ODE AO RIO DE JANEIRO

 

Ode ao Rio de Janeiro   [por Sônia Moura]

Rio de Janeiro

Eu te vejo na corcova do camelo

Corcoveando, Corcovado

E o ano inteiro

Me lambuzo

No açúcar de teu pão

Que alimenta minha emoção

E mela meu coração

Com alegria, fantasia e calor

Para depois eu me desmanchar

Nas águas do teu mar

Que um dia chamaram rio

E para ti

Eu sorrio

No meio de tuas flores morenas

No meio de teus amores

Rio, sei de tuas mazelas

E me preocupo com elas

Mas nada lhe tira o brilho

Rio de Janeiro

És o meu amor primeiro

Nas curvas de tuas montanhas

Em tuas serras encerras

Sambas e malemolências

Tens tuas montanhas russas

Tão loucamente brasileiras

Resplandeces em sóis

De brilhantes diamantes

Das areias de Copacabana

Dos bacanas, dos humildes,

Dos loucos, santos e dos bandidos

Que vagam por teus caminhos

Nas areias de Ipanema

Pelas ruas do Leblon

E desembarcam na Urca

Ou quem sabe,

Sobem pelos trilhos dos subúrbios

Nas curvas que fazem os trens

Levando um povo

Que, apesar dos pesares,

 leva a vida com alegria

E deixa a tristeza “a neném”

Mas, em teu seio, meu Rio,

Acontecem tantos encontros

Caminhos tortos, concêntricos

Levando todos ao teu Centro

Com tuas belas igrejas

Com teus terreiros ancestrais

Com teus celeiros de bambas

Com tuas favelas coloridas

Com gente alegre, feliz

Que embora muito sofrida

Dá o tom do carnaval

Da folia e da alegria

Rio, mesmo que haja descompasso

Nas tuas loucuras mil

És mesmo, meu Rio, o coração do Brasil

Rio de Janeiro

Amor de uma vida inteira

Te amo de qualquer maneira

Amo

Tuas lapas mais profundas

Teus batuques acadêmicos

Tua moçada bonita

Teu descompasso maneiro

Tua aula de ciências

Nos corpos e formas tantas

De prostitutas e  de santas

No modo de todos nós

Sambar, cantar e sorrir

É no calor dos teus atabaques

que suportamos os baques

Que a vida às vezes nos dá

Rio de Janeiro

Foste tu que viste

Meu primeiro despertar

Num subúrbio carioca

Que está bem longe do mar

Viste, ó Rio de Janeiro,

O meu primeiro chorar

Despontando para o teu sol

Para o teu sal

Para o teu mar

Temperado no dendê baiano

E com um bom doce mineiro

Cheguei ao teu colo, meu Rio,

Não podia ser em outro lugar

Se ontem vistes o meu chorar

Hoje o meu riso é todo teu

E também o meu cantar

Só no meu Rio de Janeiro

O pôr do sol ganha aplausos

Que arpoam tua luz

Mostrando para todo mundo

Que esse astro nos seduz

Rio de Janeiro

Internacional e brasileiro

És e sempre serás

O meu amor único e o primeiro!

[Da obra: POEMAS EM TRÂNSITO de Sônia Moura]

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