ENTRE O MODERNO E O PÓS-MODERNO…

Entre o moderno e o pós-moderno…

(Autoria: SÔNIA MOURA) 

                                                                         PÓS-MODERNO
Enquanto os modernistas eram a imagem da EXALTAÇÃO, os pós – modernos são a própria EXAUSTÃO.
A arte Moderna tem total liberdade criadora, é inovadora; a arte Pós – Moderna tem isto e muito mais, por esta razão foi ”batizada” como ANTIARTE. A primeira caracteriza-se pela INTERPRETAÇÃO; a segunda, pela APRESENTAÇÃO.
Antes, o Modernismo hermético afasta inicialmente o público; agora, o Pós –Moderno pasticheiro convida o público a participar desta apatia, convida-o a sentar-se na cadeira de balanço.
O Modernismo precisa de afirmação para os seus conceitos e para a sua arte, o Pós-Moderno não quer auto – afirmar – se ou afirmar nada e ele nada – tudo quer; todos são bem – vindos, esta é a ordem da desordem.
A fantasia, o exagero, o humor sempre são boas companhias para o artista Pós – Moderno, que é um seduzido; o artista Moderno tinha pretensão de sedutor.
O poeta Moderno queria a linguagem do cotidiano, o Pós-Moderno é a linguagem coloquial, cotidiana ou, até mesmo, clássica.
Os modernistas entrincheirados bradam, levantam bandeiras, escandalizam, cutucam a consciência, se aprofundam no inconsciente; os pós-modernos não gritam, não carregam sequer pequenas flâmulas, não escandalizam nem se escandalizam.

(Autoria SÔNIA Moura)

– BOA NOITE, JOHN BOY! BOA NOITE, MARY ELLEN!

– BOA NOITE, JOHN BOY! BOA NOITE, MARY ELLEN!  (Autoria: SÕNIA MOURA)

Os WaltonsOntem, assistindo a um filme, revejo Richard Thomas, o “Jonh – Boy”, aquele de Os Waltons, exercitando o seu ofício em outra história, mas, aquele rosto, aquela pinta do lado esquerdo e aquele olhar, ainda estavam vivos em minha lembrança juvenil, e tomaram fôlego, saíram para respirar, para me fazer recordar.

Bateu uma saudade daqueles tempos, em que este seriado deixava um gostinho de esperança misturado a um sopro de vitória pela união, pelo sonho, pela alegria, pelo amor e pelo trabalho conjunto.

Ainda que a história dos Waltons falasse de um povo que não era nosso, de costumes e de falas que não eram geograficamente e/ou culturalmente nossos, sem pieguismo, podemos dizer que as histórias nos envolviam e nos atingiam em cheio, porque, a linguagem do amor é universal.

Quem não se lembra da delicadeza de um “boa noite” que ecoava pela casa e também em nossos ouvidos, e, certamente, hoje à noite, antes de adormecer, irei dizer para a minha saudade e para os meus sonhos:

– Boa noite, John Boy! Boa noite, Mary Ellen! SÓ PARA LEMBRAR OU CONHECER

A série Os Waltons, ao contrário das suas concorrentes, se passava nos Estados Unidos durante a longa depressão na década de 1930. A história, baseada nas escritas semi-autobiográficas de Earl Hamner Jr., Spencer’s Mountain, já havia chegado a CBS em 1971 num filme especial para tevê intitulado The Homecoming: A Christmas Story. Depois do sucesso alcançado pelo longa-metragem, a Lorimar Television não pensou duas vezes em transformá-lo em um seriado e em setembro de 1972 estreava o seriado Os Waltons.O programa narrava, sob a ótica do filho mais velho (17 anos) John Boy (Richard Thomas), as aventuras e desventuras da família do título, formada pelo patriarca Sr. John Walton (Ralph Waite), sua esposa Olivia `Livie´ Walton (Michael Learned) e seus sete filhos: John Boy, Jason (Jon Walmsley), Mary Ellen (Judy Norton-Taylor), Erin (Mary Beth), Ben (Eric Scott), Jim Bob (David W. Harper) e Elizabeth (Kami Cotler), que sobreviviam apenas com o dinheiro ganho na serraria localizada na Montanha Walton em Virginia, mantida por John Walton, Vovó Esther e Vovô Zeb.
[http://www.infantv.com.br/waltons.htm]

BALÉ E (PÓ)ESIA

BALÉ E (PÓ)ESIA

(Autoria: SÔNIA MOURA)

 NEBULOSA

“As nebulosas são nuvens de poeira, hidrogênio e plasma. Como o processo de formação das estrelas é muito violento, os restos de materiais lançados ao espaço por ocasião da grande explosão formam um grande número de planetas e de sistemas planetários.”
(…)
“Muitas nebulosas nascem por condensação de energia, a qual, após a imensa dispersão e difusão devida à contínua irradiação de seus centros, concentra-se, seguindo correntes, que guiam sua eterna circulação, em determinados pontos do universo. Então, obedecendo ao impulso que lhe é imposto pela grande lei do equilíbrio, instala-se, acumula-se, retorna e se dobra sobre si mesma, compensando e equilibrando o ciclo inverso, já esgotado, da difusão que a guiara de uma coisa à outra, para animar e mover tudo no universo.”[Compilado do site: www.guia.heu.nom.br/nebulosas.htm]

                 nebulosa

Balé e (Pó)esia                          

                                                                                                           

As nebulosas são nuvens de poeira,
São condensação de energia,
Renascem e fazem (re)nascer,
Equilibram para dar à luz
A si mesmas e a outros,
Animam e movem,
Removem, criam e recriam
Tudo no universo,
Num único verso:
– Balé e poesia!

                                                                             nebulosa

(Por: Sônia Moura)

A GARGALHADA DO VILÃO

O coringa

A GARGALHADA DO VILÃO

(Autoria: SÔNIA MOURA)

Algo que até hoje me deixa encafifada:

Por que a gargalhada dos vilões é sempre tão gostosa?

Se não me falha a memória, foi Thomas Hobbes quem disse: a gargalhada nasce da satisfação de quem a emite, uma vez que este julga ocupar posição superior ao outro, de quem ele ri, ou melhor, gargalha. Bem, se não foi exatamente assim que Hobbes defendeu a sua idéia,  creio que não fugi tanto à sua definição, ainda assim, não explica a gargalhada gostosa dos vilões.

Quem sabe se buscarmos na etimologia da palavra consigamos explicar esta “gostosa gargalhada?”
A raiz  [garg-] da palavra gargalhada – é uma onomatopéia do ruído de água durante o gargarejo ou da garganta quando o alimento é engolido sofregamente. Para mim, esta explicação também não  responde à minha pergunta:

Por que a gargalhada dos vilões é sempre tão gostosa?

É claro que se pode rir do outro por nos sentirmos superiores ou por nos sentirmos ou nos julgamos inferiores ao outro, ou ainda, num esforço maior, podemos rir de nós mesmos,ou abafar o riso, fingir que nada aconteceu. Mas, dar uma gargalhada é muito mais que isto, é soltar uma risada forte, ruidosa e prolongada.

Por que será que a gargalhada dos vilões é sempre tão gostosa e atraente?

Quem conseguirá se esquecer da gargalhada do Coringa ou de qualquer outro vilão, as gargalhadas deles são marcantes.

Bem, vou lançar aqui a minha teoria sobre a gargalhada do vilão:
Ele ri tão gostoso porque sabe que não precisará desistir de azucrinar a vida do mocinho, pois este, mesmo que possa, não irá exterminá-lo, pois, como se sabe, a sobrevivência do mocinho depende da insistência do vilão, que se esbalda gargalhando, sempre.

[Por: Sônia Moura]

LEME

                       Leme                                

LEME   
(Autoria: SÔNIA MOURA)

Na sala, uma cadeira rangia
Na boca, o gosto da azia
Na cabeça, uns pensamentos agiam
Mas, da saudade só ele sabia

Nos olhos, uma dor tão vazia
Na mente, um retrato sem cor
No corpo, calor de um velho amor
Mas, da saudade só ele sabia

No peito, um coração batia
Nos lábios, um nome ardia
Nas mãos, um papel desbotado
Mas, da saudade só ele sabia

Na varanda, uma vassoura varria
Na cozinha, uma panela fervia
No quarto, uma cama vazia
Mas, da saudade só ele sabia

Na parede, um calendário insistia]
Na mesinha, um relógio marcava
No seu corpo, uma esperança morava
Mas, da saudade só ele sabia

De repente,

A cadeira aos poucos parou
E se desfez a azia
Os pensamentos não mais existiam
E a dor não mais havia

Quando tudo escureceu,
O retrato se apagou,
E só o frio restou,
O nome se desmanchou
O papel se esfarelou
A casa ficou vazia
O coração se calou
E a saudade novo rumo tomou
(Do livro POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Mour)

UM DISCURSO SEDUTOR – artista, público e arte [Parte I]

UM DISCURSO SEDUTOR –  artista, público e arte [Parte I]  arte

[AUTORIA: SONIA MOURA]

A arte exibida em praça pública ou na rua é uma  forma de comunicação, que funciona como uma ponte de convencimento sobre a qual transitam sujeitos(artista/público) e um objeto(arte), onde acontece a comunhão que promove as relações entre o discurso do artista popular e seus espectadores, colocando em cena o objeto de desejo de ambos “a arte popular”, transfigurada em produto cultural que, pela fala do artista, tornar-se-á fascínio para a assistência.

É o discurso sedutor do artista-apresentador que se manifesta em meio a singularidades e peculiaridades, mesmo sendo este um discurso eivado de  contradições no campo gramatical, mas que se apresenta de forma extremamente rica no campo semântico do encantamento, funcionando como poderosa arma de persuasão.

Por serem locais de passagem: o Largo, a Praça, a Rua – espaços livres – onde arte e artista se exibem- este locais  suscitam o convite à “correria” dos tempos pós – modernos. Transeuntes, normalmente, não param sequer para olhar o seu entorno. No entanto, nossas observações e pesquisas de campo, mostraram que um número considerável de pessoas, dispostas, quase sempre em círculos ou semicírculos, tendo ao centro o artista e sua arte, param para assistir e participar destas formas de manifestações artísticas.Este público dedica parte do seu tempo livre (às vezes, todo o tempo livre) – por exemplo: a hora do almoço – ou parte do breve tempo de trânsito por estes espaços – para assistir às apresentações.

Quando o espaço público é  ocupado por  artistas e por suas diversas formas de arte mambembe, não há, geralmente, o respaldo de qualquer forma de divulgação (mídia) e sem uma política cultural que os ampare, resta, então,  ao artista > produtor > divulgador > autor >apresentador de seu produto colocar em evidência o recurso discursivo verbal, utilizando-se dele como a melhor forma de divulgação do seu produto, como ponto de atração, de convencimento, de sedução do espectador e como meio de aproximação entre arte/artista/público.

Convém ressaltar que este convencimento e esta forma de atrair o público passante é envolvida por  outras formas de linguagens complementares: gestos, sorrisos, olhares, expressões corporais e , até mesmo, imitações de vozes de animais, e todas estas formas passam a ser coadjuvantes neste/deste espetáculo.

Por outro lado, a divulgação e a “venda” deste modelo de arte acontecem simultaneamente, assim, o artista > divulgador precisa ter maior destreza na fala e convencer o seu público, para que, ao final da apresentação, a platéia não esteja esvasiada e a sua “venda” se realize favoravelmente, o que será visto pelo montante arrecadado por ele ao final de sua apresentação.

Percebe-se, então, que um dos papéis do discurso é feito pela sedução de linguagens diversificadas, que  conduzem a comunicação, assim como nos mostra o legado de Aristósteles, isto é, – a importância dos processos argumentativos – vistos como um conjunto de raciocínios não coercivos, e sim coesivos, sustentadores do discurso e permissores de inferências indutivas e dedutivas, promovendo cumplicidades com o mundo e entre mundos: o mundo do ator e o do seu público juntamente com o mundo da arte; promovendo cumplicidades das gentes e dos gostos, tudo pelos caminhos das sedutoras cumplicidades discursivas.

 

[Autoria: SÔNIA MOURA]   

TÁ NA HORA! TÁ NA HORA!

TÁ NA HORA! TÁ NA HORA!     relógio

(Autoria: SÔNIA MOURA)

O relógio grita e repete:
– Tá na hora! Tá na hora!
Saia da cama, Maria,
É hora de ir para a escola
Você precisa acordar!

A coberta se rebela:
– Larga ela! Larga ela!
O colchão se descontrola:
– Não amola! Não amola!
O travesseiro reclama:
-Não quero sair da cama!
E o lençol o acompanha:
– Eu também não largo a cama!
Enquanto a fronha protesta:
– Não me apressa! Não me apressa!
E a cama a bocejar:
– Deixa a menina ficar!

Com o seu direito de guardião,
O relógio insistia:
Tá na hora! Tá na hora!
Saia da cama, Maria,
É hora de ira para a escola!

Maria se espreguiça
Vira para um lado
E para o outro
E continua deitada,
Nem pensa em se levantar,
Pois a cama tão quentinha,
Maria não quer deixar.

O relógio se desespera:
-Tá na hora! Tá na hora!
Saia da cama, menina,
Vai perder o ônibus da escola.

Maria dá dois muxoxos
E diz: – Relógio não me aborreça,
Me deixa, quero dormir,
Saia daqui, desapareça!

O relógio não desiste
E mais uma vez insiste:
– Tá na hora! Tá na hora!
Saia da cama, Maria,
Você tem de ir à escola.

Enquanto a menina sonolenta
O seu destino lamenta,
No relógio, os ponteiros desiguais
Vão o tempo arrastando
E as horas sempre marcando
E sem nada reclamar.

Agora é mamãe quem fala:
-Pula da cama, menina,
Está na hora, levanta!
Corra já para o banheiro
E trate de se arrumar!

A mãe da Maria está brava e
Todo mundo se assusta:
O cobertor se encolhe,
A fronha se descabela,
O lençol vai-se esticando
O colchão começa a tremer
A cama põe o estrado a ranger
Mamãe não está brincando,
Maria se levanta rápido,
E acha melhor correr.

Na mesa de cabeceira
O relógio assiste à cena
E resmunga no seu tiquetaquear:
– Eu bem que queria dormir
Mas trabalho noite e dia
E não dá para parar
Maria, você que é feliz,
Tem hora para descansar.

Maria escuta aquilo
E começa a pensar
Amanhã levanto na hora
Coitadinho do relógio
Não vou mais trabalho lhe dar!

(Do livro: Brincadeira de Rimar de SÔNIA MOURA)

dormir

ASTROS LÓGICOS

ASTROS LÓGICOS(Autoria: Sônia Moura)

Aceite o convite do sol
E cometa loucuras,
Vá viver no mundo da lua

Seja uma estrela de muitas grandezas
Espalhe sua luminosidade com ternura
Depois, aproveite as forças gravitacionais
Faça travessias e também travessuras
É o melhor que você faz

Para sua boca da noite adoçar
Coma um doce bem gostoso
Coberto com um bom punhado de estrelas
E que tenha sido preparado na cozinha da abóboda celeste
E, sem culpa, acrescente colheradas de muitas nebulosas

A seguir descanse calmamente
Sobre um colchão feito com bilhões de estrelas
E, em seguida, vá passear no próximo asteróide

Se o tempo por lá mudar
Abra um guarda-chuva furado
E não se proteja da chuva de estrelas cadentes
(Isto só funciona para quem é crente!)

Lá na frente, naquele planeta brilhante,
Você encontrará o seu amante
Por favor, só não me arranje um amor –meteoro

Mas se isto acontecer, siga o curso celestial
Arrume um vestido novo
Salpicado de muitos Sóis, Luas e Cometas
Então, fuja para uma nova Galáxia
Só tome cuidado com o Buraco Negro,
Não chegue perto, não se arrisque

Ah! quer saber?, se arrisque sim
Vai por mim
E deixe o seu Corpo Celeste
Perder-se em algum ponto do céu noturno
Torne-se radiante,
Enfrente a vida, siga adiante

Vá até a Via Láctea
Beba um copo de leite bem morninho,
Misturado a um bom chocolate
Isto acalma a alma
E nos faz mansos como um passarinho

Depois, pare para ouvir
Os conselhos da Ursa Maior
Brinque com a Ursa Menor
Reze uma Salve Rainha com as Três Marias
Elas são boas companhias

Aproveite a viagem, vá ao Zodíaco
E procure saber o que diz o seu horóscopo
Escreva tudo numa nuvem clara
E preste a atenção no que a vida te prepara

Pegue carona no dorso de Pegasus
E voe num galope até a próxima praça
Faça chiste, faça graça
E dos arreios se desfaça
Não dê confiança à desgraça, tudo passa

Agora, encha a Taça de vinho,
Temperado com o mel das estrelas
E deguste este novo sabor
Enquanto passeia pela selva celeste
Que, lá no céu, não tem este nome não
Chama-se Constelação
Ah! e se Pegasus corcovear demais
Segure-se na Cabeleira de Berenice
Grite por Hércules e siga em frente
Vá refrescar-se na Aurora Boreal
Ela é uma fonte linda e muito legal

Por fim, vá ao Cruzeiro do Sul
Acenda uma Vela
Arrume seu Altar
Faça uma prece
Peça tudo de bom
Acredite que vai conseguir
Pois você merece!
(Do livro:POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura)

astros

Amor ou Paixão?

Amor ou Paixão?

(Autoria: SÔNIA MOURA)

Amor ou Paixão

Você sabe bem o que é amor?
Sabe ou prefere ainda rimar amor e dor?

Amor pode ser primo irmão da paixão,
Mas, se o primeiro enobrece,
A segunda embobece
E a confusão se estabelece

Amor ajuda a construir
E também se constrói a dois
Ajuda a  sonhar, a projetar o futuro,

Com o amor, eu juro
Tudo se multiplica, se soma e se divide,
Mas, nunca, nunca mesmo se subtrai

Amor não faz sofrer
Amor faz pensar e perdoar
Porque o amor foi feito para amar
Feito pra rir e não pra chorar

A paixão, ah! a paixão
Queima a alma e o coração,
Não vou negar
Estar apaixonado é bom
Por um tempo
É como se saboreássemos
Uma caixa cheia de bombons

Mas tem uma coisa
Que não se pode esquecer
Paixão é como fogo de palha
Que se espalha, faz fogo,
Faz fumaça
E logo, logo, passa

É claro que você tem direito de escolher
Sofrer ou aprender a viver

Vida é isso que o amor nos dá
Então, criatura, deixe o passado de lado
E viva com alegria, se dê prazer
Jogue fora o que foi paixão
Ela já deu o que tinha que dar
Agora não vale mais nada não

Acredite entre o amor e a paixão
Existe você
E só você desenha a sua paz
Só você constrói sua felicidade,
Acredite, é verdade

Então…

Deixe o amor se estabelecer
Compre ações, abra uma poupança
E deixe o amor render
Você vai ver
A alegria crescer
A felicidade brotar
E aproveite para sonhar
Pois feliz você vai ser!
(Do livro: Poemas em Trânsito de Sônia Moura)

O CONVITE

O Convite
(Autoria: Sônia Moura)

cONVITE DE cASAMENTO


Há quase dois anos Regina namorava Guilherme, conheceram-se durante uma viagem de negócios que fizeram a São Paulo. O tempo passara muito rapidamente, eram os dois anos mais felizes da vida daquela linda morena de cabelos negros e anelados e de grandes olhos azuis.

Guilherme era um jovem executivo que dirigia uma grande empresa em Porto Alegre, enquanto no Rio de Janeiro, Regina exercia as funções de uma executiva tão competente, quanto ocupada.

Eles não se encontravam com a freqüência desejada, pois, além de terem residência em cidades diferentes, ambos viajavam muito. Mas, ainda assim, o namoro ia de vento em popa, o casal parecia feito um para o outro, e, quando estavam juntos, como dois pombinhos, arrulhavam em hotéis pelo Brasil afora, pois dificilmente conseguiam se encontrar em suas cidades.

Vez por outra, Guilherme também viajava à Europa, onde ia visitar seus pais que moravam em Londres, aproveitava para tratar de negócios, participar de congressos e de outros eventos, e, embora Regina também fosse à Europa, a trabalho, não tinham conseguido ir juntos ao velho continente.

Um dia, Regina foi chamada à presidência, fora designada para participar da inauguração da nova filial. Esta notícia foi bem recebida, parecia um milagre, pois Regina iria poder tirar uns dias de folga.

Na verdade, a história não é bem assim, mas a inauguração de mais uma filial na cidade de Moréia e, ali pertinho de Moréia, numa cidade a mais ou menos três horas de viagem, morava Virgínia, uma amiga de infância de Regina, que se casara e fora morar numa cidade chamada Real, assim sendo, a executiva decidiu que, estando tão perto, iria fazer uma visita à amiga e aproveitaria para ficar por lá mais uns dias, além dos quatro dias em que estaria participando da implantação da nova filial.

Naqueles dias, Guilherme estaria em Paris e passaria também um tempo em Londres, visitando os pais. Aliás, pensou Regina, ainda não pude conhecê-los e nem ao restante da família, também, todo mundo morando fora do Brasil, só Guilherme viera para cá, para dirigir a filial de uma das empresas da família, no Brasil.

No aeroporto, Regina e Guilherme despediram-se e tomaram rumos diferentes, ele ia rever a Torre Eiffel e o Big Ben e ela iria conhecer aquela cidade de nome tão estranho – Moréia – e as suas famosas árvores frondosas que, naquela época, estavam floridas, colorindo as ruas, os becos e os quintais das casas, depois, iria cair na Real, quer dizer, iria à cidade chamada Real, a moça riu de seus pensamentos.
Iria descansar naquela pequena cidade e, principalmente, iria respirar o ar puro do campo, beber leite fresco, comer as coisas gostosas da fazenda de Virgínia e João.

Na despedida, Regina sentiu que Guilherme parecia querer falar-lhe algo, mas hesitou e partiu, deixando-a com um longo beijo na boca e com estas palavras a martelar-lhe os ouvidos: -Haja o que houver, lembre-se de que eu amo você! Regina resolveu não pensar muito sobre a hesitação de Guilherme.

Na primeira semana, com a competência de sempre, Regina cumpriu o seu papel, orientou, fiscalizou, definiu estratégias, e, no último dia, à noite, houve uma pequena festa, seguida de um jantar de despedida para o alto escalão da empresa.

Durante a festa, Regina percebeu os olhares interessados que Jorge, um dos gerentes, lançava em sua direção, mesmo lisonjeada, preferiu ignorar, por duas razões: não gostava de misturar trabalho e namoro e, claro, em sua vida, havia Guilherme.

Na manhã seguinte, bem cedo, um carro da empresa estava à disposição para levá-la à cidade Real.

Virgínia e João a esperavam, ansiosos. As amigas abraçaram-se com a força da saudade acumulada, há muito tempo, depois, Regina foi apresentada a alguns empregados da fazenda Confraria que se encarregaram de seus pertences.

Aquele primeiro dia na fazenda serviu, principalmente, para que as amigas atualizarem alguns assuntos, pois, embora se comunicassem por e.amils, msns e telefones, nada substitui o encontro cara-a-cara, olho no olho. E nos momentos seguintes, haveria passeios, risos, beber o leite fresquinho, ver o gado no pasto e desfrutar das coisas boas que existem em uma fazenda como aquela.

As duas eram de famílias abastadas, Regina era a única herdeira de uma família, que dominava o mercado imobiliário, em várias capitais brasileira, além de outros negócios, já Virgínia, assim como João Alberto, era filha de importantes latifundiários, e, ao se casarem, resolveram ir morar no campo; ele veterinário e ela administradora de empresa, ficaram com a Fazenda Confraria para dela cuidar.

Quando Regina falou para Virgínia que ainda não conhecera os pais de Guilherme, a amiga estranhou o fato, mas Regina disse que Guilherme prometera que o encontro entre ela e os pais dele aconteceria em breve.

Na volta do passeio à cachoeira, um lauto almoço aguardava o casal e a amiga, após o almoço, um dos empregados entregou à dona da casa a correspondência que o carteiro deixara pela manhã, pedindo muitas desculpas pelo atraso da entrega.

A dona da casa começou a abrir os envelopes, e disse à amiga: – Desculpe, Regina, mas preciso fazer isso o mais rápido possível, porque aqui o correio, dependendo do tempo, às vezes atrasa, pois fica difícil para o carteiro chegar até aqui. Por exemplo, choveu muito, principalmente nas duas últimas semanas, aí, amiga, ninguém consegue chegar à fazenda.
No meio da correspondência havia um convite em nome do Sr. e Sra. Chusmann Steindorff, sobrenome da família de João Alberto, Virgínia falou: -Deve ser para os pais do João. E colocou o convite sobre o bufê.

À noite, como os pais estavam na Europa, João resolveu abrir o envelope, passou os olhos sobre ele e mostrou- o à mulher, acrescentando:- Papai me falou sobre este casamento, sabedores das dificuldades para se chegar aqui, principalmente nesta época, os pais do noivo entraram em contato com papai e formalizaram o convite por telefone, por isto, meus pais foram para a Europa.

Virgínia admirava detidamente a beleza, o design, a finesse daquele convite de muitíssimo bom gosto, era de fato muito bonito. De repente Virgínia disse: – Olha, a coincidência, Regina, o nome do noivo também é Guilherme.

– Ainda bem que não é o meu, respondeu Regina, rindo fartamente.

Em seguida, todos foram para o varandão jogar conversa fora, olhar o luar, sentir o vento fresco da noite e sentir o cheiro das flores, molhadas pelo orvalho. Lá pelas tantas, ainda surgiu um peão com uma viola, aí a noite se alastrou e demorou muito a passar, ninguém queria ir dormir.

Na madrugada, Regina resolveu escrever em sua agenda, palavras para depois mostrar a Guilherme e começou: Moréia, 23 de setembro…. Falou para si mesma: – Engraçado, Guilherme não entra em contato há três dias, já liguei para o celular, mas ele não atendeu, no escritório de Londres, dizem que ele não está, coisa estranha… Foi dormir e sonhar com Guilherme.

No dia seguinte, enquanto Virgínia dava ordens aos empregados, Regina apanhou o convite para apreciar-lhe a beleza, a cor perolada, era fascinante, abriu-o e lá estava: O Sr. Evanildo Pires Saldanha Istalaff Gadanha e Sra e o Sr.Marcel Euvides de Aurora Lombardo convidam para o casamento de seus filhos Guilherme Francesco e Heidden Tasty a realizar-se às vinte horas do dia 23 de setembro de dois mil e oito, na Igreja… .

Ao voltar para a sala, Virgínia encontrou a amiga desmaiada, enquanto o convite, agora sem nenhum glamour, dormia a seu lado…

(Do livro: Súbitas Presenças de Sônia Moura)