LIVRO DE MEMÓRIAS (por Sônia Moura)
Um livro de memórias não guarda tudo, mas, como arte, guarda para sempre as muitas faces de histórias únicas e múltiplas, e, ao mesmo tempo, tão singulares e tão plurais, ele guarda a história de um e a história de todos, que se repete, repete, repete…
Logo, um livro de memórias pode ser:
… poesia que se põe a revelar uma realidade que pode não ser nova, mas pode ser desconhecida de muitos.
… pode ser feito de palavras que servem para registrar vibrações que já estão inscritas nas doces ou amargas lembranças.
… pode ser a manifestação insistente da consciência em forma de melancolia e, às vezes, em forma de desespero.
… pode ser a presença de retratos órfãos e desassistidos, os quais voltam para (re)viver suas aventuras.
… pode guardar o sabor acumulado de beijos e de abraços que foram trocados ou apenas desejados, mas que são para sempre lembrados.
… pode representar o esforço em mostrar o ornamento de uma vida, na qual o conjunto de imagens e de seus múltiplos momentos serpenteiam e se transformam em texto.
… pode repassar a invisível atração da presença de uma realidade subterrânea, que emerge em forma de palavras que vêm atingir a superfície, manifestando-se em linhas, em parágrafos, em capítulos.
….pode aparecer cravejado de ironias em relação à vida de todos e ao contexto social, como fez Machado de Assis, em seu brilhante: Memórias Póstumas de Brás Cubas.
Enfim, um livro de memórias é a estrada que permite a caminhada para trás; é o desvendamento de mistérios que embalaram vidas já vividas, e, quem sabe, poderão ajudar a ajudar a orientar vidas por viver?
lido adorei!!
lindo