O BAILE DAS MÁSCARAS (por: Sônia Moura)
Parte I – INTRODUÇÃO
Há muito e muito tempo, em lugares distantes, o homem procurava estabelecer a ligação entre o imaginário, as crenças, as forças da natureza, a vida e a morte, ou seja, começava a deslizar pelos enigmas do universo, ou seja, pelos enigmas de seus respectivos universos. Começava a dialogar com a presença do sobrenatural. O religioso e o místico, naqueles tempos (e hoje também) são raízes a partir das quais o mundo se organiza.
Assim começa a nossa história…
Com a finalidade de invocar seus deuses ou estabelecer comunicação entre eles e a comunidade, o homem usou um veículo que até hoje roda o mundo, e a este veículo deu o nome de máscara, materializando, a partir de então, desejos, dúvidas, incertezas.
Assim prossegue esta história…
Deste modo, o sagrado e o profano foram tomando corpo pelo corpo das máscaras, mas, com o passar do tempo, entrelaçados, o sagrado, o profano, o limite entre os rituais e os processos mágicos impostos e dispostos pela máscara foram-se diluindo nas ondas do tempo, e, na Grécia antiga, ao se abrirem as cortinas, no palco (ou fora dele) as máscaras passam a desempenhar um papel racional, deixando de lado o ritual para representar o drama (ou seria a dramatização ritualizada?).
Assim começou o baile das máscaras…
O tempo passou, os caracteres primordiais das máscaras foram-se se apagando, somente nas máscaras mortuárias, que preservam a visibilidade da identidade terrena do morto e são o ponto de cisão da vida terrena, estes caracteres ainda resistem, embora, até os dias de hoje, seja difícil classificá-las como sagradas ou profanas.
Assim, a morte dá vida à vida…
No teatro, na dança, nas festas populares, nas diversas formas de espetáculo, encontramos as máscaras brincando com nossa fantasia, desempenhando papéis sociais: transgressão, ironia, alegria ou participando das festas rituais, desta forma a associação entre o homem ancestral e o homem da atualidade é mantida, para que estes possam se ver nas grandes telas do mundo, pelo poder da transfiguração, da transformação.
Assim o ontem e o hoje convivem…
No início (e em muitos casos até hoje), as máscaras representam: o sagrado – veículo de magia e ritual, símbolo do mundo misterioso e místico, elemento através do qual se pode adorar deuses, espíritos, se pode dialogar com a natureza, manifestação dos seres sobrenaturais; o profano – veículo de ação dramática, têm poder de ocultar ou revelar personalidades e personagens, estabelecer diferenças de classes, permitem a sátira, a ironia; a iniciação – ligadas aos rituais de passagem, podem ser sagradas ou profanas; a proteção – dotadas de caráter particular, utilitário (guerra, trabalho, esporte), protegem o homem dos perigos, das dores e dos males, ameaça física ou sobrenatural; a distinção – usadas por seitas ou entidades secretas; a sujeição e o domínio – controle sobre uma pessoa ou um grupo; a virtude e a coragem – dos heróis e dos bandidos (modernamente nos quadrinhos e nos desenhos animados); a decoração – servem à beleza estética, nesta forma, o caráter mágico- ritualista inexiste.
Assim os papéis se definem…
[Apresentação – UFF – 2005]
Após assistir sua aula na Universidade da Mulher, foi uma satisfação conhecer seu blog e aprofundar sobre as mascaras parabéns.