FENDA

Fenda

 [por Sônia Moura, em 03 de maio de 2008]

O sucesso, a fama e o poder são fortes, muito fortes e é esta força que, quase sempre, encaminha os incautos a pisarem em terrenos perigosos, caminhos tortuosos, becos escuros, quartos inseguros e salas repletas de tapetes com pontas levantadas e corredores estreitos com obstáculos espalhados pelo chão.

Assim é que os pobres seres alçados à glória instantânea se vêem jogados a feras famintas, a vampiros sedentos e a comandos inescrupulosos que lhes querem devorar a alma, enquanto comprimem seus cérebros, anulando sua capacidade de raciocinar, pensar e decidir. Deste modo, tudo mais seráenvolvido e realçado pelo luxo, pelo glamour, pelas luzes da ribalta, por flashes vorazes e por todas as facilidades que o dinheiro possa lhes oferecer.

Ao longo da caminhada luxuosa, feita por aposentos dos castelos de areia, estes pobres indivíduos ricos se sentem vazios, abandonados e passam a viver os eternos dilemas dos famosos e endinheirados: -“- Será que ela/ele me ama ou ama o meu dinheiro, minha fama? “- Ele é meu amigo?/ Ela é minha amiga ou pretende aparecer na mídia?” E por aí vai…até que o tédio e a solidão do sucesso tomem conta do pobre menino rico ou da pobre menina rica, uma vez que estes, geralmente, nã estão preparados para entrar na seleta “sala vip da fama”.

Tudo isto porque ninguém lhes disse que existe uma fenda na sala vip da fama, e, neste luxuoso dique que pode se romper a qualquer momento,  as drogas, as loucuras, os exageros e os aproveitadores estão a espionar estas criaturas deslumbradas e perdidas em meio a montanhas de dólares ou dentro de seus carros majestosos, enquanto, por outras fendas, a mídia os observa de forma atenta e impiedosa, pronta para lhes dar o bote certeiro.

Então… em algum momento, a fenda se romperá de forma brutal e águas lodosas inundarão suas vidas.

A maioria absoluta dos pobres meninos ricos/meninas ricas será tragada pela inclemente correnteza de fatos, boatos e maldades arranjadas, neste mundo de fantasia que só lhes propagou as “caras”, ignorando por completo suas almas.

Por favor, “save their souls!”

(A um menino que morou em Bento Ribeiro, Rio de Janeiro.) 

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