PEDRA E PENA (Autoria: Sônia Moura)
Dizem por aí
Que o coração não pode pesar mais que uma pena
Mas uma voz em mim diz que isto é
Para tornar as coisas do amor mais amenas
Jura que isto é metáfora lisonjeira
É quimera, é arte, é astúcia, é brincadeira
O coração pode pesar mais que uma pedra
Basta que num delirante momento
Se instale em nós o sofrimento
E nos arraste para os males do abandono
Que o coração fica tão pesado para o seu dono
Que só mesmo os poetas
Conseguem inventar uma maneira
De suportar o peso desta cruel brincadeira
Carregando este fardo retumbante
De herói, o amante transforma-se
Em renegado meliante
Mas ainda assim segue adiante
A arrastar pedra como se fosse pena
E é o vai-e-vem dos mistérios do amor
Que faz com que sofrimento e dor
Nos enganem em vestes de ator
Para que a ilusão torne a vida mais amena
E no palco da vida brilhará o meliante – herói
A repetir:- O amor como dói, como dói
E Cupido a gargalhar:
– Que pena! Que pena! Que pena!
(Da obra: Poemas em Trânsito de Sônia Moura)