BIG BROTHER, BRASIL! Ou … filosofando

BIG BROTHER, BRASIL! Ou … filosofando

 BIG BROTHER, BRASIL! Ou … filosofando   (por SÔNIA MOURA)

Por não existir uma única ética, assim como não existe uma única moral ou um único senso comum, nos questionamos sobre a eticidade dos programas nos moldes do BIG ROTHER.

O que está falando mais alto: a ética ou nossa moral construída? Por que nos chocamos, recusamos ou aceitamos este tipo de programa?

Se a “obra de arte” tem uma função e, se consideramos o programa de TV como criação (ou recriação, repetição), “obra”, encontramos muitas funções embutidas nesta “obra”: trabalhar com o inconsciente coletivo, com as carências, com o retorno (para os patrocinadores), com a questão dos símbolos, das imagens – o simulacro e o real – TUDO  é uma QUESTÃO DE VALORES.

Mas que valores são estes? O que está o programa formando ou informando? Qual é o lugar deste programa ou do  Big Brother neste mundo globalizado e invasor?

Buscando respostas em filósofos e em suas filosofias sobre a vida e o modo de se vivê-la, encontramos em Epicuro a defesa de que “o prazer é o bem máximo”, para Nietzsche, “criar é colocar elementos novos e, o papel da arte é criar valor” e ainda, para Spinoza, “a ética se contrapõe à moral”.

Assim, concluímos que a ética tem de/precisa ser flexível, assim, mesmo que eu entenda (e entendo) ser este um programa algo que foge ao que eu entendo por ética, preciso relacionar, compor, VER O OUTRO, preciso deixar que os outros “escolham” ser escravos de suas loucuras, de seus desejos (fama, dinheiro) se isto lhes dá PRAZER.

Posso, também, considerar este programa “vulgar”; mas, eu “escolho” minhas definições.

Enfim, vamos ler atentamente o que nos ensina Nietzsche :

 

“Há que nos livrarmos do mau gosto de querermos estar de acordo com                            muitos. O bem já não é bem quando o vizinho o tem na boca. E como é que podia existir um bem comum! Expressão contradiz-se a si própria: o que pode ser comum não pode senão ter pouco valor. Acaba por ter de ser como é e como tem sempre sido: as grandes coisas são para os grandes, os abismos para os profundos, os estremecimentos e delicadezas para os refinados, e em suma, todas as coisas raras para os raros.”

(Nietzsche, “Além do Bem e do Mal – Prelúdio a Uma    Filosofia do Futuro”, 1992).

 

A bem da verdade, isto é a ética: saber viver e deixar que os outros vivam, é só ESCOLHER, então, olhe bem para os participantes do BBB, elas puderam escolher participar ou não  (puderam?) e eu posso escolher também – assistir ao programa ou não.

 

(Sônia Moura – UFF/2004 –Seminário)

3 comentários sobre “BIG BROTHER, BRASIL! Ou … filosofando

  1. Jandira disse:

    Excelente texto! Sem entrar no mérito de ética e/ou moral, escolho não desaprender o pouco que sei dando audência ao Big que é Brother só não sei de quem ou o quê.

  2. Luiz C S disse:

    B B B Realmente tem sua função de fazer as pessoas perderem o pouco tempo que tem e dar lugar à baixaria ao invés de adquirir conhecimento, como por exemplo ao invés de assistir BBB ficar olhando e contando estrelas, posso lhe garantir que é muito mais interessante.
    Uma definição para B B B Big Baixaria e Burrice

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