica, mas, na verdade, eles vão de negociata em negociata”, enchendo os bolsos, as bolsas, as contas bancárias”, enquanto, por interesses vis, quem deveria tomar conta de um dos nossos maiores patrimônios – a floresta AMAZÔNICA – finge “cair no papo furado” desses criminosos, e, ciscando aqui e ali, todos vão, “de grão em grão”, enchendo o papo!

A JUSTIÇA É CEGA MESMO?

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Leiam estas notícias:

1a. notícia:

Dom, 01 Jun, 08h30
Grávida fica 3 dias presa por tentar furtar lata de leite

A desempregada Patrícia Galvão Camelo, de 33 anos, ficou presa por três dias, em uma delegacia de Fortaleza, por tentar roubar uma lata de leite em pó de uma padaria. Grávida de seis meses, ela disse que estava com fome e sem dinheiro para pagar. Ela não chegou a levar o produto e foi presa em flagrante. A grávida só foi libertada anteontem mediante alvará de soltura expedido pela Justiça.

“Autônoma, Patrícia não consegue mais trabalho. “Desde que eu fiquei grávida, o pessoal não me dá mais trabalho. Tentei até negociar com eles (os funcionários da padaria) para que eles me dessem esse leite, porque eu poderia chamar um amigo para pagar. Tem tanta gente aí fora que comete tantos crimes, né? E eu com fome, muita fome. Fome de doer meu estômago”, afirmou à TV Verdes Mares, afiliada da Rede Globo, quando estava presa.”

2a. notícia (Sobre um deputado Estadual (RJ) e sua entourage)

“A conclusão da PF é um dos mais importantes trechos da denúncia oferecida à Justiça pelo Ministério Público Federal contra Lins e outros 15 acusados. Para comprovar a evolução patrimonial do deputado, os policiais utilizaram documentos dos cartórios do Rio, além de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e do Ministério da Fazenda sobre o parlamentar e sua família. Foi comprovado, segundo a PF, que os “laranjas” não tinham rendimento suficiente para adquirir os imóveis.”

Dentro da Lei, muitos já foram soltos, seja por força de uma “lei” protecionista e exclusiva para os senhores e senhoras parlamentares, seja por força de outros tipos de força, mas que eles não estão na cadeia, não estão, mesmo.

A grávida que furtou a lata de leite só não está na cadeia, graças ao bom senso do delegado que, também dentro da Lei, buscou uma solução para o caso:

“ O próprio delegado providenciou a documentação necessária para que a grávida pudesse deixar a cadeia. Teixeira se baseou no princípio da insignificância penal. “Não compensa ao Estado mover a sua máquina processual para condená-la, porque tudo isso vai custar mil vezes mais que o valor da lata de leite”, explicou.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O que caberia melhor neste espaço, seria a pergunta: A Justiça é cega  mesmo? ou seria a afirmativa: A Justiça é cega, mesmo! ?

(Compilado do site: www.niu.com.br em 01/06/2008)

A LINDA ROSA JUVENIL

A LINDA ROSA JUVENIL     A linda Rosa Juvenil
(Autoria: Sônia Moura)

Onde andará a linda Rosa juvenil, em que jardim se escondeu? Ou terá sido roubada para agradar os olhos e alegrar o coração de algum Crisântemo apaixonado?
Que jardineiro terá podado o seu florescer, para entregá-la à amada Margarida?
Ou quem sabe, um outro jardineiro cuidou dela com desvelo, num jardim secreto, repleto de amor?
Por onde andará a linda Rosa juvenil? Deixou o castelo? Casou e mudou ou envelheceu?
Hoje, a lembrança da linda Rosa juvenil veio-me visitar e me trazer o passado plantado num jarro azul com uma enorme conta amarela, a cor da saudade, plantada bem no centro do jarro, como um olho mágico a me mostrar o passado, sem que ele me veja.
E, como só eu tenho acesso a ele, o passado não sofre a minha ausência, não vê o meu presente, não vê o meu sofrer, pois o passado não conhece a Saudade, não foi apresentado a ela.
O passado não morre, como muitos pensam ou tentam jogá-lo ladeira abaixo, não, ele perambula pelas lembranças, carregando um Cravo vermelho na mão direita, ora a nos alegrar, ora a zombar de nós.
Agora sei que a linda Rosa juvenil, aquela, que vivia alegre no seu lar, um dia encontrou a bruxa má, muito má, aquela que adormeceu a Rosa, assim, bem assim… E o mato cresceu ao redor do castelo e o tempo passou a correr… a correr…
E, até hoje, a linda Rosa juvenil espera o belo Rei, para despertá-la assim, bem assim, para o Amor-Perfeito.

(Do livro: CONTOS E CONTAS, de Sônia Moura)

CARGA PESADA

CARGA PESADA

carga pesada

CARGA PESADA

Acadêmico inglês diz que os ricos têm QI mais alto.
Classe social influenciaria no QI, diz o acadêmico

A pequena proporção de estudantes de classe média baixa em universidades renomadas é o “resultado natural de uma diferença de QI entre classes sociais”, afirma o acadêmico inglês Bruce Charlton na edição desta quinta-feira da revista especializada em educação Times Higher Education.
“No entanto, neste debate um fato vital foi esquecido: classes sociais mais altas têm uma média de QI maior do que as classes baixas”, afirmou Charlton em artigo publicado na revista.
Segundo o acadêmico, professor de psiquiatria evolutiva na Universidade de Newcastle, na Inglaterra, a dominação das classes altas é “natural” e uma questão de “mérito”.
(…)
“A distribuição desigual de classes observada em universidades renomadas, comparada com a população geral, dificilmente acontece devido a preconceito ou corrupção no processo de admissão. Ao contrário, o padrão observado é o resultado natural do mérito”, escreveu Charlton no artigo.”

http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2008/05/080522_educacaoqiclasse_np.shtml – VIA- www.niu.com.br em 22/05/2008

Esta conclusão, a que chegou o doutor Bruce Charlton, recebeu duras críticas, é claro, pois ainda há pessoas sensatas em nosso planeta Terra, embora em nossa nave caiba de tudo um pouco: poetas, santos, cretinos e loucos.

Cabe saber em que planeta está parado o preclaro psiquiatra que deveria, a meu ver, procurar ajuda médica imediatamente, uma vez que a sandice de suas declarações nos remete a uma carga pesada, recheada de preconceitos e de conceitos completamente equivocados.

Mostra a história que declarações deste porte levam a duros resultados, espalham inverdades e abrem caminhos para a disseminação de separações sociais e mais, esta carga pesada colocada dentro da nave, levará a humanidade a ficar à deriva do amor, da compreensão, da paz e da verdade.

Como explicará o doutor a história de um menino pobre, brasileiro, aliás, paupérrimo, que, adolescente, empregou-se como servente, e foi designado para a limpeza dos banheiros de uma repartição.

O jovem, com toda a dificuldade sócio-econômica do mundo (nada a ver com inteligência), venceu todas as barreiras e hoje é Juiz do Supremo Tribunal? Podemos citar também a história do menino pobre do morro do Livramento que é uma das maiores expressões da Literatura Brasileira, como explicar este fenômeno, doutor?

E como ficará o cérebro (ou a inteligência) de quem nasceu pobre e com esforço ou bafejado pela sorte, enriqueceu? Tornar-se-á esta pessoa mais inteligente ou foi com inteligência que a pessoa enriqueceu? (A segunda hipótese seria “incoerente”, pois, segundo este pesquisador pobre não é inteligente.)

E, assim, a nave prosseguirá desgovernada, mal entendida, mal avaliada, mal cuidada… coitada!