Ontem fui a um encontro de sempre
Com os amigos de sempre
Apenas o lugar, desta vez, não era o de sempre
Descobri que o tempo é como uma vassoura
Que vai varrendo os cacos de nossas vidas
Selecionando o que vai ficar e o que ele vai levar
Há cacos que o tempo varre para debaixo do tapete,
Outros, ele varre para longe,
E nem mesmo a imagem desses cacos voltará
E há também aqueles
Que nem o tempo consegue descartar
Porque esses se escondem num canto de nossa memória
Driblando o tempo e
Fazendo-nos lembrar do que fomos,
Do que tínhamos e do que perdemos
Cacos de uma vida que,
Certamente, nunca mais vai retornar
À saída, juntei os cacos que podia juntar,
E fui embora com a quase certeza de que
Desse encontro, nunca mais vou participar
Conseguirei?
Só o tempo dirá
(Do livro POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura)