(DES)QUALIFICAÇÃO

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(DES)QUALIFICAÇÃO (Por Sônia Moura)
É sabido que, em qualquer forma de ditadura, domínio, preconceito e/ou desmando, a desqualificação do próximo é uma fortíssima arma usada como justificativa para todo o tipo de barbárie social ou mesmo direcionada a um só indivíduo.

Durante o período de escravidão brasileira, o negro foi (des)qualificado: ele era um “animal” sem alma, sem religião sem, sem, sem…. Após a abolição da escravatura, a (des)qualificação continua: negro fede, negro se não faz na entrada, faz na saída, negro não quer nada com trabalho, tanto que a “segunda-feira é dia de “branco”,negro é sempre suspeito.Por outro lado, os indígenas eram/são (des)qualificados e tratados como “indolentes”; nordestinos, como, “grosseiros”, “incapazes” e outros tantos grupos que sofrem com a desqualificação.

Enquanto o pobre, seja ele branco, preto, pele vermelha, amarelo ou verde com bolinhas roxas é sempre suspeito, incapaz etc. Claro que se ele for um pobre branco ou um branco pobre, sempre terá uma pontinha a menos de desqualificação.

O tempo e o espaço aqui são mínimos para falarmos das muitas formas de desqualificação social, mas, citemos mais algumas: em relação ao trabalho desempenhado, ao lugar de moradia, os do norte e os do sul (especialmente no Brasil), o gordo e o magro, a beleza e a “feiúra”, os países ricos e os países pobres e outros tantos.

Observem que durante a ditadura militar brasileira “slogans” qualquer acusado de/por qualquer coisa ou razão era considerado “inimigo da pátria”. Adolf Hitler e seus seguidores também buscaram desqualificar o povo judeu e todos aqueles, a quem eles perseguiram e trucidaram.

Este e outros conceitos tortos nos mostram quão dura é a desqualificação, uma vez que esta se enraíza no senso comum e, aí, o estrago para um determinado grupo é total e, pior ainda, dificílimo de ser desconstruído.Somente para ilustrar, existe um país, cujo presidente em exercício, eleito democraticamente pelo povo, por duas vezes e que mantém um alto índice de popularidade, sofre desqualificações constantes, é chamado de analfabeto e “otras cositas más”.

Mas este nordestino, que nasceu pobre, alfabetizou-se, lutou contra a ditadura e está governando este país com garra e valentia, ainda sofre avacalhações e zombarias. Por quê? Isto todos sabem, avacalhação ou zombaria, ainda que surjam como inocentes piadas são formas de desqualificação do outro.

Será mesmo que um homem que cuida muito bem de seu país e dá estas brilhantes e sinceras declarações merece ser avacalhado?


“Ao comentar ações de seu governo, Lula disse que foi alvo de “avacalhações e zombarias” em pelo menos dois momentos. Primeiro, segundo o presidente, foi durante uma visita à fabrica da Ford, em São Paulo, em 2003, quando avaliou que o País viveria um “espetáculo do crescimento”. “Fui motivo de piada e zombaria. Naquele ano, o Brasil acabou crescendo 5,8% e ninguém teve humildade de me ligar e pedir desculpas. É a minha vingança, já que ninguém pede desculpas neste País. Avacalham a vida das pessoas e não pedem desculpas”, desabafou.”

“Lula disse ainda que, no governo, sempre procurou levantar a autoestima dos brasileiros e chegou a comentar críticas que sofreu ainda na campanha pelo fato de não falar inglês. “Sempre disse que o Bill Clinton não falava português. E alguém está preocupado em como a gente fala?””

“O presidente avaliou que, no País, governantes e pesquisadores nunca levaram em conta diferenças regionais. “Quando comecei a percorrer o País percebi que o Brasil da minha São Bernardo não tinha nada a ver com o Brasil da minha Garanhuns. É impossível pensar o País de Brasília.””

http://br.noticias.yahoo.com/s/16092009/25/politica.html

Abra o olho, Brasil!!!! 

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