O ESPETÁCULO DA PALAVRA

                                                                                PALAVRA

O ESPETÁCULO DA PALAVRA [Autoria: Sônia Moura]

A palavra texto provém do latim textum que significa tecido, entrelaçamento, portanto qualquer forma textual resulta de um trabalho de juntar partes, tecer, para formar um todo, e, por meio da repetição, da progressão, da não contradição e da relação, uma rede  será formada para manter a coesão e a coerência textuais.

A língua (escrita ou falada), seu sistema de signos convencionais e seus elementos  tecem nossas mensagens, dão suporte à dinâmica social, às relações diárias e às atividades intelectuais e  esta linha construtora de texto é a principal forma de linguagem simbólica usada pelo homem no ato da comunicação.

Ampliando-se o conceito do termo texto, vamos defini-lo como qualquer tipo de comunicação que se manifeste por meio de um sistema de signos,assim: arquitetura, música, pintura, escultura, são textos, por meio dos quais o ser humano manifesta sua capacidade comunicativa.

A representativa comunicacional da linguagem verbal manifesta-se através do discurso e, na rede de relações que promovem a tessitura textual, dois elementos se destacam: a coerência e a coesão textuais.

O discurso é a representação da língua escrita e da língua falada, as quais guardam entre si relações intrínsecas, sem, no entanto, anularem as especificidades de suas características .

A língua falada recorre especialmente a signos acústicos e extralingüísticos e a gestos (voz, expressão, ritmo, som realidade) para marcar o que quer comunicar e a sua informação é permeada de subjetividade e também pode sofrer a influência do interlocutor; já a língua escrita firma-se pela representação da permanência e do registro que faz da história, além de exigir mais correção na elaboração das frases, por meio do uso de letras e sinais de pontuação.

Enquanto a língua falada por sua natureza é a língua do imediato e o tempo deste discurso é igual ao tempo da ação, a língua escrita dá visibilidade à articulação entre os signos lingüísticos, podendo ser reordenada, reescrita ou modificada, antes de chegar a seu destinatário e, até mesmo depois, quando cada leitor, a seu modo, “reescreve” o texto original, pela forma interpretativa que a este o leitor atribui.

Por ser intencional, qualquer forma de discurso aponta um alvo, um objetivo específico, isto é, sempre há intenção no que se fala ou no que se escreve.

Assim, a adequação da língua escrita ou falada deverá apensar-se a fatores tais como  a intenção textual e a quem esta se destina, pois, é fundamental que o receptor possa processar claramente a informação recebida.

Neste ponto, a língua falada se privilegia, uma vez que, na maioria das vezes, o interlocutor poderá inquirir o seu parceiro de fala, para que lhe esclareça algum detalhe não decodificado pelo ouvinte/interlocutor.
Desta forma, diferentemente da língua falada, o rigor das normas se fará mais ostensivamente presente no texto escrito, e este deverá apresentar-se com maior precisão do uso das normas gramaticais adequadas, preservando-se a intenção do autor/emissor do texto escrito.

Por tratar-se de um registro da história do homem, contrapondo-se à língua falada e à sua efemeridade, a língua escrita não é uma transcrição da língua falada, que é mais livre, mais solta, por exemplo quando se pode abreviar palavras (está= tá), para abreviar o tempo.

A língua escrita é a que dá maior visibilidade e “concretude” à articulação entre os signos lingüísticos, mas, em qualquer situação, a língua escrita só será apreendida se houver o domínio prévio da língua falada.

Desta forma, ainda que as formas discursivas nos sejam apresentadas por seus modos diversificados de recursos, com a finalidade  efetivar a comunicação,  o resultado de suas mensagens só se tornarão  o mais claro possível, somente se houver troca na comunicação, pois, somente assim  o texto terá cumprido o seu papel primordial: comunicar pelo prazer, pela aprendizagem, pelo poder memorialístico que ele vier a apresentar ou pela informação, isto é,  quando cada tipo de texto cumprir, de fato, o papel que a ele for destinado, pois o principal valor de um texto está centrado no seu poder de comunicação.

(Trabalho apresentado por Sônia Moura, no Colóquio: O Espetáculo da Comunicação – UFF- 2005)

Um comentário sobre “O ESPETÁCULO DA PALAVRA

  1. Lígia Coelho disse:

    Sônia

    Que aula maravilhosa sobre o texto e o discurso! Seu blog está muito bom!

    Aproveito para desejar a você e família um feliz natal

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