Escravidão

“Guardiões da humanidade”, nossos vizinhos do andar superior, com a superioridade delegada pelo poder econômico, comandam o mundo, fiscalizam, reprovam e exploram, de forma velada ou revelada todos os que estão na parte de baixo do mapa ou abaixo do que se determinou como riqueza, a econômica.

Ainda que, em muitos países pertencentes ao bloco denominado “inferior”, (segundo critérios econômicos- financeiros) existam muitas riquezas, que ainda não foram transformadas em moeda corrente valorizada, ou seja, não estão em bancos internacionais ou não fazem parte de Wall Street ou não aparecem na Nasdaq, aquietemo-nos, logo, logo, a varinha mágica das grandes potências há de tocar-lhes a fronte e, então, tudo se transformará em moeda, em divisa.

Os pensamentos até aqui expostos, nasceram, após a leitura desta notícia que nos chamou a atenção: “Deputados dos EUA discutirão trabalho escravo no Brasil”, esta atitude seria louvável, se não fosse invasiva. Será que não temos fiscalização, policiamento e autoridade em nosso país, necessitando, assim, que os nossos caridosos e humanitários vizinhos precisem invadir nosso território, para resolver nossos problemas?

Sei não.

Impuseram-nos costumes, invadiram a nossa cultura e principalmente, invadiram nosso território lingüístico e estas também são formas de escravizar outros povos, apagando-lhes os traços de identidade, fazendo nossa gente acreditar que somos menos valorosos do que os que moram no andar superior. Querem uma prova disto, façam uma visitinha a um bairro famoso, da zona Oeste, no Rio de Janeiro.

A língua francesa já se misturou à língua portuguesa e deixou heranças, mas, a invasão da língua francesa veio pela mão da vaidade, uma vez que foi ditada pela moda e pelo modismo, nos dois casos, o uso de termos em outra língua era/é símbolo de “status”, hoje, embora com novos contornos, dominar a língua inglesa ou empregá-la como nome de produtos ou de lojas, significa fazer parte dos bem-aventurados, dos afortunados, dos escolhidos, dos que hão de vender mais e dos que hão de comprar um produto com um nome, que, às vezes, eles nem sabem o que significa.

Cuidado, meu povo, para “eles”, os do andar superior (aqui na terra mesmo), o resto é o resto, basta vermos o que acontece nos locais de embarque de seus aeroportos.

Então, como explicar que quem explora o mundo e todo mundo, invadindo espaços, escravizando culturalmente outros povos, impondo-lhes costumes, maneiras de viver e, principalmente, fazendo com que outros povos comecem a desvalorizar um de seus maiores patrimônios: a língua materna, tenha o direito de julgar outros povos?

No entanto, se for para o bem dos que sofrem com o absurdo da escravidão, venham, senhores Deputados dos EUA, mas, por favor, tirem os óculos da grandeza, coloquem os óculos da realidade e calcem as sandálias da humildade, e, sendo os senhores, o protótipo do mito do salvador, por favor: salvem os que sofrem com o absurdo da escravidão, seja ela de que tipo for.

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