DROGAS PONTUALIZADAS

                                                                   PONTO DE EXCLAMAÇÃO

DROGAS PONTUALIZADAS [por Sônia Moura]

Assisto a um programa que mostra  diversas drogas, das mais variadas e alucinógenas possíveis e, diz a reportagem, são comuns em um tipo de festa, em todo o Brasil.

Não só nestas festas, mas em diferenciados momentos, todas as formas de loucuras e riscos são apresentadas, por meio de cápsulas, comprimidos, líquidos, ácidos ou pó.

Toda esta ilusão é colocada à disposição de pessoas, quase sempre jovens, ávidos por aventurar-se num mundo desconhecido, quando são estimulados a entrarem no vácuo da esperança vazia, acreditando que suas vidas ficarão mais coloridas.

No entanto, é sabido que dentro do plano da ilusão fugaz, a droga proporciona algo mais, como prolongamento do falso prazer, por outro lado, o que não é dito ao jovem é que este prazer alongado se perde no meio do caminho e transforma-se em dor e desespero, pois, por produzir a interrupção do pensamento, a droga provoca hesitação e/ou excitação e, em ambos os casos, a droga só serve mesmo para realçar a ilusão.

E pensar-se que tudo começa como uma simples vírgula que serve para separar a realidade e a fantasia, ressaltando na segunda o seu poder ilusório de um prazer eterno.

Depois, vem o ponto e vírgula, quando, a cada uso que se faz da droga, a sensação de separação entre o certo e o errado, entre a realidade e a fantasia, entre o amor e o desamor, é largamente aumentada.

Em seguida, o consumidor de drogas tenta justificar o uso desta por falsas enunciações, entram em cena os dois pontos: “Não vou me viciar, fumo/cheiro/inalo/aplico só por brincadeira, largo quando eu quiser, só quero sentir o gostinho, a sensação da alegria e do prazer.”

Então, entra em cena o ponto de exclamação, quando, estupefatos, os pais descobrem que seu filho embarcou em viagens com trágico fim, ao conhecer o mundo das drogas.

Logo depois, vem o ponto de interrogação quando os pais sentem-se culpados e se perguntam: Onde foi que eu errei?
As ilusões são tão frágeis e breves quanto à juventude, enquanto as drogas são como reticências que provocam a suspensão do pensamento ou a interrupção da vida.

Às vezes, ainda há tempo para que o jovem seja salvo deste mundo de ilusões reticentes, mas, na maioria dos casos, a droga dá um ponto final a uma vida que poderia ser pontuada de alegrias e vitórias.

alucinação

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