A Pomba no Telhado

Ano Novo

Era manhã de um novo dia
E lá estava a pomba no telhado
A olhar o mundo adormecido

O barulho dos fogos ainda soava em seus ouvidos
Enquanto o céu se enchia de cores
E toda aquela gente vestida de branco
Aqueles gritos, aqueles risos
Tudo estava em festa, novamente

Ontem, ela sozinha olhando a multidão
Pensou no par que não mais existia
Apertou-se-lhe o pequeno coração
E ela encolheu-se a um canto
E deixou que se esparramasse o pranto

Gritos ecoavam no ar
Saudando um novo ano
Deixando a esperança governar
E, lá de cima, ela, recolhida ao seu pranto
Deixou que um fiapo de alegria dela se apossasse
E saiu voando no meio de fogos e estampidos

Era um voar louco da solidão
Em meio há uma nuvem densa de fumaça negra
Contrastando com o brilho e o colorido
Dos fogos que anunciavam o novo ano, a nova ilusão

E nesse vôo da esperança
Ela, sozinha, feito uma criança
Arriscou-se, fez travessuras,
Soltou a alma, entregou-se a diabruras
Enquanto os anjos acalmavam seu pesar

Voe, menina, voe, pois, embora
A solidão seja velha
Acredite que este será um novo tempo
E neste tempo alguém irá com você
Grandes vôos alçar

Era manhã de um novo dia
E ela ali sozinha no telhado …

(Do livro POEMÁGICAS de Sônia Moura)

2 comentários sobre “A Pomba no Telhado

  1. Nina Schermann disse:

    Oi, Sonia, li este seu poema, parece que ele foi feito para mim. É solidão e esperança.!!!! Mas nós somos lutadora e alçaremos vôo como esta pomba e ainda iremos longe.
    Mil beijos e parabéns. Adorei conhecer vc. Porque das outras vezs foram só encontros.

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