DIETA DO AMOR

 Dieta do amor

DIETA DO AMOR (Autoria: Sônia Moura)

O meu amor caminha solitário
E nenhum canto consegue acompanhá-lo
E assim ele segue no silêncio
Ruminando velhas palavras
Que se escondem dentro de mim
Num espetáculo de acrobacias sem fim

O meu amor caminha solitário
Abstendo-se de amar e errar
E eu, abstenho-me de degustar
Inteiramente o bom do amor
Faço dieta de amar e de sonhar
Faço a dieta do amor

O meu amor caminha solitário
Cheio de contusões e de fraturas
Precisaria ser muito bem cuidado
Mas me recuso a entregá-lo a qualquer um
Por isto, multiplico minha imagem:
Sou meu médico, meu tutor, meu guia
Não me alimento mais de ilusões
Secou meu poço de emoções
Vivo no deserto de minhas verdades

O meu amor caminha solitário
E para ele não haverá novos sentidos
Não haverá mais palavras novas pois,
Nenhuma delas irá mais me convencer
Hoje sou silêncio
Sigo sem pensar em nada
Escondo o meu amor
Deixo-o dormitar
Num canto solitário da saudade
Não quero pensar em nada
Não tenho mãos para segurar
Não tenho colo para me aninhar
Preciso me acostumar com a solidão

O meu amor caminha solitário
Fugindo de mãos e bocas traiçoeiras
Abro meus olhos
Ligo o botão da atenção
Estou sozinha
Sou sozinha
Vivo agora no meu mundo-solidão
Não quero visitas
Não quero invasão
Escondo-me de mim mesma
Escondo o meu amor lá no porão
Resguardo-o da luz
Defendo-o
Não o quero mariposa
Tonto e desvairado a buscar
A falsa luz de um olhar
Ou de promessas vãs

O meu amor caminha solitário
Enquanto meu corpo vive distante de minh´alma
Não quero mais me empapuçar de vãs promessas
Faço esta dieta para manter
A estética do meu coração

O meu amor caminha solitário
Há muito, muito tempo
E eu ainda não me acostumei
Driblo esta realidade
Inventando mentiras
Tão claras como o dia ensolarado
Mentiras que fingem ser clones
Das mais puras verdades
Quando digo que vou deixar o amor de lado
Ah!, minhas mentiras são bolhas de sabão
Que se arrebentam ao som destes meus versos
Pois ao primeiro chamado do amor
Largo esta dieta
E volto a me empapuçar
Com todos os doces momentos
Que o amor me apresentar
Então transfiro para um cofre reforçado
Todas as minhas falsas verdades
E me deixo plena para o amor e
Jogando fora palavras incapazes
Nado para a margem mais próxima
Agarro-me ao primeiro ramo salvador
Para viver mais uma vez a plenitude
De um novo amor

(Do livro: Poemas em Trânsito de Sônia Moura)

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