SÍMBOLOS – IMAGENS PRIVILEGIADAS – parte II

 SÍMBOLOS - IMAGENS PRIVILEGIADAS - parte II

SÍMBOLOS – IMAGENS PRIVILEGIADAS – parte II
[por SÔNIA MOURA]

Uma das funções primordiais do símbolo é ajudar o homem a decifrar o indefinido, o incompreensível, embora fortemente sentido, sem, no entanto, arrancar por completo o véu, pois, se o termo oculto revelar-se por completo, o símbolo perecerá.
Por ser a representação de imagens pinçadas do mundo real, concreto, o símbolo traz em si a sintetização das influências do consciente e do inconsciente e, longe de ser mera expressão linguística, por seu caráter dinâmico, sensível e afetivo, este usa a palavra, não para falar das coisas, mas para representá-las.
Unindo o visível e o invisível, o compreensível e o compreensível, o símbolo rompe com esquemas e conceitos pré-estabelecidos, transporta-se para além da razão, todavia, sua polaridade não exclui analogias e aproximações, como é o caso das grandes imagens arquetípicas que unem povos e culturas diferentes em torno de um símbolo.
Atuando em várias dimensões, o símbolo pode aparentemente separar, por suas diversas significações e interpretações, porém une ideias e pensamentos, quando uma ou mais comunidades se reconhecem, se encontram e identificam emoções pela força das expressões e representações simbólicas.
Segundo Paul Ricouer, com base dupla na sua construção e por sua tendência dual, o símbolo encontra-se “em duas dimensões, em dois universos:um de ordem linguística e outro de ordem não lingüista. (Ricouer, Paul. Teoria da Interpretação, 1987 p. 65).
Sem aprisiona-lo, a ordem linguística pode atribuir-lhe sentidos ou significações, mas sua marca está na dimensão não linguística, pela associação: imagens, ato ou fato à coisa simbolizada.
Caleidoscópio de incontáveis significações, os símbolos registram os aspectos emotivos da linguagem, revelando os poderes mágicos das palavra, as quais servem de referências para nomear as coisas simbolizadas. No entanto, é o símbolo que acaba por dominar o seu referencial.
As palavras apenas conseguem sugerir sentido ou sentidos para o símbolos, sem conseguir expressar-lhe todo o valor, pois este rompe com o estabelecido, reunindo os extremos numa só visão: mostrar e esconder, esclarecer e dissimular.
Os símbolos não se deixam levar, eles se impõem e têm suas próprias leis, assim, traduzindo o pensamento, quando governados pela realidade, tornam-se objetivos e racionais ao passarem pelo campo da semântica e, ao passarem pelo campo não semântico, enveredam pelo campo das emoções, dos prazeres, pelo que é subjetivo.

(Apresentado por Sônia Moura – UFF)

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