O Baile das Máscaras – Parte III

O Baile das mnáscaras

Máscaras – raízes e poderes  (por Sônia Moura)

Parte III

Os povos apreenderam plenamente o significado mais profundo das máscaras ao fazerem destas um instrumento que desenha a trajetória do homem do nascimento à morte. Nem sempre a máscara traduz a emoção do indivíduo, porém, ao buscar através dela a constância das emoções e sua universalidade,  o particular passa a ser  compreendido e superado, e, desaparece para dar lugar ao universal, pois, por sua natureza, a máscara apresenta ligações com necessidades psicológicas básicas, comuns a todos nós.

O elemento motivador mágico- religioso das máscaras está ligado às necessidades da vida cotidiana, mas  nas artes e em outros empregos , a máscara  serve, especialmente, para permitir ao homem conviver com a multiplicidade da vida e para que ele possa criar novas realidades, desta forma  poderá ser  homem, espírito, bom, mau, animal, divindade, portanto, a máscara dá voz a metamorfoses simbólicas,  este é o poder transfigurador da máscara.

Ligado às forças misteriosas, o uso ou o culto das máscaras para muitos povos propicia a capacidade de modificar a realidade e a evolução humana, penetrando no mundo sagrado de seus antepassados (humanos ou animais) e conectando-se com eles, transformando o mundo complexo e hostil em um mundo menos hostil.

A máscara permite a participação e a exploração, quando une a comunidade inteira como um único corpo em torno dela, quando da sua representação o grupo “fala” a mesma língua simbólica e complexa, que só pode ser interpretada por iniciados.

Por exemplo, para o africano, a máscara é toda a indumentária, portanto pode ser um pingente com o rosto de um antepassado ou para proteção, pode ser apenas um acessório para ser mostrado em reuniões de iniciados, pode ser vestida, colocada sobre o rosto,  como capacete ou como “amuleto”.

Unindo máscara, dança e ritmo, o africano representa na máscara a essência do universo, o ponto mágico de contato e de participação do homem com a natureza, ao dar a mesma além da forma,  movimento e ritmo.

Portanto, o uso de máscaras liga-se a cada evento e às suas finalidades.

Eis as principais funções de uma máscara:

a) Ajudar em disfarces;

b) servir como símbolo de identificação;

c) ajudar a esconder identidades;

d) como elemento transfigurador;

e) pode representar: espíritos da natureza, deuses, antepassados, seres sobrenaturais ou rosto de animais;

f) parte de rituais;

g) para integrar/inteirar dança e/ou movimento;

h) fundamental em expressões religiosas;

i) adereço;

j) previnir contágios de outras pessoas.

k) símbolo de caráter “enganoso”.

Assim acontecem os diálogos com realidades transcendentes…

(Apresentação UFF – 2005)

O Baile das máscaras

O BAILE DAS MÁSCARAS – parte II(Origens e Significações)

 O baile das máscaras

O Baile das Máscaras  (por: Sônia Moura)                                                                                

Parte II – Origens e Significações

           A origem etimológica da palavra máscara apresenta controvérsias: maschera(árabe) >< masca(latim)= “demônio”; mashera>mashara  (italiano) = bufão; maschera> mashara> masca>máscara = bruxo, feiticeira (origem celta, germânica), pode significar também: pessoa (persona- lat.), emoção; alma (seele – alemão), monstro (grego). Todas estas significações são pertinentes se levarmos em conta que o uso da máscara – facial ou corporal – permite ao homem exercitar sua loucura, sua fantasia, sua alegria, permite ser  outra persona, extravasando sua emoção, liberando seus monstros, seus demônios e a sua fé, sua convivência com o desconhecido, com a vida e com a morte.

Assim a palavra confirma as significações…

            As máscaras originaram-se na tatuagem e na pintura corporal, no disfarce animal utilizado pelo caçador e no culto dos crânios nas sociedades primitivas, com os grandes criadores chamados “povos nus”, para os quais a máscara não representava ou simbolizava o demiurgo ou o ancestral, a máscara era o próprio.

Assim os deuses se manifestavam…

             E, desde os princípio, o valor artístico da máscara está ligado a seu valor simbólico e ao seu poder de expressão, uma vez que  estes permitem ao homem a catarse dos seus males, a convivência entre este e outros mundos e a vivência de suas alegrias. Sabe-se que muito deste conteúdo perdeu-se enquanto objeto concreto, mascarando-se em disfarces psicológicos, filosóficos ou sociológicos ligados às necessidades sociais de sobrevivência.

Assim a arte interage com a magia, com o sagrado, com o profano e com o dia a dia …

(Apresentação – UFF/2005)

O baile das máscaras

SOS – Região Serrana (postos de arrecadação)

Região serrana

É sempre bom ajudar a quem precisa, concordam?

Uma verdadeira rede de solidariedade se forma em prol das vítimas das chuvas que atigiram a Região Serrana do Estado do Rio. A maior necessidade é por água, leite em pó, materiais de higiene e limpeza e colchões. Confira os endereços onde os donativos podem ser entregues:
 Flamengo, Catete, Largo do Machado – rua Correa Dutra, 99 / rua Machado de Assis, 50
Batalhões da PM/RJ: Todos os batalhões da PM do Estado do Rio de Janeiro vão recolher doações.
Polícia Rodoviária Federal : – BR-116: Km 133 (funciona 24h); – BR-101: Km 269 (funciona 24h); – BR-040: Km 109 (das 8h às 17h); – BR-116: Km 227 (das 8h às 17h)

Cruz Vermelha: – Praça da Cruz Vermelha 10, Centro do Rio.
Praças de pedágio da BR-040 (Concer): Duque de Caxias (km 104);  Areal (km 45); Simão Pereira (km 816);Sede da concessionária (km 110/JF, em Caxias)

Rodoviária Novo Rio: – Avenida Francisco Bicalho 1, Santo Cristo, no embarque inferior, das 9h às 17h.

Supermercados do Grupo Pão de Açúcar: – Há postos de coleta em todas as 100 lojas das redes Pão de Açúcar, ABC CompreBem, Sendas, Extra Supermercado e Hipermercados e Assaí em todo o estado.

Petrópolis: Centro da cidade: Rua Aureliano Coutinho 81.

Itaipava: Igreja Wesleyana, no Vale do Cuiabá, e na Igreja de Santa Luzia, na Estrada das Arcas.

Teresópolis – Ginásio Pedrão, na Rua Tenente Luiz Meirelles 211, Centro.

Estações do metrô (RJ) – Carioca, Central, Largo do Machado, Catete, Glória, Ipanema/General Osório, Saens Peña, Botafogo, Nova América/Del Castilho e Siqueira Campos/ Pavuna
**Hemorio recebe doações de sangue – 7h às 18h, todos os dias da semana, inclusive aos sábados, domingos e feriados – Rua Frei Caneca, 8 – Centro – Tel.: 0800- 2820708

AMOR, AMOR!

 AMOR! AMOR!

Amor, Amor!  (por Sônia Moura)

 

O amor precisa ser cuidado, ou melhor, muito bem cuidado.

É mais ou menos como fazer um doce ou uma geléia de frutas, é preciso mexer, mexer e mexer o tempo todo, se não o doce gruda no fundo da panela e queima, perdendo o sabor da fruta para dar lugar a um sabor amargo. Então, o que fica é apenas o gosto do doce queimado.

Também, se estacionarmos o amor sempre no mesmo lugar, sem cuidarmos para que ele não se grude na rotina, ele vai perdendo o sabor, a cor, o ardor.

Tal qual uma planta, ainda é preciso que alimentemos o amor com a clareza de nossas ações, com a claridade solar de nossas decisões e com o ar soprado por nossas emoções.

É urgente amar o amor, fazer dele nosso brinquedo preferido, embora ele precise ser levado a sério, mas, que esta seriedade não lhe tire o charme e a graça gostosa de amar.

Assim como o beijo dos apaixonados, o amor precisa ser beijado, com a sofreguidão que surgir no momento, às vezes, mais leve, mais amigo e outras vezes mais amante.

Amor é um jeito de amar que permite o abraço sem o uso dos braços, basta um olhar de ternura para que o outro se sinta abraçado.

Amor é muito e é pouco, depende do dia, depende da hora, ou melhor, depende do momento, por isto é preciso saber dosar.

Amor é o gozo infinito que se entranha em nossa memória e nos faz rir, mesmo quando todos estão sérios, mesmo depois de tanto tempo, basta deixar o pensamento voar…

O tempo, senhor de tudo e de todos, curva-se ante o bom do amor, ele passa, mas o amor fica a fazer-lhe caretas, como uma criança levada que sabe nos conquistar.

Quando se trata de amor, a lucidez e a loucura vestem a mesma camisa de força, deixando o mundo girar, enquanto brincam de esconde-esconde nas fendas do real e da fantasia.

O encantamento do amor anula o objetivo e o subjetivo, pois estes se afogam e se afagam à luz do luar, formando bolhas de sabão que explodem no ar das ilusões.

A palavra é pouca para falar de amor, pergunte aos apaixonados, pergunte aos enamorados.

Amor é som, é silêncio e eco, quando se apossa de nós e nos ensurdece com palavras que sempre ouvimos, mas que, no instante do amor, são nossas, exclusivamente de quem está amando e sendo amado.

Amor é desejo em forma de ternura, de gesto e de loucura, por isto o amor precisa ser cuidado e muito bem cuidado!

 

(Do livro MINIMAMENTE CRÔNICAS de Sônia Moura)

 AMOR! AMOR!

AMOR DE CALÇAS CURTAS

AMOR DE CALÇAS CURTAS

AMOR DE CALÇAS CURTAS  (Autoria: Sônia Moura)

 

 Num tom de lamúria ou decepção, não sei bem, Ângela me disse: – O amor nos prega cada peça!

Seu olhar fugia da direção do meu, parecia que aquele olhar indeciso se perdia num mundo próprio, num mundo de dúvidas e ansiedade.

Concordei com ela. Como entender as coisas do amor ou do coração? Será que alguém pode responder a esta pergunta? 

Tentando desatar o nó que guarda as muitas faces de Cupido, resolvi filosofar e desfiei meu rosário de teorias e definições sobre este complexo sentimento, embora soubesse que ninguém e nada consegue, verdadeiramente, explicar o que é o amor.

Eros é um menino de calças curtas, um menino levado que vive a brincar com a gente. Este menino gosta de pregar peças, mas, por ser menino, também espalha carinhos, meiguices, faz graça, nos cativa, pede atenção,  nos dá atenção, ou nos ignora.

Alguns dizem que o amor é cego, outros, que ele é louco, há também os que acham que  é sonho, para outros, é pesadelo. E por aí vai…

Não adianta tentar decifrar o amor, ele foge de qualquer definição ou explicação, não há leis ou regras que consigam aprisioná-lo, isto é fato.

Para a gramática, amor é substantivo comum abstrato, engraçado, porque, na prática, o amor de comum e abstrato, nada tem, ele é incomum e apresenta uma concretude nunca vista, não acha? Perguntei à moça do olhar ressabiado.

Também não há coletivo para o amor, mas, a bem da verdade, todos os seres, quando estão amando, passam a pertencer a uma mesma espécie, os desejos são coletivos, todos desejam igual, todos querem ser felizes no amor.

Como a formação coletiva de uma cordilheira, o encontro de duas almas assemelha-se ao sistema de montanhas coladas entre si, que, tal qual os amantes, por meio desta união se tornam um só.

Após o meu discurso, pela primeira vez, Ângela olhou-me nos olhos e pude ver neles alguma esperança,  pareciam dizer-me que Ângela agarrava-se a uma nova forma de ver o amor, em seu olhar havia alguma alegria. Só não sabia em que ponto eu havia tocado aquele coração, que se mostrava através do seu olhar.

 Tentei tirar dela a explicação para aquela cor de esperança a saltar-lhe dos olhos, ela negou-se a revelar-me o motivo da mudança.

Em momentos de dúvida, os fantasmas plantados em nossas fantasias, nos vendem quimeras e eu comecei a divagar por entre os canteiros de minhas ilusões e, no silêncio dos meandros da minha mente.

Percebi, então, que quem tentar entender o amor, estará sempre solitário, será sempre órfão, mas que, partir de nossa conversa, Ângela não estava mais órfã, pois erguera-se e estava pronta para encarar o amor, esta aventura suspensa pelas pernas. 

Confirmei que, agora, seu olhar mudara e era todo ardor, embora sua alma me dissesse, através dos seus olhos, que sabia dos caminhos tortuosos, os quais ela teria que percorrer, a fim de dar-se plenamente ao amor, mas, ao mesmo tempo, vi que ela sabia que valeria a pena desnudar-se dos arreios das incertezas para conseguir viver o amor maior.

Apesar de estar convencida de que algo mudara drasticamente para Ângela, resolvi alargar o meu discurso, só para acalmar meu coração.

Assim, continuei a falar…

O mistério do amor deve ficar dormindo até o momento em que venhamos a nos arriscar e abrir as janelas das almas e dos olhos para recriar o mundo do amor ponto por ponto, caminho por caminho, alegria por alegria, senão, estaremos para sempre fadados a viver como o amor-menino, de calças curtas e não com o amor. Ângela e suas incertezas, finalmente, acordaram minha desilusão.

 

(Do livro: MISTÉRIOS E SAUDADES de Sônia Moura)

VALEU ZUMBI! VALEU BESOURO! VALEU MESTRE ALÍPIO!

VALEU ZUMBI! VALEU BESOURO! VALEU MESTRE ALÍPIO!

 VALEU ZUMBI! VALEU BESOURO! VALEU MESTRE ALÍPIO!

(Autoria: Sônia Moura)

 

A bem da verdade muitos são os nomes de heróis anônimos que resistiram bravamente, lutando contra a imbecilidade da escravidão. Homens e mulheres “negros como a noite” guerrearam, como puderam, pelo seu povo, tão injustiçado e massacrado.

Tenho certeza de que é enorme a lista com os nomes daqueles que defenderam e defendem seus direitos como cidadãos.

 Fui assistir ao filme “Besouro, Cordão de Ouro”, um bom filme, embora, particularmente, eu tenha gostado mais da peça teatral, ambos, filme e peça contam a história de Manuel Henrique Pereira (1895 — 1924), conhecido como Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro, que foi um lendário capoeirista da região de Santo Amaro da Purificação, na Bahia.

 

Besouro ousou desafiar o estabelecido, ou seja, ainda que a escravatura já tivesse sido, legalmente, abolida, na mente e na alma de muitos, negros nascem para ser escravo e a negrada continuava escravizada, mas muito resistiram, lutaram e, apesar de serem considerados loucos, conseguiram a duras penas e durante longos anos, mudar muito lentamente (ainda está mudando) a realidade dos negros neste nosso país.

Para pensarmos …

Por que será que, até os dias de hoje, ao ouvirem absurdos como os que foram ditos por um  personagem que massacrava os negros: “negro quando não faz na entrada, faz na saida” ou “negro foi feito para trabalhar, são bichos” e outras sandices, as pessoas ainda acham estas loucuras engraçadas. Ontem, ao ouvir frases como estas, uma boa parte da assistência veio abaixo, foi uma gargalhada geral.

E eu, estarrecida, a implorarar: “– Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!”

 É por estas e outras que conclamo os céus, buscando entender como, por puro preconceito,  seres humanos submetem a humilhações, castigos e a trabalhos forçados outros seres, apenas porque a cor de sua pele é diferente, só mesmo apelando a Deus: “Senhor Deus dos desgraçados! /Dizei-me vós, Senhor Deus , /Se eu deliro… ou se é verdade /Tanto horror perante os céus?!..”.

 E que os Orixás nos guardem e nos protejam!

 

Valeu ( e sempre valerá), irmãos!

 VALEU ZUMBI! VALEU BESOURO! VALEU MESTRE ALÍPIO!

 

 

 

 

 

 

“RECEBA AS FLORES QUE LHE DOU…”

RECEBA AS FLORES QUE LHE DOU

RECEBA AS FLORES QUE LHE DOU…
(por Sônia Moura)

Hoje nasce, mais uma vez, a PRIMAVERA, para mim, uma estação na qual quero sempre desembarcar e colher as flores que nela aparecem com mais vida.

Para este ritual de esperança, que por sobre a terra se debruça, temos dois nomes: a Primavera do hemisfério norte é chamada de “Primavera boreal”, e a do hemisfério sul é chamada de “Primavera austral”.

Claro está que a nomenclatura diferenciada não faz a menor diferença para os poetas, pois, em qualquer tempo que a primavera surja, em todas as montanhas, serras, vales, rios, estradas e jardins, a beleza e a leveza deste momento, mostrará uma orquestra de flores ou da fauna a encantar a vida.

Sugiro que, no primeiro dia do “primeiro verão”, enviemos flores a quem nosso coração indicar.

Assim sendo, deixo aqui a todos que nos visitarem estas flores, como gesto de fraternidade e amor. Desejando a todos:

FELIZ PRIMAVERA, VERÃO, OUTONO E INVERNO!

RECEBA AS FLORES QUE LHE DOU

DIETA DO AMOR

 Dieta do amor

DIETA DO AMOR (Autoria: Sônia Moura)

O meu amor caminha solitário
E nenhum canto consegue acompanhá-lo
E assim ele segue no silêncio
Ruminando velhas palavras
Que se escondem dentro de mim
Num espetáculo de acrobacias sem fim

O meu amor caminha solitário
Abstendo-se de amar e errar
E eu, abstenho-me de degustar
Inteiramente o bom do amor
Faço dieta de amar e de sonhar
Faço a dieta do amor

O meu amor caminha solitário
Cheio de contusões e de fraturas
Precisaria ser muito bem cuidado
Mas me recuso a entregá-lo a qualquer um
Por isto, multiplico minha imagem:
Sou meu médico, meu tutor, meu guia
Não me alimento mais de ilusões
Secou meu poço de emoções
Vivo no deserto de minhas verdades

O meu amor caminha solitário
E para ele não haverá novos sentidos
Não haverá mais palavras novas pois,
Nenhuma delas irá mais me convencer
Hoje sou silêncio
Sigo sem pensar em nada
Escondo o meu amor
Deixo-o dormitar
Num canto solitário da saudade
Não quero pensar em nada
Não tenho mãos para segurar
Não tenho colo para me aninhar
Preciso me acostumar com a solidão

O meu amor caminha solitário
Fugindo de mãos e bocas traiçoeiras
Abro meus olhos
Ligo o botão da atenção
Estou sozinha
Sou sozinha
Vivo agora no meu mundo-solidão
Não quero visitas
Não quero invasão
Escondo-me de mim mesma
Escondo o meu amor lá no porão
Resguardo-o da luz
Defendo-o
Não o quero mariposa
Tonto e desvairado a buscar
A falsa luz de um olhar
Ou de promessas vãs

O meu amor caminha solitário
Enquanto meu corpo vive distante de minh´alma
Não quero mais me empapuçar de vãs promessas
Faço esta dieta para manter
A estética do meu coração

O meu amor caminha solitário
Há muito, muito tempo
E eu ainda não me acostumei
Driblo esta realidade
Inventando mentiras
Tão claras como o dia ensolarado
Mentiras que fingem ser clones
Das mais puras verdades
Quando digo que vou deixar o amor de lado
Ah!, minhas mentiras são bolhas de sabão
Que se arrebentam ao som destes meus versos
Pois ao primeiro chamado do amor
Largo esta dieta
E volto a me empapuçar
Com todos os doces momentos
Que o amor me apresentar
Então transfiro para um cofre reforçado
Todas as minhas falsas verdades
E me deixo plena para o amor e
Jogando fora palavras incapazes
Nado para a margem mais próxima
Agarro-me ao primeiro ramo salvador
Para viver mais uma vez a plenitude
De um novo amor

(Do livro: Poemas em Trânsito de Sônia Moura)