AS BRUXAS SÃO MÁS?

Ao nos lembrarmos do que sempre ouvimos e vimos em filmes ou lemos em histórias infantis,  ao lermos as breves informações sobre “as bruxas”, fica a pergunta:

AS BRUXAS SÃO MÁS?   (Autoria: SÔNIA MOURA)

O vocábulo “Bruxa” é de origem desconhecida, provavelmente de origem pré-Romana. No entanto existe uma provável relação com os vocábulos proto-celtas: *brixtā (feitiço), *brixto- (fórmula mágica), *brixtu- (magia); ou o Gaulês: brixtom, brixtia do qual deriva o nome da deusa Gaulesa Bricta ou Brixta.
Na origem, as bruxas eram mulheres sábias, detentoras de conhecimentos sobre a natureza e, possivelmente, magia, além de serem mulheres muito independentes.

Com o tempo, por influências diversas, as bruxas passaram a ser retratadas, pelo imaginário popular, como mulheres velhas e encarquilhadas, elas também passaram a ser consideradas exímias e contumazes manipuladoras de Magia Negra.

A estes estereótipos, foram acrescentados, pelas crendices populares, habilmente manipuladas, outros estereótipos ligados ao perfil físico: cabelos desgrenhados, narizes disformes com uma enorme verruga, andar curvado, dentes desencontrados ou podres, roupas pretas, esfarrapadas e com uma gargalhada terrível.

Até ao século XIII,  a Igreja não condenava severamente as crendices populares, entre elas a idéia dos poderes das nulheres, especialmente as consideradas “bruxas”. Mas, nos século XIV e XV, o conceito de práticas mágicas, heresias e bruxarias se confundiam no julgo popular, graças à ignorância e as manipulações religiosas.
Foi exatamente a partir da primeira Inquisição que a iconografia cristã passou a representar o “Arcanjo Decaído”, não mais como um arcanjo, mas com a aparência de deuses pagãos, como Pã e Cernunnos. Tal fato levou, séculos após, à suposição de que bruxas eram adoradoras do demônio, portanto deveriam ser condenadas.

Então,  em 1326, o Papa João XXII autorizou a perseguição às bruxas sob o disfarce de heresia.

Assim é que, na Aquitânia (1453) quando uma epidemia provocou muitas mortes, estas foram imputadas a mulheres da região, de preferência, as muito magras e feias.

Em 1484, o Papa Inocêncio VIII promulgou a bula Summis desiderantes affectibus, “confirmando”, por meio deste texto, a existência da bruxaria.

Em 1486 com a publicação do Malleus maleficarum (“Martelo das Bruxas“), intensificou-se a caça às bruxas, pois, mais do que as obras anteriores, esta obra associava a heresia e a magia à feitiçaria.

A Caça às Bruxas foi uma perseguição social e religiosa que começou no final da Idade Média e atinge seu apogeu na Idade Moderna.

No passado os historiadores consideraram a Caça às Bruxas européia como um ataque de histeria supersticiosa que teria sido forjada e espelhada pela Igreja Católica. Seguindo essa lógica, era “natural” supor que a perseguição teria sido pior quando o poder da igreja era maior, ou seja: antes da Reforma Protestante dividir a cristandade ocidental em segmentos conflitantes. Nessa visão, embora houvesse ocorrido também julgamentos no começo do período moderno, eles teriam sido poucos se comparados aos supostos horrores medievais. Pesquisas recentes derrubaram essa teoria de forma bastante clara e, ironicamente, descobriu-se que o momento mais forte da histeria contra as bruxas ocorreu entre 1550 e 1650, juntamente com o nascimento da celebrada “Idade da Razão”.

A “Caça às Bruxas” na Europa começou no fim da Idade Média e foi um fenômeno religioso e social da Idade Moderna.

A situação assumiu tamanha dimensão, também, devido a maus perídos para a prática  agrícola e às muitas  epidemias, que assolaram as populações, resultando elevada taxa de mortalidade, alimentando  as supertições e aumentando o medo.

Então, todos os males foram atribuídas às bruxas e a maior parte das vítimas deste massacre foram julgadas e executadas entre 1550 e 1650.

O número total de vítimas ficou provavelmente por volta dos 50 mil, sendo 75% mulheres e  cerca de 25%, homens.

Entre os episódios maléficos atribuídos à bruxaria, por exemplo, casos de pessoas “endemoniadas”, na verdade, segundo estudos recentes, na verdade todos teriam sido de intoxicação, provocada por um fungo.

O agente causador  era um fungo denominado Claviceps Purpurea, um contaminante comum do centeio e outros cereais. Este fungo biossintetiza uma classe de metabólitos secundários conhecidos como alcalóides do Ergot e, dependendo de suas estruturas químicas, afetavam profundamente o sistema nervoso central.

Ao comerem pão de centeio (o pão das classes mais pobres), contaminado com o fungo,os camponeses   eram envenenados e desenvolviam a doença, atualmente denominada de ergotismo.

Em alguns casos, também verificou-se alegações falsas de prática de “bruxaria” e de estar “possuído pelo demônio”, com o fim de se apropriar ilicitamente de bens alheios. Outra forma era a recusa de mulher em relação ao desejo masculino, também poderia ser uma forma de vingança.

Neste breve relato, vemos que qualquer “real” pode ser criado, todos podemos ser manipulados, se permitirmos que a  ignorância tome o lugar do pensar  sobre o que nos dizem ou nos mostram.
bRUXA

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