FECHO ECLÉTICO

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FECHO ECLÉTICO (Autoria: Sônia Moura)

A longa ou breve história de uma vida se resume no momento final do breve instante da morte. Esta repetição, esta continuidade descontinuada nos leva sempre à mesma indeterminação,  é como um código gráfico, pontilhado de pontos de exclamação, pontos de interrogação e, principalmente, de muitas reticências.

Seguindo nesta obscuridade, nós, reles mortais, guardamos nossas angústias em caudas de vaga-lumes ou em baldes cheios de angústias pelas dúvidas que carregamos: – O que acontece após a morte? Há, de fato, um paraíso, um purgatório e ou um inferno?

Nossa fonte de energia, que deveria estar voltada para a vida a ser vivida, deve ser gasta com preocupações como a descontinuidade e superfluidade da vida?

É difícil fugirmos destes questionamentos, uma vez que a maior inverossimilhança está em nós, é esta evocação constante de nosso desejo da imortalidade, promovido pelo discurso ambíguo entre os discursos religiosos e culturais e o discurso do nosso desejo de alcançarmos a vida eterna, cá na terra mesmo.

Esta é a grande ironia do que foge ao nosso controle, por isso criamos símbolos e diáforas para falar sobre o mesmo assunto: morrer, falecer, desencarnar, bater as botas, ir para o andar de cima, o desenlace, o óbito….

Deste modo, desconstruindo o significado de uma palavra, de forma eufêmica ou zombeteira, mais uma vez, o palimpsesto da única verdade absoluta e inevitável de nossas vidas: a morte – colocamos este assunto tabu para nós, em lugar mais confortável, o mundo dos símbolos.

E, é neste bosque de conceitos filosóficos, psicológicos, religiosos, morais e de costumes sobre a morte, que a nossa imaginação se embrenha, buscando caminhos para conviver com o imponderável: o momento em que o relógio de tempo marcado, para e somos levados porto a fora, acomodados na barca da morte, onde qualquer uma dessas entidades: o barqueiro Creonte, os espíritos, os anjos ou o diabo conduzirá a barca, a qual nos levará para a nossa nova realidade: a morte inevitável, contra a qual sempre lutamos.

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