Non, Je me regrette rien/ Je me fous du passe”

   Piaf

 

 Na 4a. Feira de Cinzas (alguém ainda se lembra dessa nomenclatura?), fui ao cinema,  assistir “La Môme” ou “Piaf – Um Hino ao Amor” , filme que reproduz a vida triste, louca, linda e conturbada de uma das mais belas vozes do século XX – a vida da cantora Edith Piaf (1915-1963), brilhantemente interpretada pela francesa  Marion Cotillard.

Tudo arrepia.

A história de Edith comove a tal ponto que, até mesmo a mais insensível criatura não conseguirá ficar  indiferente.

Na infância, a menina Edith foi abandonada pela mãe, que, como sonhava ser cantora, foi à luta, deixando a frágil menina entregue a própria sorte. Por sua vez, o pai, um artista circense, também pouco responsável, deixa-a aos cuidados da avó paterna, num prostíbulo, e vai para a guerra e ao retornar, ambos, pai e filha vão se apresentar nas ruas de Paris, como artistas mambembes. A mãe e o pai vivem vidas loucas, livres e soltas. Edith seguirá por estas sendas.

Um empresário a descobre, ela alcança sucesso e depois tudo está perdido, até a próxima cena (no cinema e na vida), quando é resgatada do fundo do poço para a arte e por um amor avassalador que irá fazê-la feliz, como nunca, por algum tempo. O tempo deu e o tempo tirou-  Marcel morre num desastre aéreo.

Assim segue a incrível vida desta incomparável artista, no vai e vem inconstante do mundo.

Hoje na miséria, amanhã no apogeu, e vice e versa. Ama, perde, ganha, chora, ri!

Edith vive a eterna solidão que acompanha os que foram rejeitados e abandonados na infância. Não tem jeito, quem tem uma infância de desamor e abandono, morre lentamente e sempre estará preso às garras da solidão.
Por isso é difícil para quem não viveu esta dor, entender Piaf, sempre em busca do amor, em busca de ser amada e de amar.

Alguns críticos disseram que o filme peca pelo excesso de vai e vem na narrativa. Ora, senhores, não entenderam que a narrativa estava seguindo o ritmo da vida narrada?

“La Môme” ou “Piaf – Um Hino ao Amor” me fez chorar e penetrar no mundo das paixões e das dores reclusas, num mundo do amor que é ceifado desde cedo desse pássaro em forma de mulher.

Confesso, quando as luzes se acenderam ao final da projeção de “La Môme”, meus olhos estavam marejados, já que as lágrimas rolaram abundantemente ao som de canções como “La Vie en Rose”, “Non, Je ne Regrette Rien”, “Padam Padam”, “L’Hymne à l’amour” e, convenhamos, a história dessa artista já dá para encher baldes de lágrimas.

Embora esses versos de um dos maiores sucessos de Edith digam: Non. Je me regrette rien/ Je me fous du passe” (“Não me lamento de nada/ Eu me lixo para o passado”), creiam-me, isto fica bem só nos versos das canções, uma vez que isso é apenas catarse, nada mais!

Um comentário sobre “Non, Je me regrette rien/ Je me fous du passe”

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *