SÍMBOLOS – IMAGENS PRIVILEGIADAS- I

 SÍMBOLOS - IMAGENS PRIVILEGIADAS- I

SÍMBOLOS – IMAGENS PRIVILEGIADAS- I  (por Sônia Moura)

A definição do que é um símbolo prende-se à definição de mistério. Onde há mais mistérios senão naquilo que é visível e invisível, tocável e intocável, velador e revelador, uno e múltiplo?

Multifacetado, o símbolo projeta-se num feixe atado que lhe dá unidade, universalidade, individualidade, tornando impossível desamarrar-se este feixe sem prejuízos imediatos e irreparáveis.

Uma vez que não se consegue aprisionar um símbolo ou impingir-lhe tradição, desestruturando qualquer sistema montado, o símbolo amolda-se, modifica-se ou perpetua-se, pois ele se firma pelo que não se vê e sim pelo que se sente, por isto, antes do uso da fala, o homem já se utilizava dos símbolos, pintando composições figurativas nas paredes das cavernas.

Depois foram adotados outros signos: linguísticos, matemáticos, gráficos e outros mais, que, de um modo ou de outro, dirigem e organizam o pensamento, registram acontecimentos, comunicam fatos, ajudam o raciocínio, consolidam idéias, fatos e organizam o nosso viver.

Etimologicamente, o vocábulo símbolo, oriundo do grego, significa: juntar, reunir, confirmando o que está na origem desta palavra – símbolo é o objeto dividido em dois. Já na Grécia antiga symbolon (sinal de reconhecimento) representava, por exemplo, o objeto por meio do qual mais tarde os pais podiam reconhecer os respectivos filhos de quem se afastaram, também era a senha que os juízes atenienses recebiam ao entrarem no tribunal e contra a qual recebiam os soldados, o símbolo também era a senha entregue aos que assistiam às assembleias do povo.

Podia ser, ainda, uma espécie de passaporte ou licença de permanência para os estrangeiros que transitavam por uma povoação. Símbolo era, também, contribuição, sinal de convenção, palavra de ordem, ou seja, era tudo o que servia para reconhecer alguém ou alguma coisa.

Às palavras são atribuídos poderes mágicos capazes de servirem como instrumentos de controle ou como força mais conservadora dos feitos da humanidade; aos signos numéricos são atribuídas peculiaridades abstratas, que, na prática, servirão ao concreto; aos símbolos oníricos são atribuídos fatores desiderativos (em simbologia direta, indireta ou mista); às representações artístico-visuais (desenhos, pinturas, retratos, esculturas) é atribuído o poder das perpetuações da imagem pela reprodução.

Os símbolos são cicatrizes que traduzem sobremaneira a essência neles guardada, por trazerem as marcas daquilo que representam e são considerados expressões racionais e irracionais, ao mesmo tempo.

Usados pelo homem para auxiliar o processo de pensar e registrar suas realizações ou frustrações, os símbolos povoam nossas vidas desempenhando função representativa, portanto, o grande valor do símbolo será determinado pela apreensão da relação que se quer mostrar entre o símbolo e a coisa simbolizada.

Assim sendo, uma das funções primordiais do símbolo é ajudar o homem a decifrar o indefinido, o incompreensível, embora fortemente sentido, sem, no entanto, arrancar por completo o véu, pois, se o termo oculto revelar-se em sua totalidade, o símbolo perecerá.

Por ser a representação de imagens pinçadas do mundo real, concreto, o símbolo traz em si a sintetização das influências do consciente e do inconsciente e, longe de ser mera expressão lingüística, por seu caráter dinâmico, sensível e afetivo, este usa a palavra, não para falar das coisas, mas para representá-las.

(UFF- 2009)

SÍMBOLOS - IMAGENS PRIVILEGIADAS- I

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *