JANELAS

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JANELAS

“A moça feia debruçou na janela / Pensando que a banda tocava pra ela” [A Banda – Chico Buarque]

“Lá fora, amor, uma rosa nasceu, todo mundo sambou, uma estrela caiu / Eu bem que mostrei sorrindo, pela janela, ah que lindo/ Mas Carolina não viu…” [Carolina – Chico Buarque]

“Olho a rosa na janela / Sonho um sonho pequenino Se eu pudesse ser menino Eu roubava essa rosa /E ofertava toda prosa À primeira namorada E nesse pouco ou quase nada Eu dizia o meu amor/ O meu amor” [Modinha – Sérgio Bittencourt”]

“Abre a janela formosa mulher /E vem dizer adeus /A quem te adora”
[Abre a janela – Arlindo Marques Júnior e Roberto Roberti]

Que saudades dos tempos em que as janelas serviam aos poetas e aos amantes.

Antigamente, mocinhas casadoiras, nelas, debruçadas, ficavam à espera de seu príncipe encantado, trocando olhares furtivos com os passantes, assim, pela janela muito romance começava.

Que saudades dos tempos em que o grande pecado cometido à janela estava reservado às fofoqueiras que ali se postavam a bisbilhotar a vida alheia. Bisbilhotice que se transformava em comentários maldosos, na maioria das vezes, eram meras ficções, criadas por estas fofoqueiras, dando vazão às suas próprias fantasias.

Hoje, nas grandes cidades, o medo impera e o tempo passa tão rapidamente, enquanto nós, totalmente absorvidos pelas imagens produzidas pelo olhar alheio, não temos mais tempo de nos postarmos à janela, para vermos o mundo com os nossos próprios olhares, sendo produtores de nossos sonhos, fantasias, verdades ou mesmo mentiras, mas olhares construídos por nós mesmos, olhares nossos.

Nos tempos de hoje, nas janelas, não há mais mocinhas ou fofoqueiras.Quem está à espreita é a morte do olhar particularizado, do olhar devaneante, do olhar sonhador, do olhar namorador ou do olhar fofoqueiro.

Se fosse apenas está ausência de olhares, já seria bem triste, mas, hoje, janelas se abrem para receber a morte, para praticar a morte. Desencanto total!

Será que ainda há espaço para se falar de amor e poesia, se, pela janela de apartamentos, crianças são atiradas, covardemente?

“Criança de seis anos morreu ao cair de 6º andar de prédio; tela de proteção foi cortada e quarto tinha marcas de sangue.” [ http://terratv.terra.com.br]

CURITIBA – A auxiliar de enfermagem Tatiane Damiana, 41 anos, presa após ter atirado a filha de 8 meses pela janela do seu apartamento, no 6º andar, em Curitiba (PR), na noite de ontem, lamentou o fato de não ter tido coragem para se jogar da janela, como era seu plano inicial.
[http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/07/01/e010710729.html]

Pelas janelas dos meus olhos, escorrem dor e tristeza, mas esforço-me para permitir que o sonho ainda tenha vez!
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