A maior de todas as marcas: a vaidade

Com certo atraso, reconheço, assisti ao filme O Diabo veste Prada, que foi baseado num best-seller da norte-americana Lauren Weisberger, que dizem ter vivido situação semelhante. A história, todos já sabem: Andrea é uma jovem que se muda para Nova York a fim de tentar uma carreira como jornalista. Ela consegue um emprego na maior revista de moda da cidade, a Runaway, comandada pela cínica, cruel e poderosa editora Miranda Priestly, a qual inferniza a vida de todos que com ela trabalham e, lógico, a isto se submetem.

Confesso que não me surpreendi muito com o que vi, pois a busca da carreira bem sucedida está sendo estimulada a todo o momento e pelos quatro cantos deste nosso mundo pós-moderno, no qual valores e relações afetivas são basicamente descartáveis, porque não são revertidas em lucros e, deste modo, não interessam ao mercado de capitais.

Eu não sei qual a marca preferida pelo diabo, mas se fosse arriscar um nome, diria que é a marca denominada Vaidade, como bem mostra o protagonista, em um outro filme: O Advogado do Diabo. Sabemos que a vaidade é a porta de entrada para todos os males, ou, se preferirmos, de todos os pecados, sendo esta a marca registrada de todos os diabos que tentam pontilhar as vidas de todos nós, pobres mortais.

No filme, cada nova “secretária-fantoche”, que iria atender diretamente a toda poderosa Miranda Priestly, era denominada “A nova Emily”, estas marionetes, como tantas outras, são facilmente descartáveis, e para que tal não aconteça, bastará às detentoras deste título, deixarem-se manipular, uma vez que, quem não se enquadrar neste jogo de poder, sedução, dinheiro e marcas exuberantes, está fora! Está “out”! sem dó nem pena (eles não sabem o que isto representa).

Então, se você não quiser desempenhar na vida o papel da mais “nova Emily”, do mais novo fantoche, tendo que agir como um “cavalo desembestado” para satisfazer desejos de outros e também os seus desejos puramente materiais ou ainda ver sua vida “ sem controle” algum, cuide-se mais, olhe-se mais e ouça o que diz Zaratustra: “*…olhar a vida sem cobiça, e não como cães, com a língua de fora.”, salivando, à espera do toque de uma campainha, à espera de migalhas que alimentem, exageradamente, a nossa terrível vaidade. (*NIETZCHE, Friedrich. Assim falou Zaratrusta. São Paulo: Martin Claret, 2002 p. 102)

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