RIQUEZA IMAGÍSTICA

RIQUEZA IMAGÍSTICA  (por Sônia Moura)

Hoje, nesta manhã carioca, lindamente ensolarada, o cansaço acumulado por dias de trabalho árduo, porém profícuo, deixo-me estar, tal qual Linda Inês, posta em sossego.

Para me fazer companhia, tenho a televisão. Assisto a um bom programa: Globo Rural e sou apresentada a mais uma espécie de ave em extinção: a Arara Azul de Lear.

“A arara-azul-de-Lear é típica da região de Canudos e Jeremoabo, no Estado da Bahia. A ave utiliza os paredões de arenito como abrigo e se alimenta da palmeira Licuri. Atualmente, esta espécie é constantemente ameaçada pela ação de caçadores e traficantes de animais silvestres. “Ela não tem predadores naturais a não ser o homem”, diz Figueiredo.” [ http://www.faunabrasil.com.br

Arara azul

“ … ela não tem predadores naturais, a não ser o homem”. ..a não ser o homem! …a não ser o homem! Acho que nem precisamos consultar nossos ancestrais para entender que a destruição das espécieis, se dá unicamente pela ganância e pelo desejo do ganho fácil e incontrolável.

Se quisermos ir além ou aquém dos fatos, podemos construir uma imagem desta terrível conjunção: dinheiro e destruição das espécieis, seguindo os passos da significação para a forma “dinheiro vivo”, traduz-se por : “pagar em espécie”.

Apesar desta insanidade, permito-me sonhar, viajando por concepções junguianas, as quais dizem que todo pensamento imaginário não passa de uma tomada de consciência de arquétipos ancestrais, pois todas são “imagens primordiais”.

Assim sendo, deixo que estas imagens se manifestem em forma de fantasia, para que possam revelar-me alguns segredos do passado, que se perpetuam e  se mostram no presente.

Para captar a beleza de uma das características deste grupo, sirvo-me do campo simbólico, criado por belíssimas imagens e pelas palavras do biólogo, que afirma ao repórter:

“Esta ave, quando escolhe o seu parceiro, é para sempre e, a partir deste instante, eles estarão eternamente juntos, em qualquer situação.”

E as figuras que a tv nos mostra são a confirmação do que disse o biólogo, são a imagem de um casal enamorado, aves que parecem perder-se em beijos, num momento de profunda consagração à vida, que o homem insiste em lhes roubar.

arara azul

Então, simbolicamente, todos os encantos do amor se manifestam para mim, são asas que se alteiam e se abaixam, em forma de véus esvoaçantes, num ritual de amor, guardado pelos genes da ancestralidade, o qual se repete, através do ritual da vida.

Depois, banhados por luzes e cores do amor eterno e deslizando por um céu “ancestral”, os casais saem em vôo duplo, e deixam-me, de presente, riquezas imagísticas, para coroar o majestoso domingo.

riqueza imagística

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