CONTOS DE FADAS – II

 contos de fadas

 Contos de Fadas – II  ( Autoria: Sônia Moura)

 Uma brevíssima leitura da obra: Histórias Maravilhosas de Ana de Castro Osório

Ana de Castro Osório nasceu em Mangualde, a 18 de Junho 1872, e faleceu em Setúbal, a 23 de Março de 1935. É considerada a criadora da literatura infantil em Portugal, além de ser também nomeada a fundadora de literatura infantil portuguesa, por ter sido a primeira a defender a inclusão nos livros escolares de rimas e contos para as crianças se sentirem alegres e criarem um mundo imaginário. Alguns de seus livros foram utilizados como manuais escolares.

Traduziu contos dos irmãos Grimm, de Hans Christian Andersen e outros escritores estrangeiros; escreveu também peças de teatro infantil, uma de suas obras mais marcantes foi a Coleção Para as Crianças, que lhe ocupou perto de quatro décadas de trabalho, posteriormente, muitas das suas obras foram traduzidas para o francês, o espanhol e  o italiano.

Destacamos alguns contos da obra Histórias Maravilhosas de Ana de Castro Osório para uma breve, porém, profícua leitura.

Alguns textos de Ana de Castro Osório apresentam um tom didático-moralista-religioso, bem acentuado, por exemplo: A História da Velha e do Menino Bem Criado (p.126), já em outros contos:- Príncipe do Lodo (p.19); História do Príncipe Imaginário (p.59); A Princesa dos Cuidados (p.73) – reis, rainhas, príncipes e princesas aparecem  ao lado de lenhadores, mercadores, pessoas “comuns” e pobres – As Filhas da Bruxa (41); O Criado do Doutor Mágico (p.47); A Filha do Mercador (p.85) – vivendo juntamente alegrias e tristezas, como nos mostra este trecho do conto A Flor do Lírio-Lar:

 

“Mas, como todo mortal, ou seja, rei ou plebeu, bom ou malvado, está sujeito à dor, à doença e à morte, o soberano também adoeceu…” (p.94)

 

Nesta passagem, a narradora deixa claro que a distinção das emoções a que se está sujeito não é feita por “riqueza ou pobreza” e sim, pelo que é mortal ou imortal.

Por outro lado, nobres e plebeus recebem os favores de fadas, feiticeiros ou sofrem com as maldades de algum mago (O Criado do Doutor Mágico p.47)

Outro destaque é dado ao trabalho que marca presença, quando abre caminho para que a personagem se defronte com o mundo mágico: o bem (gigante, príncipe metamorfoseado) e as pombinhas  (princesas metamorfoseadas) e o mal (Doutor Mágico).

A posição e a disposição da mulher, nesta obra de Ana C. Osório, diferencia-se das demais mulheres que aparecem nos Contos de Fadas, por exemplo, as mulheres, (especialmente as pobres e viúvas) não interferem no destino de seus filhos, em muitos contos, elas morrem antes ou as crianças resolvem “se perdem” ou “resolvem correr o mundo”.

Os filhos saem em suas viagens e retornam para recompensar as mães pelo tempo em que eles ficaram longe, com riquezas conseguidas nesta trajetória.

Outro dado interessante, na maioria dos contos, fadas e bruxas tomam a forma de mulheres velhas: “… e no meio do caminho encontrou uma velhinha pobre, mas limpa e asseada.” E, em outros contos,  a mulher rebela-se, vai ao encontro de seu amado, luta por ele ou luta por sua sobrevivência, mesmo que para tal necessite se apresentar disfarçado de homem, para poder ser aceita e ir em busca de seu ideal.

 

*OSÓRIO, Ana de Castro. Histórias Maravilhosas. Lisboa: Editorial Progresso. S/D

(Parte II – Trabalho apresentado  semninário: UFF/2002)

contos de fadas

 

Um comentário sobre “CONTOS DE FADAS – II

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *