Perfil de Uma Realidade

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PERFIL DE UMA REALIDADE (Autoria: Sônia Moura)

 

Vi minha alma caída no chão

E ao lado dela havia um imenso dragão

Pondo lenha na fogueira da minha dor

Queimando o rastro do meu amor

 

E pelos olhos de minh´alma abatida

Sentia a ilusão esvair-se em horror

Porque não havia outro jeito

Tua partida já brilhava ao longe

Cambaleante, saindo de cena

Agora tu irias desempenhar outro papel

 

E no meio disto tudo

Dando lugar a um cruel real

Um anjo mal bebia aos goles a minha dor

Enquanto temperava a minha angústia rota

Com um veneno fatal, gota a gota

 

E num outro canto do cenário

Aves de mau agouro

Com suas garras apontavam

Todo o sofrimento vindouro

Piando seu canto de morte

E tu te afastavas mais e mais

Estavas entregues às asas gulosas

De aves de rapinas poderosas

Disfarçadas de ninfas-meninas

A te devorar a alma e os pensamentos

Afogando-te em carinhos caprichosos

Enquanto apagavam nosso amor

De tua mente confusa, obtusa,

Sangravam o teu insensato coração

E tu te deixavas levar pela mão da vaidade

E  pelo sorriso maroto da esbórnia

 

Num outro cenário

Meu coração multiplicava a saudade

E minha alma triste, cansada,

Se desfazia em lágrimas e silêncios

Jogando no ar seu grito de terror

Sem nexo, sem lógica, sem cor

Sem real, sem fantasia, sem nada…

E tu, perdido no meio da ilusão,

Não tinhas direção

Não tinhas ação

Não tinhas coração

Apenas seguias a maldade,

Fantasiada de amor e de alegria

 

E minha alma, despedaçada, no chão,

Vivia o inferno de todos aqueles

Que se perdem em mares bravios

Vivia o inferno de todos aqueles

Que contraem os piores males

Vivia o inferno de todos aqueles

Que se perdem em mesas de bares

 

No momento exato da tua partida

Formou-se uma louca tempestade

E lavou da minh´alma a desilusão

Limpou meus olhos da escuridão

Tirando meus sonhos do fundo do porão

 

Depois um sol intenso se mostrou

E secou minhas lágrimas

Secou minhas dores

E em solo fértil

Replantou novos amores

 

Nesta hora,

Tu te fostes para nunca mais voltar,

Teu navio se perdeu na imensão

De um mar, enterrado na podridão

Minh´alma feliz voltou à vida

Desejando nunca mais te encontrar…

 

(Do livro: Coisas de Mulher de Sônia Moura)

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