VERSÕES E SUBVERSÕES ARTÍSTICAS

Sendo a arte o repositório de informações culturais de uma época e o artista, aquele que trabalha a realidade, o sonho e a utopia, abordar a concepção artística, compreendida na definição do fenômeno trágico é, de certo modo, reafirmar que “a perda da Tragédia leva o homem à perda da fé e da crença na própria imortalidade”.
O artista em sua aventura visual, em suas viagens e descobertas pode (ou deve?), com sua obra de arte, arrastar o espectador e colocá-lo surpreendido com o seu destino, já que o homem de todos os tempos sente a necessidade do prazer estético, do olhar, da harmonia, do equilíbrio, do ritmo e da composição.
A obra de arte tem forma e obedece às leis da forma, pois ao elaborar a representação artística de pessoa ou de objeto, o artista sabe que sua obra estará sujeita ao material usado: madeira, ferro, tela ou pedra, ao contexto e as influências sócio-históricas, aos seus desejos e sonhos, os quais permeiam o fazer artístico, no entanto, o que garantirá a emoção e a sensação da obra de arte, será o ritmo visual e as relações estabelecidas no/e pelo olhar do espectador.
Para interpretar o antagonismo estético entre as forças Apolínicas e Dionisíacas, Nietzsche passa da metaforização estética à oposição psicológica (sonho, embriaguez), assim, a arte do homem torna-se um acontecimento cósmico, quando a tragédia dramatiza uma realidade muito forte e pela dramatização acontece a catarse, confirmando-se, então, a relação entre a arte e a vida.
A carência gera a necessidade, a Tragédia, a mudança e é pela sensação de recriação produzida por meio da Tragédia (produção artística) que o homem saboreia, participa do que é natural e ao mesmo tempo fictício, e é neste instante que acontece a condensação , a identificação com uma situação incômoda e que precisa ser expurgada. Neste embate entre a realidade e ficção, a Tragédia permite que da identificação, nasça o conflito e dele se origine o alívio, dando-se , assim, a catarse.
Deste modo, o processo criativo na sua invenção, um dos pontos primordiais em destaque no texto O Nascimento da Tragédia de Friedrich Nietzsche, mostra que a obra de arte, seu conjunto de imagens e as inesperadas associações podem criar múltiplos centros significativos, expandindo a função artística, para que o viés privilegiado do olhar se delicie com as versões e subversões artísticas.

2 comentários sobre “VERSÕES E SUBVERSÕES ARTÍSTICAS

  1. Nina Schermann disse:

    Oi, Sonia,
    Eu infelizmente ainda não li ese texto de Nietzsche,ou se o li foi há muito tempo. Isso que ele escreveu sobre a Tragédia é interessantíssimo pela sua abordagem.
    Infelizmente ,hoje, a Arte, pelo que eu tenho sentido ,pois tento ser artista(?) há quase 25 anos,não está mais assim. O mercado é que manda. Se os grandes investidores disserem sim para um artista ele será O ARTISTA!! Mas que artista? Ultimamente tenho pintado pouco embora a arte pulse dentro de mim. Mas a situação e desalentadora. Depois poderemos conversar mais sobre eese assunto que é bem extenso. Vivemos no mundo do mercado. Concorda comigo?
    Mil beijos e parabéns mais uma vez pela coerência dos seus textos.Bjks Nina

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