SÍMBOLOS – IMAGENS PRIVILEGIADAS – parte I

 SÍMBOLOS - IMAGENS PRIVILEGIADAS

SÍMBOLOS – IMAGENS PRIVILEGIADAS – parte I

A definição do que é um símbolo prende-se à definição de mistério. Onde há mais mistérios senão naquilo que é visível e invisível, tocável e intocável, velador e revelador, uno e múltiplo? Assim é que o multifacetado símbolo projeta-se num feixe atado que lhe dá unidade, universalidade, e, ao mesmo tempo, “individualidade”, tornando impossível desamarrar-se este feixe sem prejuízos imediatos e irreparáveis.
Uma vez que não se consegue aprisionar um símbolo ou impingir-lhe tradição, desestruturando qualquer sistema montado, este amolda-se, modifica-se ou perpetua-se, pois se firma pelo que não se vê e sim pelo que se sente.
Etimologicamente, o vocábulo símbolo, oriundo do grego, significa: juntar, reunir, confirmando o que está na origem desta palavra – símbolo é o objeto dividido em dois.
Na Grécia antiga symbolon (sinal de reconhecimento) representava, por exemplo, o objeto por meio do qual mais tarde os pais podiam reconhecer os respectivos filhos de quem se afastaram; também era a senha que os juízes atenienses recebiam ao entrarem no tribunal e contra a qual recebiam os soldados, o símbolo também era a senha entregue aos que assistiam às assembleias do povo.
Podia ser, ainda, uma espécie de passaporte ou licença de permanência para os estrangeiros que transitavam por uma povoação. Símbolo era, também, contribuição, sinal de convenção, palavra de ordem, ou seja, era tudo o que servia para reconhecer alguém ou alguma coisa.
Antes do uso da fala, o homem já utilizava símbolos, por exemplo, pintando composições figurativas nas paredes das cavernas, depois foram adotados novos signos: linguísticos, matemáticos, gráficos e outros mais, que, de um modo ou de outro, dirigem e organizam o pensamento, registram acontecimentos e comunicam fatos, ajudam o raciocínio e consolidam idéias e, como formas de linguagem, organizam o nosso viver.
Assim como outros símbolos, a língua (falada e/ou escrita) está ligada essencialmente à emoção, e, apesar de também fazer parte da estrutura mantenedora do sistema simbólico, só terá vida utilitária, se unir palavras e idéias, pensamento abstrato e pensamento verbal, que deverão ser pares solidários.
Por este motivo, às palavras são atribuídos poderes mágicos capazes de servirem como instrumentos de controle ou como força mais conservadora dos feitos da humanidade; aos signos numéricos são atribuídas peculiaridades abstratas, que, na prática, servirão ao concreto; aos símbolos oníricos são atribuídos fatores desiderativos (em simbologia direta, indireta ou mista); às representações artístico-visuais (desenhos, pinturas, retratos, esculturas) é atribuído o poder das perpetuações da imagem pela reprodução.
Os símbolos são cicatrizes que traduzem sobremaneira a essência neles guardada, por trazerem as marcas daquilo que representam e, também, são considerados expressões racionais e irracionais, concomitantemente.
Usados pelo homem para auxiliar o processo de pensar e registrar suas realizações ou frustrações, os símbolos povoam nossas vidas desempenhando função representativa, portanto, o grande valor deste será determinado pela apreensão da relação que se quer mostrar entre o símbolo e a coisa simbolizada.

(Apresentado por Sônia Moura – UFF)

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