AMORES BOVINOS
A vaca olhava a grama
E o boi olhava a vaca
A vaca foi pro curral
E o boi seguiu atrás
A vaca pensou aflita
Esta paquera vai mal
O boi mugiu e “gritou”
E a vaca nem ligou
E para o boi assim falou:
– Agora quero dormir
Vou procurar minha cama
O boi saiu de fininho
Foi procurar o seu ninho
Já que a vaca Malhada
Com ele não queria nada
Ela estava apaixonada
Por um rapazola maneiro
Que naquelas bandas aportou
E que chamava boi Zinho
Ele era tão bonitinho
Que a vaca logo
afirmou:
– Quero este gado pra mim
Malhada achava que o bicho novo
Era muito, muito mais charmoso,
E este fato deixou
O boi Cote furioso
Mas não teve jeito não
O boi Cote se penteou
E se enfeitou todinho
Botou seu terno de linho
Mugiu pra lá e pra cá
Fez charme
Dançou um tango
E a vaca nem aí
O boi Zinho foi chegando
Sem alarde, de mansinho,
Assim como quem
Não quer nada
A vaca se aproximou
O boi Zinho se aprumou
A vaca lançou olhares
O boi novo se arrumou
Ficaram olho no olho
Já iam partir pro beijo
Aí o boi Cote se zangou
– Que que é isso dona vaca?
Ainda nem conhece o moço
E já se derrete todinha
Pra um malandro qualquer?
– Pra que tanto alvoroço?
Pergunta a vaca Malhada
Estou gostando do moço,
Eu escolhi o boi Zinho
E ninguém vai me atrapalhar
O boi que mandava na área
Ficou bravo e bufou:
– Isto não fica assim não,
Quem manda no pasto sou eu
Mas a vaca retrucou:
– Manda em toda a manada
Mas não no meu coração,
Você não sabe de nada
Amor não crê em “senhores”
Pois é livre como o vento
Então, o boi Cote mandão
Recolheu-se ao seu canto
Sofreu com o desencanto
Mas aprendeu de uma vez
Esta verdadeira lição
Coração é terra farta
E que ninguém manda não
Malhada, toda fogosa,
Ganhava beijos do amado
Que mesmo sendo boi novo
Quando a viu lá no campo
Logo se apaixonou
Perdido em seus encantos
E estava mesmo disposto
A enfrentar o valentão
Por causa deste amor
Mas ele nem precisou
O boi Cote logo entendeu
Que podia vencer a luta,
Mas o coração da Malhada
Havia sido ocupado
E quando isto acontece
Não tem jeito, não tem volta,
Melhor é se conformar
Assim pensou e assim fez
Naquele mesmo curral
Havia uma vaca solteira
Menos bela que a Malhada
Mas olhando direitinho
Até que era faceira
Boi Cote partiu pra conquista
Mas a vaquinha fez charme
Fingindo que não entendia
O que o boi Cote queria
Ela apenas sorria
Deixando boi Cote louco
Até que um belo dia
Ela cedeu aos apelos
Daquele boi insistente
Que pensando bem
Era até interessante
Tinha charme a valer
E tinha boa intenção
Então ela deu a ele
O seu livre coração
E, assim, a vida seguiu…
(Obra infanto-juvenil – AMORES BOVINOS de SÔNIA MOURA)