AMIZADE


AMIZADE

 

As palavras são sempre leves

Para falar da amizade,

Dos mistérios desta vida,

Do amor e da bondade

 

Assim falarei de Regina

Rainha em trono mágico

Feito com a doçura do mel

E com a força da luz do céu

 

Foi no céu que a conheci

Em momento inusitado

Deus sempre escreve certo

Ainda que pareça errado

 

Uma amizade nasceu

E os santos abençoaram

As luzes nos batizaram

E a alegria venceu

 

Regina, muito obrigada

Pela amizade ofertada

Que papai do céu nos ilumine

E que nunca nos falte nada

ECOS DE AÇO

ECO DE AÇO

Ecos de aço

O som oco do eco era ouvido como se fosse de aço e

Penetrava na caverna labiríntica da saudade

Trazendo à lembrança a antiga presença.

  

O choro descendo

E alguém me dizendo:

         Paciência!

         Paciência?

         Ah! Tenha clemência!

Foi só o que pude falar

  

Eco oco de aço insistente

Martelando a minha saudade

Até achatá-la

Mas não para  matá-la,

Como quero eu

  

O que faço

Com este eco de aço?

Rechaço?

Afasto?

Ou

Acolho e dele me sirvo

Para amenizar a minha dor

De amor?


(Da obra: Coisas de Mulher de Sônia Moura)


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CURVAS DE NIEMEYER

curvas de niemeyer

CURVAS DE NIEMEYER

Todas as curvas do mundo lembram Niemeyer: as curvas das praias, das estradas e das montanhas do Rio de Janeiro [aliás, onde mais ele poderia ter nascido?], as curvas das praças e avenidas do mundo, as curvas de igrejas, de museus, de palácios, de escolas que ele projetou pelo mundo e para o mundo, enfim, todas as curvas lembram Niemeyer.

Suas palavras: “A gente tem que se basear em convicções muito firmes para aguentar essa luta que a vida representa para o ser humano”, também deslizam pelas curvas do amor. E sua palavra maior, que começa com uma letra curvilínea “S”,  é que guarda todo o segredo da vida, para ele, a SOLIDARIEDADE é o maior de todos os tesouros: “A vida não é justa e o papel principal que justifica um pouco esse curto passeio é a solidariedade”.

Sim, todas as curvas do mundo lembram Niemeyer, principalmente as curvas do coração, as curvas de um coração que a tudo resistiu, as curvas de um coração que bateu por mais 100 anos, dentro de uma alma que sempre se  alimentou de solidariedade.

curvas de niemeyer

FANTASIA

 fantasia

FANTASIA  (Autoria: Sônia Moura)

Procure assimilar o som

Da mais urdida poesia

Que invadiu minha alma vazia

Para que, juntos, dentro

De algum círculo vicioso,

O qual a luz atravessa

Todas as dimensões da alegria

Possamos gozar do que nos oferece

A realidade da nossa fantasia

Da obra: Coisas de Mulher de Sônia Moura

fantasia

O Vai-e-Vem da Sanfona


o vai-e-v-em da sanfona

O Vai-e-Vem da Sanfona  (Autoria: Sônia Moura)

A vida nos prega peças

A vida é boba à beça

A vida nos traz surpresas

A vida é uma beleza

A vida nos faz chorar

A vida é de amargar

A vida nos faz sorrir

A vida é o porvir

A vida nos traz saudade

A vida é só vontade

A vida nos mostra amor

A vida é só sabor

A vida nos traz desamor

A vida é só temor

A vida nos dá Gonzagão

A vida é a batida de um coração

A vida nos dá  Gonzaguinha

A vida é rima prontinha

A vida é mesmo assim

Um vai-e-vem inconstante

Como o fole da sanfona

Abre e fecha a todo instante

Senão o som não sai

Senão a alegria não entra

Senão a dor e a esperança

Não podem nela morar

A vida é mesmo uma roda

Quem entra não quer sair

A vida é uma doce ilusão

Já dizia Gonzaguinha

Filho do grande Gonzagão!

(Da obra: Poemas em Trânsito de Sônia Moura)

SAUDADE

SAUDADE

SAUDADE (Autoria: Sônia Moura)

Numa noite de maio
Após o teatro, chovia,
Eu, alegre feito passarinho
Você, feliz por mim, sorria

Já faz tanto tempo…

Nesta noite de outubro
Bateu uma saudade…
Esteja onde estiver
Pra você:
O meu carinho
Bordado de saudade

Boa noite, amor
(Da obra: Coisas de Mulher de Sônia Moura)

SAUDADE

LINHAS

 LINHAS

LINHAS  (por Sônia Moura)

 

 Tênues são as linhas de tua luz

Que atravessa o meu caminho

Desenhando a encruzilhada

Ao mostrar que a vida

Sem amor

É (quase) nada

 

(Da obra: Coisas de Mulher de Sônia Moura)

LINHAS

 

 

Romance O Delfim de José Cardoso Pires – breve análise

O Delfim de José Cardoso Pires - breve análise

ATENDENDO A UM PEDIDO, SEGUE:

Romance O Delfim de José Cardoso Pires – breve análise

· Síntese alegórica
· Alegoria – é uma série contínua de metáforas para revelar um sentido oculto. Refere-se mais ao mundo abstrato e espiritual que ao concreto. É a expressão contínua de uma série de imagens ou metáforas de modo que as idéias e imagens se correspondem uma a uma
· Síntese alegórica de sua significação global: a onipresença da LAGOA (dinamismo vital ) – que atrai obsessivamente a atenção do narrador.

· Recuperação: o Fato e o Tempo (tentativa)
· Abstração e atemporalidade
· Presente “intemporal”
· Passado e Futuro nivelados , anulando diferenças dentro da circularidade temporal.
· Narrativa estruturada através das recordações do narrador personagem.
· Romance do próprio romance.
· Realidade circundante da qual o escritor é espectador.
· Consciência crítica {passa a funcionar como um antinarrador – aquele que vê de fora, critica e julga o que o “outro” está narrando.}
· Verdade é posta em dúvida
· Duplicidade à ambiguidade * narrador declarado dos fatos – o que deveria assegurar- nos a objetividade e o esclarecimento total do narrado, transforma-se em elemento provocador da ambiguidade essencial.
· Narrativa (toda ela) apoiada no “suspense” de intriga policial.
· Ultrapassa as fronteiras do realismo crítico – passando por rigoroso contorno político-social.
· Realismo dialético transformando-se em realismo mágico.
· DIÁLOGO *papel preponderante
· Registro de gestos e atitudes
· José Cardoso Pires sempre situou suas histórias num tempo e num espaço bem definidos – Portugal – pós-45
· O Documental regionalista, a historicidade projetam-se num plano mítico.
· Cristalização temporal x tempo cíclico; tempo estático x tempo dinâmico.
· Fusão da preocupação realista-ideológica (=a consciência social criada pelo neo-realismo) com a preocupação estético-criadora (= consciência da linguagem, como invenção, como elemento básico na criação da ficção).
· Postura realista (Persiste) – “nasce”um novo tratamento, o autor submete a palavra estética, dilui a objetividade narrativa em tal imprecisão de contornos, que o conhecimento direto e objetivo dos fatos narrados torna-se inteiramente impossível ao leitor.
· Romance de ação privilegiada- nível da fábula
· Romance de espaço (social ou psicológico) – confere à fábula importância reduzida.
· Reuperação pela memória dos momentos ( um ano antes)
· Fatos concretos emergem ao plano da narrativa através da experiência interior do narrador-personagem =interioridade evocada constantemente em lugar de se constituir em um marco de objetividade na recuperação do vivido (como é normal na postura memorialista tradicional) o que faz é anular todas as reais possibilidades de concretização dos fatos.
· Concreto x abstrato
· Jogo temporal: presente x passado x futuro – subverte a ordem cronológica dos acontecimentos – tempo fragmentado, então, através da memória, constrói o presente da narrativa.
· “Pistas”para a compreensão (romance policial * nouveau roman)
· Fábula (“história exemplar”) – substituída por dimensão alegórica – alegoria não pretende transmitir verdades, mas apenas “sugerir”realidades ocultas.
· Certeza x incerteza.
· Narrativa afirmativa x narrativa indagativa
· A escrita e a oralidade.
· Enigma indecifrado – lenda * símbolo, metáfora= neblina*
· Alter ego x autor implícito x autor explícito
· Assassínio ? suicídio?
· Truques.
· Realista (sem ser neo-realista).
· Luta de classes.
· Verossimilhança da ambigüidade.
· Linguagem reduzida a seus elementos essenciais.
· Linhas cruzadas.

· Efabulação FÁBULA x intriga, ( trama) – dicotomia conceptual (W.Propp e Roland Barthes) FÁBULA – corresponde ao material pré-literário que vai ser elaborado e transformado em intriga; estrutura compositiva já especificamnete literária. FÁBULA – resulta do ordenamento lógico e cronológico dos motivos nucleares que, pelo seu caráter dinâmico, assegura a progressão regular e coesão dos acontecimentos narrados. FÁBULA – mythos de Aristóteles
· História (story) x Plot (E.M.Forster):
· História(diegese) = O rei morreu e em seguida morreu a rainha.(Seqüência de eventos temporalmente ordenados que suscitam no leitor/ouvinte o desejo de saber o que vai acontecer .)
· Plot = O rei morreu e depois a rainha morreu de desgosto.( o plot envolve mistério e surpresa, desencadeia a participação inteligente da instância receptora, mobiliza a sua memória.
· A DIFERENÇA ESSENCIAL RESIDE NO PESO DIVERSO DOS PARÂMETROS TEMPO e CAUSALIDADE.
· Intriga(trama) pertence a um plano de oraganização macroestrutural do texto narrativo e caracteriza-se pela apresentação dos eventos segundo determinadas estratégias discursivas já especificamente literárias. Provoca o estranhamento, chamando a atnção para a percepção de uma forma.

(UFF – 2000)

O Delfim de José Cardoso Pires - breve análise