Mutantes (Autoria: Sônia Moura)
MUTANTES (Autoria: Sônia Moura)
Din-don acordou bem cedo
E foi ver o sol nascer
Subiu na duna mais alta
E começou a cantar
Precisava deste canto
Pra o destino mudar
A manhã se espreguiçou
E a lua foi dormir
O sol mostrou o seu rosto
Ainda com cara de sono
De quem dormiu e sonhou
Din-don se pôs a sorrir
Olhou o horizonte
E ali ficou quietinho
Vendo o dia aparecer
Surgindo atrás do monte
Seu canto foi cantar longe
Para um neném adormecer
E acordar quem precisa
Bem cedo ir trabalhar
Para depois descansar
Din-don era um canarinho
Que uma bruxa muito doida
Há muito tempo encantou
E quem era menino
Em passarinho tornou
Mas Din-don gostou desta história
De viver só a cantar
E agora dizem as más línguas
Que ele não quer mais trocar
Ser um passarinho é tão bom
Mas era preciso voltar
E Din-don arranjou um jeito
De seu destino mudar
Din-don pensou, pensou
E foi com a bruxa falar
Então ficou acertado
Din-don em dois mundos estaria
E lá e cá viveria
Nos dias pares, seria um menino
Correndo pelas campinas
Viveria para brincar
Nos dias ímpares, passarinho
A voar, voar, voar
A cantar, cantar, cantar
E como aquele dia
Era dia de número par
Din-don virou um menino
E depois de muito brincar
Correu até sua casa
E foi ver televisão
Até o dia acabar
No dia seguinte, então,
Tão ímpar como o dia
Dind-don era um passarinho
Que voando sempre ao léu
Foi bem pertinho do céu
Cantando sem parar
Até o dia acabar
A bruxa, doida demais,
Também gostou da idéia
E passou a viver assim
Um dia ela era bruxa
Que sabia remédios fazer
E no outro era uma fada
Que iria encantar
Mas, o fato é que bruxa ou fada
Iria surpreender
O mundo também é assim
Ninguém é sempre um só
Hoje filha, amanhã, mãe
Hoje neta, amanhã avó
A gente se multiplica
Menino, homem, filho e pai
Menina, mulher, filha e mãe
Ninguém jamais é um só
Não somos como as estátuas
Temos alma e coração
E como o mundo giramos
Somos todos uns mutantes
Vivemos para renovar
Assim como fez Din-don!
(Do livro: Brincadeira de Rimar, de Sônia Moura)