DENTRO DAS CAVERNAS de Platão e de Saramago

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Relendo A CAVERNA de Saramago, e relembrando A CAVERNA de Platão, constato que o mundo mudou muito e também nada mudou. Parodoxal? Vejamos:

A alegoria da caverna, apresentada por Platão [A República – livro VII] é uma poderosa metáfora que busca descrever a posição do homem em relação aos estados de inconsciência criados pela incapacidade de este distinguir o que é apenas aparência do que é realidade. Para o filósofo, todos nós estamos condenados a ver sombras à nossa frente e tomá- las como verdadeiras.

É através do diálogo entre Sócrates e Glauco que Platão descreve em A República (livro VII) uma caverna onde pessoas estão acorrentadas nos pés, com o pescoço também acorrentado e imobilizado, obrigando-as a olharem sempre para frente. Presas a um banco; sentadas em frente a um a parede, as pessoas têm, atrás delas, uma fogueira que projeta imagens de passantes que carregam estatuetas sobre suas cabeças, assim, os prisioneiros só conseguem enxergar o tremular das sombras daqueles objetos. Portanto, o mundo, para estas pessoas, é feito de imagens, somente, imagens.

Em A Caverna, José Saramago narra a história de Cipriano Algor e de sua família, no início da narrativa assim constituída: Cipriano, a filha Marta Isasca (sobrenome/apelido herdado da mãe já falecida) e Marçal Gacho, o genro. Depois, chegam à família o cão Achado (quase humano) e a Isaura Estudiosa.

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