PARA NÃO DIZER…

PARA NÃO DIZER…

 

 

 

PARA NÃO DIZER… (por Sônia Moura)

 

Hoje, vi na televisão uma alma envelhecida por uma dor ou por dores que a feriram profundamente.

Suas palavras rolavam de forma maquinal, parecia que faziam parte de uma engrenagem, igual àquela do filme de Chaplin: tudo muitorepetitivo, sem alma, sem cor, sem amor.

E, por falar em alma, a dele me pareceu mais esturricada que a terra do sertão, aquela que não é beijada pelas gotas da chuva há muito tempo, e, somente o sol, está a castigá-la forte e massacrantemente. 

 

Certamente, tal a terra, aquela alma necessitava de beijos molhados para poder deixar brotar sementes que a dão flores, que dão frutos, que alimentam.

Aquele velho homem parecia ter a mente varrida por doutrinações e amedrontamentos em forma de um furacão ou mesmo por um tissunami, que lhe levaram os belos pensamentos poéticos, a revolta natural dos jovens corações e das jovens almas, não importa a idade que tenhamos.

Em raríssimos segundos, algum sorriso escorria-lhe pelo rosto marcado, como se quisesse ressuscitar a sua essência, a sua alegria, a sua esperança, mas, apagava-se tão rapidamente, como a chama de uma vela exposta a mais suave brisa.

Ele ficou calado por muito, mas muito tempo, e, penso eu, gostaria de ter mantido o seu silêncio quando foi arrebatado do seu deserto para expor-se nas telas de televisão e da internete.

Triste imagem, tristes cenas, tristes verdades! Um homem, seu passado e seu presente – isolamento total e irrestrito. Solidão!

Porque eu o conheci outrora e sabia algumas coisas sobre ele, sobre sua alma e sua essência, resolvi escrever, mas foi somente para dizer que não falei de flores.

 PARA NÃO DIZER…

 

 

 

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