ORÁCULOS – parte I

 Oráculos - parte I

ORÁCULOS – parte I (Autoria: SÔNIA MOURA)

O oráculo = resposta dos deuses.
Em sua origem, a palavra Oráculo (do Latim Oraculu), significa resposta.

Oráculos – (respostas) só podem ser dadas por certos deuses, em lugares determinados, por pessoas determinadas e respeitando-se rigorosamente os ritos.

Oráculos também são as designações dos locais sagrados, (templos) para onde iam as pessoas, em busca de respostas divinas e da sabedoria oracular.

A divindade consultada ou o sacerdote ou sacerdotisa pítia (pitonisa, sibila) encarregado (a) da consulta à divindade e de transmitir as respostas dos deuses, eram também chamados oráculos. Só a eles era permitido fazer predições, por meio de inspirações, oriundas da conexão com os deuses. Geralmente, a consulta era sobre uma dúvida pessoal, referente, quase sempre, ao futuro.

Contemporaneamente, para algumas correntes filosóficas ou científicas, os oráculos são meros instrumentos de auto-investigação psicológica, concentração, meditação ou autoconhecimento.

A obtenção do oráculo (título/poder) se assemelhava a um culto, pois interpretar as respostas dos deuses, que se exprimiam de diversas maneiras, exigia, na maioria das vezes, um aprendizado.

Para estar em contato com o deus, num aspecto ctônico (relativo à terra, por vezes são também denominados “telúricos” (do latin tellus), os iniciados deviam dormir no chão, andar descalço e não lavar os pés. A eles era atribuída a crença de que tal inspiração nascia, literalmente, do entusiasmo, isto é, o fato de ter deus em si.

Mitologicamente, o “terreno”- designa ou refere-se aos deuses ou espíritos do mundo subterrâneo, por oposição às divindades olímpicas.

A teologia denomina oráculo como a verdadeira revelação divina, a palavra de Deus e de seus profetas; ou seja, é uma verdade infalível, irrefragável, irrefutável.

Manteia, Mântica (grego: arte do vidente; -mancia)- capacidade de prever o futuro de modo extra-racional. A mântica tem por objetivo a percepção do saber e da vontade de entidades superiores para orientar o agir humano. Divide-se em:

1- Mântica indutiva – percebe o saber e a vontade do ente superior de modo direto, por exemplo, a utilizada em Delfos, em que Apolo fala diretamente por intermédio de sua Pitonisa.

2- Mântica intuitiva – tenta perceber o saber e a vontade do ente superior através de elementos que indiretamente revelam as coisas ocultas, aquela em que o mántis procede por conclusão, por interpretação, examinando determinados fenômenos, tais como o fogo, analisando o movimento das chamas, sua coloração; o vôo das aves; examinando o fígado das vítimas; os sonhos, a interpretação das cartas do tarô, a leitura dos búzios.

3- Mântica por incubação* -o consulente deitava-se no chão, normalmente num recinto sagrado tinha sonhos, que eram interpretados pelo mántis.
[*Incubação (prática de uma pessoa dormir num lugar sagrado para obter revelações)].

No entanto, todas as formas divinatórias eram canônicas e ortodoxas e, não raro, certamente uma questão de gosto, de “devoção” ou de possibilidades e meios político-econômicos.

 Os principais oráculos são:

Oráculo de Júpiter: é o mais antigo oráculo grego que teve repercussão até a época do cristianismo. Localizava-se em Dódona – Épiro e era dedicado a Zeus (primeiro deus-adivinho).

Oráculo de Apolo: Era o oráculo grego mais famoso que se localizava em Parnaso-Delfos. Foi atribuído a vários deuses, mas determinou Apolo como único. Para receber as inspirações divinas, elegeram a sacerdotisa Pitonisa que inalava os vapores e falava palavras que eram interpretadas pelos sacerdotes.

Afrodite era consultada em Pafos, vila de ilha de Chipre, e se expressava nas entranhas e no fígado das vítimas sacrificiais.

Asclépio e Anfiarau, por incubação, davam conselhos terapêuticos aos consulentes, que deviam passar pelo menos uma noite no santuário, e a resposta vinha na forma de sonho a ser interpretado.

Na Grécia antiga, as mulheres menstruadas eram consultadas como oráculos. Seus sonhos, pensamentos e opiniões eram altamente respeitados e levados seriamente em consideração.

*Palestra proferida na Universidade Cândido Mendes em 2008.*

REFORMA ORTOGRÁFICA VII (ou o Acordo Ortográfico) – Acentuação – ditongos EI/OI

                                                 REFORMA ORTOGRÁFICA VII (ou o Acordo Ortográfico) – Acentuação – ditongos EI/OI

REFORMA ORTOGRÁFICA VII (ou o Acordo Ortográfico) – Acentuação – ditongos EI/OI

(Autoria: Sônia Moura)

Isto parece até uma tramoia, mas é apenas parte do novo acordo, acordo este que não sei se a plateia apoiou. Bem, eu é que não vou mexer nesta colmeia ou comer desta geleia.

Mas, tenho uma ideia, vou falar sobre esta nova joia, da nova reforma ortográfica:

“ Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi/oi das palavras paroxítonas, por exemplo: alcateia, boia, estreia, jiboia.”
Porém… palavras paroxítonas terminadas em –r, por exemplo, destróier, Méier, ainda que apresentem ditongo aberto, deverão ser acentuadas.

E ainda: o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado 1990, manteve o acento das palavras oxítonas terminadas em éis, eu, éus, oi, óis, por exemplo: papéis, heróis, troféu, troféus.

As novas regras vieram para facilitar ou para complicar? Perguntam alguns.

Bem, uma vez que esse Acordo é meramente ortográfico e não afeta nenhum aspecto da língua falada, tenhamos calma, muita calma e não deixemos que a paranoia nos domine, assim, para nos salvarmos de um afogamento na hora da escrita, seguremo-nos em nossa melhor boia: a leitura constante.

REFORMA ORTOGRÁFICA VII (ou o Acordo Ortográfico) – Acentuação – ditongos EI/OI

INCOERCÍVEL FANTASIA

INCOERCÍVEL FANTASIA  (Autoria: SÔNIA MOURA)   incoercível fantasia

O filme O IMPÉRIO DOS SENTIDOS, que revi esta semana,  nos traz a leitura polissêmica das sensações, suscita o reexame da força dos sentidos, do que é erótico (e não pornográfico), do que é desejo (e não vulgaridade) e ativa a circulação da percepção através de todos os sentidos.
O título (em português) guarda intrinsecamente o significado maior da face múltipla do diálogo entre o EU e o OUTRO, sugerindo novas possibilidades de compreensão do desejo, regido pelos sentidos, provocando as sensações, por intermédio das quais os elementos constitutivos do mundo mostrado projetam-se nas figuras de EROS e TANATOS, insuflando o espectador cuidadoso a voltar-se para as imagens com o olhar revelador do jogo da representação erótica.
EROS e TANATOS são elementos transitivos nesta narrativa cinematográfica que, na existência dos contrários, tecem o mistério do desejo pleno, no qual convivem no mesmo espaço : vida e morte, realidade e prazer.
Neste jogo da representação erótica, o sujeito, na busca das mais profundas sensações, se coloca primeiramente diante do seu outro para (re)nascer, instalando-se no outro pela conjunção de elementos provocadores do intercâmbio: amor e desejo.
O rompimento com a solidão tem início com a aparição do que chega (a mulher) ao ambiente em que irá circular livremente um espocar de emoções. Um dos cenários escolhidos é, de certa forma, o retrato da ambigüidade, apresenta-se desenhado por pinceladas de promiscuidade e é nele que surgirá o amor sensual, livre, contrapondo-se à imagem do amor meramente romântico.
Pelo encantamento erótico e pelo jogo da sedução, o poder conferido à mulher, no que diz respeito ao “uso”de sua sexualidade, permite a esta exercitá-la plenamente, liberando-a e a seus desejos, deixando de lado o jogo da repressão, nascido da moral (da própria mulher ou a dos outros).
Transitando pelas fendas de designações consideradas inaceitáveis pelas normas instituídas pelo sistema: prostituição, traição, liberação do desejo, ao mesmo tempo que transgridem e transformam as regras sociais, os protagonistas, representantes de uma sociedade castradora e limitadora, traçam os contornos do espaço aberto ao desejo e sua busca do prazer, das representações e das reapresentações eróticas, as quais as imposições nos fazem negar.
O poder da sedução surge pela transformação mágica do prazer, colocando em embates constantes a loucura e a razão, o medo e a coragem, deixando deabrochar como os salgueiros em flor o desejo sem culpa, sem barreiras ou fronteiras com a clareza da liberdade animal. Deste modo, a fábula amorosa envolve os amantes e mostra uma natureza erótica não parasitária.
O elo entre as imagens moventes e o espectador é emoldurado por estímulos que pulsam na tela e conseguem envolver não apenas pelo espetáculo sexual, mas também pela solicitação de nossa cumplicidade, apelo este que nos vem através das imagens poéticas dominantes. Estas imagens poéticas criam um universo independente de conceitos estabelecidos, negando o mundo das aparências, concebido como real e absoluto, aquele que relega o erótico e a sensualidade a um canto escuro e isolado, reflexo de sociedades hipócritas.
Segundo Francesco Alberoni (1), “O erotismo se apresenta sob o signo da diferença. Uma diferença dramática, violenta, exagerada e misteriosa”, é exatamente por estes caminhos que os sentidos irão transitar, deixando o intransitivo social de lado, escapando das prosaicas restrições ao desejo, desta forma, os sentidos captam a essência dos seres e do mundo e a devolvem em forma de prazer ilimitado e transcendental.

Construindo um mundo às avessas do que é “permitido”, os sentidos explodirão na tela em cores, sabores, peles e sons instigando os protagonistas e a assistência a se embrenharem por labirintos saborosos, excitantes e estimulantes.
O primeiro sentido a se manifestar será o da visão – o olhar: o desejo que fala. Simbolicamente, o olhar é prerrogativa dos deuses, emprestada aos seres humanos, é SEDUÇÃO que hipnotiza, prende e fascina. Dotado de poderes mágicos, este instrumento das ordens interiores, é o espelho de duas almas, que irá abrir as janelas do encantamento por onde começará o diálogo óptico, provocador do desejo espelhado na tela como um caleidoscópio, denunciando o sentido de algo interior que se romperá para o exterior. Mágico, mítico e indeterminado, o olhar anula a antecedência, arrebenta correntes, comove, une e desarticula conceitos e preconceitos.
É o olhar que provoca também o primeiro momento de tensão(e de tesão) confirmado pelo indefinido deslumbramento; quando a súbita presença se revela: O OUTRO.
O olhar (masculino e feminino), não escamoteado, exibido pela força provocadora de sensações e desejos, revela-se e é revelado, entrelaçando sujeito e objeto, na transposição erótica de um e de outro, unindo fantasias e realidades.
A cumplicidade, de quem olha e de quem é olhado, libera o olhar do espectador, confirma e denuncia a imagem fundamental do desejo. O desejo (feminino e masculino) desenhado no mesmo plano, permite o instante eterno e, no centro de tudo, explodirão a intuição e as outras sensações, as quais fomentarão a viagem persistente que as personagens irão empreender.
Através de estímulos verbais, os amantes everendam por muitas cavernas, conscientes ou inconscientes, na busca da completude, da renovação e da liberação do erótico, até chegarem à plenutide do ser: o PRAZER.
A palavra, para os gregos, era razão, inteligência, idéia e o sentido mais profundo do ser – era o próprio pensamento; também está ligado simbolicamente à alma, e era a primeira manifestação divina nas concepções cosmogânicas.
Símbolo de fecundação, germe da criação, a palavra é fertilizadora e é por meio dela que o protagonista “engravida”seu objeto de desejos, desejos estes que irão despertar, depois do derramamento daquelas palavras quentes e úmidas, que escorrem pelos ouvidos da protagonista, invadem os ouvidos da platéia, indo ocupar o lugar da desarticulação, para que EROS e TANATOS possam se encontrar.
Dotadas de poderes mágicos, as palavras vão-se instalando, conquistando e se deixando conquistar. Medindo-se num corpo-a-corpo incansável, travam um duelo permanente com EROS e TANATOS, ambos seduzidos pela palavra, pois ante uma palavra bendita até o encantamento se encanta. Por ser a metalinguagem da sedução e a condutora do fascínio mútuo, a palavra transita livremente no ar, transmutando-se em produtora do sentido não fragmentado do discurso da fascinação, dissolvendo qualquer resistência em constelação do desejo.
A música, parceira da libido, denuncia acintosamente a presença de EROS, entra na dança, fazendo par com a caça E os caçadores do desejo insaciável, dos gozos sensoriais, da sedução e da posse., para que unidos, os amantes possam penetrar nos mistérios e na simplicidade do gozo, despertando segredos que dormem escondidos.
Acordes repetidos sistematicamente suscitam significações ligadas ao sensual; tons e sons provocadores da libido licenciam a imaginação e açulam o tesão, vindo a provocar o imaginário individual e o coletivo, transformados na convergência dos sentidos.
As palavras, desaguando em rios mansos ou agitados, inundam a alma, mas, em alguns momentos, sucumbem na presença do olhar e este passa a compartilhar com o tato as delícias de percorrer os caminhos tentadores do corpo, ambos, olhar e tato deslizam lenta e levemente pela pele, até que a palavra, finalmente, emudeça. Num dado instante, o olhar se tranca em seu quarto e deixa à memória o prazer, através das lembranças do que ainda está tão presente e tão próximo, cabendo ao tato o ápice da glória – a sensação pelo toque, acalentando outras sensações.
A fantasia abandona-se ao prazer da digressão sexual, quando entram em cena o toque, o tato, o contato e a pele. A partir deste momento, amor e aventura emolduram um mundo onde tudo cabe, ajudando o homem a desvendar uma nova mulher e a mulher a desvendar-se a si mesma e nesta mistura de pontos: tato, contato, pele e toque, o fantasma atraente de EROS é o herói sem disfarce que ajuda os amantes a vencerem qualquer obstáculo e eles se tornam os herdeiros do sonho.
Através do cheiro, sutileza volátil, o sexo dilui-se pelo quarto e, os perfumes que no ambiente exalam e com os quais os amados se (con)fundem, dão um clima de afetividade e pureza e, ao mesmo tempo, um forte ar de fascínio, sexualidade, tentação unem na mesma carga simbólica: renúncia e posse.
É pelo cheiro que os animais se reconhecem, se estimulam e se excitam; nós, animais afastados da nossa verdade, nos deixamos levar pelas asas do vento de imposições e pelo uso de tantos outros perfumes colocados sobre o corpo, apagamos os rastros e deixamos perdidos o sentido do olfato. Em O Império dos Sentidos, o olfato e a gustação participam das proezas de EROS, maravilhosamente (im)prudente, no seio do espetáculo do delírio.
A representação erótica é quase sempre anulada, disfarçada ou manipulada em todas as formas de expressão artística, no entanto, neste filme, a máscara é destronada pela configuração significativa dos sentidos, assim, tudo é permitido, tudo é mostrado, tudo é sentido.
Olfato e gustação se sobrepõem, então o prazer e o desejo são colocados à mercê dos sabores e dos cheiros. Tudo é provado e aprovado: a pele, o sangue, a comida, a bebida, o falo e a vulva, tudo se materializa em aparição das delícias sexuais.
O sangue, símbolo do ventre, onde morte e vida se transmutam uma na outra e o vermelho , a mais contraditória das cores , simbolizando ambivalências: ação x paixão, liberdade x opressão, provocam a fascinação, o dinamismo e a excitação.
Seja como denunciadores do ciúme, seja como imagem do sabor tomando o lugar da aversão, do nojo do “que é impuro” ou da dor da perda, esta dupla de sustentação denuncia, já no início do filme e reafirma a presença de TANATOS no território de EROS, para ao final se apresentarem como identificadores da MORTE e da VIDA, no momento em que o círculo se fecha e TANATOS substitui EROS para assegurar a vitória do prazer.

(1) ALBERONI, Francesco. “As diferenças”, in O EROTISMO – fantasias e realidades do amor e da sedução. São Paulo, Círculo do Livro. 1986.
(*) Referências simbólicas colhidas do Dicionário dos símbolos de Jean Chevalier e Alain Gheerbrant.

REFORMA ORTOGRÁFICA VI (ou acordo ortográfico) – as letras K, W, Y

                                                                                                               reforma ortográfica VI - (ou acordo ortográfico) - as letras K,W e Y

REFORMA ORTOGRÁFICA VI (ou o Acordo Ortográfico) – As letras K,W, Y
(Autoria: Sônia Moura)

 

A partir do novo acordo, nosso alfabeto passa a ter 26 letras, pois, para o nosso convívio escritural, “voltaram” as letras K, W, e Y.

A bem da verdade, estas três letras nunca haviam desaparecido de nossas escritas ou de nossos dicionários, uma vez que continuavam a serem usadas, ainda que com restrições.

Estas apareciam, por exemplo, na escrita de símbolos – km (quilômetro), kg (quilograma), W (watt) e também na escrita de palavras e nomes estrangeiros e seus derivados: show, playboy, windsurf, William, yin,yang e outros mais.

Portanto, que sejam bem-vindas as três letrinhas que nunca se foram embora, de fato,  e que vivam em sintonia com as outras 23 letras, assim, como  yin e yang e que possam fazer um workshop com as novas-antigas companheiras, uma vez que passam a fazer parte oficialmente do kit básico da Língua Portuguesa.

Reforma rtográfica (ou acordo ortográfico) as letras K,W e Y

 

 

MOTIVAÇÕES

 motivações

MOTIVAÇÕES (Autoria: Sônia Moura)

 

Partir de diversas teorias para análise, elaboração e base da transmissão de conhecimentos é prova cabal de que este procedimento – como ponto de partida para posterior discussão – é uma forma de aproveitamento dos diversos paradigmas, propostas e encaminhamentos do binômio ensino-aprendizagem.

Este procedimento confirma  que cabe ao professor fazer a leitura crítica do que já está exposto, propor novos caminhos e passar a seus alunos a mensagem de que a aprender  pela observação e estudo de variados focos sobre um tema,  é o pão que alimenta a vida e que,  por conseguinte,  é um bom caminho a ser seguido pela escola.

Assim sendo,  mesmo que venhamos a discordar em alguns pontos de teorias e práticas já existentes, podemos nos espelhar no que já existe de melhor, para trilharmos novos  caminhos e  promover  a troca de conhecimentos,  desbancando alguns paradigmas estabelecidos, para alcançarmos mudanças didático-pedagócgicas, deixando para trás o ranço do poder absoluto, o ranço de uma escola aprisionada a modelos arcaicos, que muitas vezes, o sistema educacional insiste em seguir.

É sabido que a verdadeira  transmissão de conhecimentos só acontece quando há troca, desejo, emoção, motivação e confiança entre as partes envolvidas no processo, se não for assim, é sinal de que não houve aprendizagem  e sim “transmissão de decoreba”, que desaparecerá quando o aluno virar a primeira esquina, pois : O conhecimento não se copia… se constrói.

Reforma Ortográfica V- Enxáguo ou Enxaguo? Delínquo ou Delinquo?

REFORMA ORTOGRÁFICA V (ou Acordo Ortográfico) – [Autoria: Sônia Moura]

ENXÁGUO ou ENXAGUO?                                  Reforma ortográfica V- Enxáguo ou Enxaguo? Delínquo ou delinquo?
DELÍNQUO ou DELINQUO?

Reforma ortográfica V - Enxáguo ou enxaguo? Delínquo ou delinquo?

Fizeram um acordo, e isto é bom e, em se tratando de uma língua, que sempre pertence a muitos, o acordo precisa existir, não há como escapar dele, pois a língua não é como a fala, a qual “pertence” ao indivíduo.

Assim, foi por meio de acordos que chegamos à nova ortografia da Língua Portuguesa.

Há modificações plausíveis e até interessantes, estas dão à língua a dinâmica e atualização necessárias, mas, a meu ver, há mudanças sem qualquer expressividade (*já explico).
Falo de “novidades”, tais como:

a)“Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.”

b) Para verbos terminados em guar, quar e quir (aguar, averiguar, apaziguar, obliquar, delinquir, etc.), há uma variação na pronúncia, pois estes admitem duas pronúncias, a saber:

1 – Em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo, assim, se forem pronunciados com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas. Exemplifiquemos: enxáguo, enxáguas, delínquo, delínques e outras formas.

2 – Mas, se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas. Exemplificando: enxaguo, delinquo e outras mais.

Certamente, esta “distinção” se deve, especialmente aos falares diferenciados aqui e em além – mar ou mesmo dentro do território brasileiro.

No entanto é preciso que se ressalte o seguinte, excetuando-se alguns bem-aventurados, cá entre nós, quantos brasileiros sabiam (ou saberão) empregar o acento nestas formas verbais? (*)

Possivelmente muito poucos. Talvez algum menino decore esta regra e, depois que “passar na prova ou no concurso”, a esquecerá logo, logo ou, quando ele estiver na fase adulta, poderá usar estas formas – acentuadas ou não – como trunfo, para se gabar de ser “um grande conhecedor da Língua Portuguesa”, nada mais.

Mas, convenhamos, são estas interessantes particularidades que dão o tom a todas às línguas, colocando-lhes o sabor e instigando nossa vaidade, como falantes e usuários de nossa língua.

E, como diria Caetano Veloso, afinal, está: “Tudo certo como dois e dois são cinco.”

EAD – DESAFIOS

EAD - DESAFIOS

EAD – DESAFIOS (Autoria: SÔNIA MOURA)

(Trabalho apresentado por Sônia Moura à Fundação Getúlio Vargas)

Seguindo o que ensina Saviani “Ao desafio da realidade, o homem responde com a reflexão”, o professor que aceita o novo desafio de ensinar a distância deverá refletir sobre os movimentos renovadores de que necessitará para aliar à sua prática; e também precisará estimular seus alunos a refletirem sobre as muitas possibilidades que esta proposta de ensino irá lhes proporcionar.

Assim, a partir de novas atitudes frente ao papel a desempenhar, mesmo que surjam dificuldades, o docente deverá ter consciência de que seu papel de agente transformador é estar sempre atento e procurar refletir sobre elas, buscando caminhos inovadores que nos levem a encontrar soluções que, cada vez mais, qualifiquem o ensino a distância, seus professores- tutores e seus métodos, em benefício da sociedade em geral.

Desta forma, ao confrontar-se com a quebra dos sistemas educacionais formais, o professor que irá atuar no âmbito do ensino a distância deverá conscientizar- se de que irá deparar-se com os mais variados instrumentos de aprendizagem, irá circular por um campo de educação ilimitado, atendendo a uma clientela que, num primeiro momento, precisará de seu apoio para também reconstruir novos conceitos sobre os processos de aprendizagem, e para tal o docente precisará ousar, criar, incentivar, respeitar, valorizar, uma vez que ele é o agente agregador de cada equipe a ele entregue.

É importante fazermos do ambiente de estudo, em todos os setores, um ambiente prazeroso, assim como, estimular o aluno a trabalhar de forma integradora, respeitando às diferenças individuais e o ritmo de aprendizagem, sem negligenciar os objetivos a serem atingidos no final do curso, sempre destacando que aprender deve ser aliado ao prazer, não à dor, à aflição, pois, como nos fala Gilberto Dimenstein: o principal papel do professor é ajudar o aluno a sentir prazer.”, e, deste modo, certamente, a motivação acontecerá.

E quais seriam os maiores desafios a serem enfrentados pelo professor tutor?
Para respondermos a esta questão, o nosso olhar debruçou-se sobre o comportamento do professor em relação ao aluno virtual, principalmente se este não tiver experiência, uma vez que, provavelmente, o aluno enfrentará muitas dúvidas em relação a esta forma de ensinar e de aprender.

Por sua vez, o professor, mesmo que tenha muitas experiências e vivências na sala de aula presencial ou virtual, deverá estar atento para as diferenças existentes entre os dois ambientes [presencial e virtual] e entre a forma diferenciada de se relacionar com a clientela da sala de aula virtual.

Assim sendo, fazendo nascer uma relação de confiança mútua, para que o aluno se sinta envolvido e acolhido, neste ambiente escolar diferenciado, o tutor deverá observar atentamente os primeiros passos dados por seu aluno no ambiente escolar virtual, procurando captar-lhe o perfil emocional, estando alerta às dificuldades por ele apresentadas, seja na área técnica, pedagógica ou no trato social, para que o prazer vença o medo, mesmo quando surgirem inseguranças ou dúvidas, evitando, deste modo, que a evasão aconteça em grande escala.

A evasão é o segundo ponto que consideramos um dos mais difíceis de serem contornados e para o qual deveremos concentrar uma atenção especial (um dos problemas que persistem nos sistemas educacionais, em qualquer um de seus formatos).

Uma das formas para que este problema seja debelado (ou que ao menos fique sob controle) está centrada no professor – tutor que deverá cativar o aluno a não desistência, e melhor, estar muito atento para os primeiros sinais que possam levar à deistência por parte de seu aluno.

Sabemos, porém, que esta não é uma tarefa das mais fáceis, por serem diversos os fatores que provocam a evasão. No entanto, esta atenção e cuidado especial, dispensados ao aluno que nos acena com a bandeira vermelha da desistência, são papéis a serem desempenhados pelo professor- tutor que deverá observar e analisar as prováveis causas da possível evasão, fazendo circular esta informação entre o corpo pedagógico e o corpo técnico [help-desk], no intuito de evitar que a evasão aconteça.

Quando bem direcionados, os procedimentos corretos e as atitudes assertivas ajudarão o aluno a prosseguir em seus estudos, promovendo a manutenção do corpo discente, a fim de que binômio ensino- aprendizagem circule em todos os espaços, evitando a evasão, o que permitirá à instituição envolvida atingir às metas previamente traçadas, para seu projeto educacional.

Referências bibliográficas

ANTUNES, Celso. A dimensão de uma mudança. Campinas, SP: Papirus, 1999.

BESNARD, Pierre, LIÉTARD, Bernard. La formation continue. Paris : Presses Universitaires de France, 1976. (Coleção: Que sais-Je?)

DIMENSTEIN, Gilberto. Bom professor é aquele que ajuda o aluno a ter prazer. Folha de São Paulo, São Paulo, 13 jan. 2002.

SAVIANI, Dermeval. Educação do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez, 1983.

OUTRAS ‘musas’ – HISTÓRIA e MEMÓRIA

                                                                              OUTRAS “musas”- HISTÓRIA E MEMÓRIA

II – OUTRAS “musas”- HISTÓRIA E MEMÓRIA

Museus artísticos já existiam desde a Antigüidade (Pinacoteca de Atenas), mas foi com o Renascimento e com o gosto pelo colecionismo que os primeiros acervos consideráveis, puderam ser amealhados por nobres e Cardeais. Após o séc. XII, lado a lado com os gabinetes de curiosidades, em núcleos dos grandes museus nacionais.

Cabe ressaltar que, segundo Francisca Hernández Hernández, “colecionismo e a ilustração” são feitos importantes, no que diz respeito à origem dos museus. O primeiro está ligado às conquistas e aos “saques” praticados pelos conquistadores; o segundo (o Iluminismo) ‘existia, dentro do ambiente cultural da época a necessidade de criar este tipo de instituições”; Francisca. Hernandéz ainda destaca: “ Quizás el paso más decisivo sea la conversión de las colecciones privadas en un patrimonio colectivo, es decir, en un acto jurídico institucional.”

Três acepções ligadas ao museu precisam ser repensadas: 1) a visão romântica, por exemplo, a de que se vai ao museu só para contemplar; 2) a visão depreciativa: museu como sinônimo de “asilos póstumos”, “mausoléus”, “santuários” ou “isto é peça de museu (= lugar de coisa velha); 3) a visão “pós”- moderna: de o museu como bolsa de valores, como um grande negócio, como “lugar de espetáculo”. A museologia pode despi –lo destes e de outros rótulos que lhes são atribuídos e fazê -lo envergar outro paramento, no qual o velho e o novo se coadunem, aproveitando o que ambos têm de melhor a oferecer ao novo- velho Sr. Museu.

O ESPELHO E AS MUSAS

I – O ESPELHO e as MUSAS (Autoria: SÔNIA MOURA)

Estas são algumas das perguntas que circulam atualmente nos meios acadêmicos, institucionais, empresariais, quando se pensa na instituição secular que historicamente, até pouco tempo, tinha seu papel bem delineado e delimitado nos campos sociais e artísticos: recolher, classificar, conservar e expor objetos e documentos de valor artístico, histórico ou científico, estudando-os e os difundindo pelos meios a seu alcance.

Atualmente, estamos em busca das identidades perdidas, por exemplo, não conseguimos ver com nitidez a face do Sr. Museu. Ainda não lhe rasgaram a velha identidade por completo, mas nela, o retrato do secular Senhor está embaçado, distorcido, amarelado; não se consegue distinguir-lhe os traços, outrora tão nítidos, tão bem definidos, tão bem postos nos meios sócio – culturais. É pelos versos de Cecília Meireles que o Sr. Museu desabafa: “Eu não dei por esta mudança,/ tão simples, tão certa, tão fácil:/ – Em que espelho ficou perdida / a minha face?

É preciso sair em busca do tempo perdido, da identidade perdida, do prazer perdido, da relação perdida e de um papel social que está rasgado, mas que ainda não foi jogado no lixo, por enquanto e oxalá não o seja. Meneando a cabeça, o Sr. Museu sorri e aprova esta asserção.

Comecemos pela origem do termo museu: do grego mouseîon, s.,(pelo latim: musoeu- ou museu-) “ templo da Musas, local onde residem as Musas ou as ninfas; lugar onde alguém se exercitava na poesia, nas artes; escola; cântico poético”. Já designou também parte do palácio de Alexandria, lugar onde Ptolomeu reunia os mais célebres sábios e filósofos para que estes pudessem se entregar de “corpo e alma” à cultura das ciências e das letras.

Quem tem um “passado” desses, certamente terá um futuro, mesmo que no presente, por vezes, as Musas, os sábios e os filósofos dêem lugar aos “bons negócios”, a butiques, à diversão, ao turismo e à espetacularização. Musas são Deusas e, reza a lenda, que os Deuses (e as Deusas) nunca morrem e o museu é um local que pertence a elas.

No mundo globalizado e confuso, o sujeito pós-moderno procura o seu lugar, deslocam-se identidades culturais. Neste emaranhado de novidades, algumas vozes em fúria concedida (ou não) se levantam e, assim como na narrativa épica de Luís de Camões(Os Lusíadas/canto VII/ estrofe 87:) “... e as Musas, que me acompanharam,/ Me dobrarão à fúria concedida,/Enquanto eu tomo alento, descansado,/ Por tornar ao trabalho, mais folgado”, o Sr. Museu, no centro das discussões, à espera de decisões, vê, em lugar de seu rosto refletido no espelho, as Musas que lhe deram o nome, a refletir- lhe a fama.

(Trabalhado apresentado em 2005 – UFF )

o ESPELHO E AS MUSAS

QUESTÕES DE UMA HISTÓRIA EXEMPLAR

QUESTÕES DE UMA HISTÓRIA EXEMPLAR
(Autoria: SÔNIA MOURA)

Toda cultura, vista aqui como interação do meio e representação simbólica deste, transparece por seus aspectos materiais e imateriais. A revelação de elementos e das manifestações de um determinado grupo, apresentada por formas dessemelhantes de ver e viver o mundo, pode parecer obscura para indivíduos de outros grupos os quais percebem o mundo por um prisma diferenciado.
Quando acontece a aproximação de elementos detentores de outros saberes, os diversos aspectos de uma cultura tentam-se revelar, pois as práticas culturais entronizadas por um determinado grupo, não perdem a possibilidade de alheamento, vindo ao encontro de novas leituras pela necessidade de sua manifestação.
O olhar o outro e a aceitação do olhar do outro, abertos os olhos, a mente e a alma, poderão tirar o homem da condenação de uma imensa solidão, se este conseguir não cercear a interação e não se impuser a própria renúncia da inserção da sua existência na história.
O encontro de culturas diferentes transforma o indivíduo que consegue ver além de seus limites em testemunha mais que perfeita da história do homem, dando-lhe uma visão abrangente de realidades as quais se aproximam pelas diferenças, uma vez que o elemento sustentador destas realidades é o igual pontilhado de diferenças.
Lembrei-me hoje do filme: ONDE SONHAM AS FORMIGAS VERDES, direção de Werner Herzog*, ao qual há algum tempo assisti. Este filme nos mostra como o olhar não preparado, privado, portanto, de uma visão acolhedora, não apreende as novas informações, porque não consegue sair do plano das negações, ao olhar o mundo como senhor absoluto , em vez de aprender a vivenciar a liberdade.
A questão do sagrado e do simbólico, absorvida por aquele povo, transforma-se em força pela luta da manutenção de suas invioláveis crenças e pela continuidade de sua própria história , à qual o homem está atado consciente ou inconscientemente.
O europeu, representado no filme como o que não consegue ver o outro (não todos), movido por interesses e ganância desenvolvidos em sua cultura, pensa esvaziar o valor cultural dos aborígenes, ao vencer-lhes no embate judicial ou ao construir um estabelecimento em lugar sagrado. A prova da resistência cultural é apresentada pela continuação da ida dos nativos ao lugar do sonho, (de sonhar o filho) reconstruindo o valor simbólico, mesmo no campo minado pelo dominador e sem recuar ou ceder às desconsiderações do outro.
A relação dos olhares: o olhar do lucro e o olhar da cultura cruzam-se em ambigüidades transformam-se, na verdade, em salvaguardas de uma cultura, ao colocar em alerta memórias dos tempos que hão de se repetir na (re)construção de uma nova história, pela articulação dos contrários.
Na representação cultural, as marcas históricas de um povo estarão sempre presentes.No filme duas histórias são enfocadas e levadas aos tribunais, mas só o tempo (o tempo da dominação) de uma delas, a do dominador, do ïnvasor”, irá ser levado em conta, já o tempo referente ao passado dos habitantes milenares daquela terra é esquecido. Prevalece a força, mas não morre a cultura, esta certamente irá-se intercambiar e se aliar a história de um outro povo miscigenado que irá se formar.
Para os nativos, a contagem do tempo corre à margem da que conhecemos, a desmontagem temporal evidencia uma postura diferenciada frente às coisas do mundo.
No centro de tudo está o homem e suas crenças, gerando uma força que se abre ao ciclo de uma possível metamorfose cultural e comportamental, apresentada pelo conjunto de imagens dinâmicas, não na forma e sim no conteúdo das ações exibidas.
Imagens de natureza mais espacial que temporal expõem o homem neste campo de embates,onde, superficialmente, existe só um vencedor.
A metamorfose e a simbiose de culturas marcam as diferenças na existência do outro, quando as diversidades das expressões culturais se aproximam ou se afastam e são permeabilizadas umas pelas outras, adquirindo um novo corpo vivo, levando o homem ao seu próprio encontro.

 

* Werner Herzog sabe como nenhum outro diretor explorar os limites das condições humanas. Nesta produção ele usa como palco uma extensão de terra desolada no coração da Austrália. Duas tribos de aborígenas, os Wororas e os Riratjingus, preservam suas lendas e cantos ancestrais. Eles entram em conflito com as leis da Austrália moderna e com os interesses de uma companhia que quer explorar urânio num de seus redutos sagrados: as terras onde sonham as formigas verdes. 

 

Sônia Moura – UFF – 2007

Questões de uma história exemplar