GOTA DE ORVALHO (Autoria: Sônia Moura)
Amava as rosas de seu jardim, guardiãs de sua bela história de amor.
Percorria-o todos os dias, em busca de um passado escondido, que sempre renascia no silêncio de suas rosas.
O primeiro encontro e a primeira rosa ofertada renasciam a cada manhã primaveril, e, só assim ela também se sentia uma menina a brincar no meio do jardim, com a primavera de ontem e de hoje.
Para deixar-lhe na boca o gosto do mel, Darlam a conduzia pela mão, até a torre do castelo feito de flores, e, atrás da roseira com suas flores vermelhas, o amor de ambos explodia no ar, junto com as gotas que bailavam nas pétalas da rosa vermelha.
Naquela manhã, tornou-se de fato a linda jovem de outrora, sentiu-se leve, correu até a roseira de flores vermelhas e deixou-se elevar ao infinito, dentro de uma gota de orvalho, que mais parecia uma linda conta transparente, igual àquela que a princesa de um livro muito antigo usara no dia em que dançara com o príncipe encantado.
A partir daquele dia, Cilene tornou-se encantada, também.
Da obra CONTOS e CONTAS de Sônia Moura)