A ROSA ISMÁLIA

                                                            ROSA

A ROSA ISMÁLIA (Autoria: Sônia Moura)

O som de uma harpa tocava a suavidade da tarde, Rosa sonhava …
De seus olhos e de seus pensamentos, de luas distantes pulava o forasteiro que marcara a sua vida.
O fato aconteceu numa noite fria, assim como estava a sua alma nesta quente noite de verão.

Sua alma sofria.
Mas, este sofrer estava misturado ao prazer das lembranças. Era uma mistura de mágoa e saudade que tomava conta das viagens de Rosa.
E, assim, flutuando entre a tristeza e a alegria, o espectro da menina em flor fazia seus passeios na lua e em mundos encantados.Mas, de vez em quando, a mulher parava nas pontas de uma estrela para descansar, porque estas viagens multifacetadas cansavam.
Quando aportava em estações de alegria, seu olhar sorria e ao enveredar por florestas sentia o sabor daqueles beijos, enquanto os sons dos pássaros traziam aos seus ouvidos a voz do amado que se fora para nunca mais voltar.
Em outros momentos, sentia-se como rosa desfolhada, jogada no meio de um jardim, ela, a Rosa que ouvira dele a certeza do amor eterno, ainda podia sentir o calor daquelas mãos, daqueles braços que a apertavam com toda força e suavidade.
Era noite de lua cheia e limpa, uma noite com cheiro de esperança, este aroma que sempre se quer sentir.
Mesmo nesta noite sombria, sentia o hálito do amado a fazer romaria em seus pensamentos. Nestes instantes seus olhos enchiam-se de lágrimas em forma de lírios suaves e brancos como o luar.
Como doía esta saudade feita de luas pálidas e dos cânticos encantados das sereias. Estas luzes e sons faziam soluçar o coração ainda apaixonado por aquele que se fora para tão longe, num enorme balão azul.
Por que ele partira sem dizer adeus? Por que a deixara aqui com pássaros aprisionados em meus pensamentos, a cantar e a clamar por liberdade? Por quê? Por quê?

Estas eram perguntas que martelavam a dor da ausência de uma flor perdida no jardim de lembranças.
No hospital psiquiátrico, Rosa, a flor abandonada, agonizava perdida em seus sonhos e, seguindo a luz do luar, flutuava entre lírios, dálias, margaridas e jarmins, à espera da súbita presença do ser amado.
Rosa era o retrato de Ismália, aquela moça do poema de Alphonsus de Guimaraens…

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…

(…)

(Do livro: SÚBITAS PRESENÇAS de Sônia Moura)

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