DITIRAMBO (por Sônia Moura)
Esse canto é pra você, amigo Baco,
Pois você é dos meus,
Menino do balacobaco!
Alguns querem lhe condenar
Mas não sabem do seu passado
Sua família era de amargar,
Era tanta confusão
Que nas coxas do papai Zeus,
Você foi parar
E lá, acabou de se criar
Mesmo assim seguiu em frente
Rindo do falatório das gentes
Muito vinho, muito riso
Mas nada de muito siso
Na Grécia foi Dionísio
E teve outros nomes mais
Sua vida era um folguedo
Coisa séria era brinquedo,
Transas a todo vapor
Com alma de menino viril
Ás vezes, uma menina gentil
Ainda assim
Dizem que você, amigo Baco,
Não tinha nada de fraco
Era espada, era demais!
Festas, danças, bebedeiras
Eram muitas bacanais
Nas Dionísias urbanas
Fossem gregas ou romanas
Eram flautas a soar,
Dançarinas de se admirar
Com máscaras a coreografar
A alegria era certa
A orgia era um fato
Dizem, amigo Baco,
Que daí nasceu o teatro
Agora, falando sério,
Sério?
Baco está a gargalhar…
Levar a vida na boa
Deixar de sofrer à toa
Viver a vida de fato
Com alegria e sem recato
Baco, querido Baco,
Não é mesmo o seu retrato?
(Da obra: Coisas de Adão e Eva, de Sonia Moura)