Palavras Poéticas [por Sônia Moura]
Quando se perde um amor
A alma se exila no deserto
Faz-se o silêncio
E acontece a total renúncia
De si mesmo
Morrem os sonhos,
Morrem os deuses
Nasce o desengano
Não se ouve mais o murmúrio
Das ondas do mar
Nem seus apelos sonoros, repetidos,
Não há mais o mar, nem a espuma
Faz-se treva, cessa a luz,
Não há mais o orvalho
Só a bruma se refaz
Não há mais como ver teu rosto
A tristeza se ergue em garbo triunfante
Some a imagem do amor – amante
E, a um canto, um bem-te-vi tristonho
Canta seu canto, tentando demover
O terrível desencanto
Enveredando pelos caminhos do mistério
Só o poeta consegue aplacar a dor
Do desamado
E como emissário de um anjo
O poeta penetra nos limites da saudade
Aliviando a dor do desamor
Com suas palavras, o poeta
Cobre um leito com flores coloridas
Onde o que sofre por amor se deita
Para voltar a sonhar…
(Do livro: POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura)