TAÇA DE CHAMPANHE

                                                Taça de champanhe

Taça de Champanhe (Autoria: Sônia Moura)

A imagem era linda, nos braços dele um ramalhete de rosas tão rubras e tão frescas e ela com o olhar mais feliz do mundo, deixava que o véu do amor se desnudasse e se enroscasse no coração do amado, naquele dia festivo.

A espuma do mar parecia dizer adeus ao ano que findava, lambendo as flores ali jogadas para Iemanjá, levando-as até as altas ondas e trazendo-as de volta à praia, num vai-e-vem incessante.

No mar, a olhar o povo que se banhava e brincava por ali, balsas com quilos e mais quilos de fogos de artifício esperavam o momento de entrar em cena, enquanto iates de primeiríssima grandeza brincavam de se balançar na rede das ondas daquela tarde, que findava e levava consigo mais um ano.

E, neste cenário deslumbrante, o retrato do amor é desenhado na areia, com traços leves, sublimes, bem na frente da multidão, indiferente a este momento de glória e pelo caminho misterioso da poesia, uma concha se apresenta e beija os pés da mulher, na linda noite sem luar, que entrava em cena, naquele instante.

O tempo se arrastava ouvindo fogos e os gritos das gentes, hoje, mas que nunca ele irá desempenhar o papel principal nesta festa, hoje ele fará a sua última viagem do ano de 2008, sua voz vai-se se apagando, é o momento em que morte e vida se encontram na troca dos ponteiros. Bela invenção – humana ou divina?

Fadas, duendes, bruxas, santos, orixás, deuses, todos os sábios se apresentam em rituais que prometem um ano novo cheio de amor, alegria e paz.

O sal do mar, o sal da vida e o sal do amor uniram bocas e corações, uma abelha misteriosa se encarregou de trazer favos de mel para batizar o momento, enquanto mil flores foram desfolhadas em torno do casal, tudo simbolicamente projeto para a consagração do amor.

Chegou a meia-noite, hora do brinde, e só então eles se deram conta de que trouxeram o champanhe e se esqueceram das taças, subitamente, alguém ao lado oferece-lhes uma taça e eles brindam e bebem na mesma taça.

À meia-noite e um minuto, mais um amor foi selado!

(Do livro SÚBITAS PRESENÇAS de Sônia Moura)

Reveillon

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