INFORTÚNIO

Amor

 Infortúnio
(Autoria: SÔNIA MOURA)

Clarisse fechou os olhos e ouviu, outra vez, aquelas palavras mal ditas. Será que aquele homem não conseguia ver sua alma, seus pensamentos e seu rosto? Sentiu-se como um pedaço de carne colocado frente a um animal irracional faminto.
Não, ele não a ouvia, nada do que dissesse ou fizesse iria trazê-lo para a realidade, pois, assim como sua mente, seus olhos só tinham um foco: sexo e nada mais.
Naquele dia, Clarisse sentiu-se mal. Teria ela feito ou dito algo que encorajasse aquele comportamento? Não, absolutamente, não, ele é que era um ser inconveniente, grosseiro e mal educado. Estas eram as palavras que desenhavam o perfil daquela criatura.
Clarisse havia se interessado ´por ele, mas com este comportamento, impossível prosseguir com qualquer forma de relacionamento. Impossível!
Olhando as vitrines, os corações expostos, como o dela, trouxeram à tona a data comemorativa, era o dia dos namorados.Entristeceu-se. Estava sozinha, é Clarisse estava sozinha, e já fazia um bom tempo.
Continuou olhando as vitrines, enquanto em seu pensamento vinha-lhe a certeza absoluta de que “antes só do que mal acompanhada”.
Riu do seu infortúnio.
Comprou umas balinhas gostosas, entrou no cinema e pôde sonhar com o mundo real.

(Do livro: Minimamente Crônicas de Sônia Moura)

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