POEMA PÓS-TUDO de AUGUSTO DE CAMPOS – parte I
(Autoria: Sônia Moura)
Há diversas possibilidades de leituras para todo tipo de texto, são os elementos propagados e defendidos pela Teoria da Recepção como: a pré- disposição, a aceitação ou a rejeição.
Partindo desta premissa, será a visão do leitor que indicará cada talho do poema “PÓS-TUDO” de AUGUSTO DE CAMPOS, indicando que a base concretista e a estrutura formal deste poema não nos aprisiona a lê-lo e a vê-lo somente como uma forma de exaltação ao movimento concretista ou de repúdio ao Pós- Modernismo.
O poema poderá ser, entre outras possíveis leituras, a confissão do poeta concretista que reconhece e aceita a nova poesia Pós-Moderna;deste modo, CONCRETISMO e PÓS-MODERNISMO se intertextualizarão neste poema.
Para atingirmos nosso objetivo, partiremos de alguns pressupostos teóricos que cercam o MODERNISMO – CONCRETISMO e o PÓS-MODERNISMO.
Em seguida, faremos uma apresentação de “algumas leituras possíveis do texto “, demonstrando, através de análises (semânticas, fonéticas, morfológicas e sintáticas) que as relações, associações e dissociações apontadas nos permitem ver no poema (dependendo da leitura que se faça): a crítica , a ironia, o descaso, a reflexão, a reformulação, a aceitação ou, até, a junção de alguns deles numa mesma leitura.
A arte Moderna provoca, de saída, uma contemplação fria, intelectual, distante; a arte Pós-Moderna é quente, o artista é que tem a “cabeça fria”.
As VANGUARDAS modernistas têm seu grito de guerra nos Manifestos. Estes deixavam passar as emoções e as idéias modernistas que pareciam dizer: “ nós conduziremos vocês “ (leitores, espectadores, ouvintes); os pós-modernistas fazem da arte uma grande brincadeira, uma ironia, formam a roda e dizem; “quem quiser pode chegar“.
A Literatura Modernista está carregada de mensagens propondo mudanças sociais, carregada de protestos, faz crítica ao mundo. O autor pós-moderno não quer ser mensageiro de nada, não quer protestar contra nada, não questiona passado ou presente; apenas convive, e a ausência de futuro incita o resgate do passado.
O Moderno, por sua hermeticidade, foi “arte de elite“; o Pós-Moderno deixa-se cativar por elite e massa.
O texto modernista, embora possa ser zombeteiro ou irônico (uso da paródia) – ainda assim é sério, porque traz com ele a crítica; Pós-moderno é descontraído, não consegue e nem quer a seriedade que anda por aí; por isso, prefere brincar, fazer pastiche.
O Modernismo teve sua fase heróica – 1922 a 1930 -, sua fase construtiva, sua fase de reflexão – 1945 a 1950 – e, por fim, a partir de 1950, novas tendências na poesia são o destaque: Concretismo, Neo-Concretismo, Práxis e o Poema-Processo; o Pós-Modernismo não tem fase ou divisões, ele é PLURAL.
(Autoria: SÔNIA MOURA)