Do folhetim ao folhetim- Entretenimento – educação- ideologia

Do folhetim ao folhetim- Entretenimento – educação- ideologia

(Sônia Moura – UFF)

     PARTE I –  INTRODUÇÃO

Nosso trabalho tem como objetivo principal a instauração do alargamento da questão do nacional, destacando – se a visão dos movimentos artísticos decisivos e fundamentais para a disseminação e afirmação do nacionalismo brasileiro: o Romantismo e o Modernismo.

Uniremos as formas de linguagem: literatura e cinema, passando muito superficialmente pelo folhetim eletrônico – a televisão (*o assunto será tratado mais adiante).

É nossa intenção fazer o cotejo de diferentes e tão próximas abordagens destas formas de linguagem sobre o desejo da busca de uma identidade nacional e como a ideologia (Era Vargas), se apodera deste desejo, pois segundo Marilena Chauí: “A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dar-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos”.[CHAUÍ, Marilena de Souza. “O discurso competente”. In: Cultura e Democracia.       São Paulo: Cortez, 1989, P.174.)

Estas construções discursivas nos brindam com aventuras pelos  caminhos da palavra e da imagem. Imagem construída com a palavra do autor e reconstruída pela imaginação do leitor. Imagem construída pelo olhar do diretor (e de outros) e revisitada pelo olhar do espectador.

Pautaremos nosso trabalho sobre a afirmativa de que as ideias, ou a transmissão destas, podem ganhar interpretações e visões diferenciadas de acordo com o tempo e as ideologias vigentes. Vejamos o que registra Célia Pedrosa: “Cada ideia vai- se concretizar de várias maneiras, segundo a ideia que cada povo faz de sua identidade e a tendência estética e ideológica de cada artista.”

[PEDROSA, Célia. Nacionalismo Literário. In: Palavras da Crítica. (JOBIM, J.L.  -Org.). Rio de Janeiro: Imago, 1992, P.285.]

Mostraremos as interferências ditadas pelos fazeres artísticos e pela história, na construção de um imaginário simbólico do nacionalismo brasileiro, ressaltando duas concepções artísticas:  a literatura e, especialmente, o cinema –  fontes de disseminação, multiplicação e afirmação de ideologias políticas e sociais, durante o período do Estado Novo.

Olhar o outro e o olhar do outro; a nacionalidade: particular e universal gerando contradições, afastamentos e aproximações, nesta mostragem, levam-nos à confirmação de que a busca incessante  do elo que nos liga ao passado, a necessidade  de fundamentar a questão do nacional, dá-se, quase sempre, por meio de formas discursivas aparentemente  lógicas  e extremamente persuasivas, seja qual for a forma de linguagem empregada.

O filme ARGILA de Humberto Mauro servirá como suporte exemplar para esta exposição.

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