TEMPO (Autoria: Sônia Moura)
“Mais um tempo, doutora, é só o que peço – mais um tempo para eu dizer a ela que nós a amamos e que estamos aqui com ela.”
Estas foram as palavras que ouvi de uma jovem totalmente abalada ao receber a notícia desesperançosa sobre o estado de saúde de sua mãe, ao tomar ciência de que, possivelmente, esta não voltaria à consciência.
Misturando suas palavras às lágrimas, o que ela pedia era, aparentemente, pouco , mas que naquele momento era muito. Os médicos nada disseram, ou porque não tinham mesmo o que dizer ou porque não sabiam o que dizer. A cena era tocante, uma jovem implorando aos médicos que dessem mais algum tempo para declarar o seu amor, e o de sua irmã também, trazendo sua mãe à vida, uma vez que esta estava inconsciente pela força da medicação necessária ao seu estado .
Geralmente nos esquecemos de dizer: “Eu te amo”, principalmente àqueles que estão mais próximos de nós e talvez a moça quisesse dizer coisas que nunca disse ou que há muito tempo não dizia à sua mãe.
A verdade é que nos esquecemos de que a única coisa certa nesta vida é que um dia a morte virá. Nos esquecemos de que a morte existe e que ela pode vir a qualquer momento, não há como prever ou, mesmo quando há uma tênue previsão, como neste caso, nem sempre temos a oportunidade de abraçar quem amamos, beijar ou declarar nosso amor, como, de fato, gostaríamos.
De todo coração e mente, desejo que seja dado a esta moça o tempo de que ela tanto necessita. Oxalá, os deuses ouçam seus pedidos e suas preces, e ela possa dizer: -Mãe, nós amamos você!
Quase sempre a vida nos dá lições que nem sempre aprendemos ou entendemos suas mensagens, mas esta lição eu aprendi: “Ainda que o amor seja incomensurável, o tempo é efêmero”.