TEMPO! TEMPO! TEMPO! [por Sônia Moura]
A passagem do tempo é metáfora
Ainda assim, o novo ano não há de tardar
Há uma cadeia com elos de esperança a se formar
Quantos divinos encantos se esconderão nesta corrente
Que todas as gentes se põem a desejar?
Faz parte da arte de quem segura este estandarte
Assim, envolvidos pela fantasia
Todas as gentes seguem cumprindo seus destinos
Penetrando nas raias da ilusão, da crença e da paixão
Tempo, menino vadio, que corre macio sem se preocupar
Porque ele sabe que não vai mais voltar
Sua presença é pedra rara, tão fugaz como qualquer ficção
Abelha que suga o mel e depois procura outra flor
Como um mago nos pega pela mão e encanta
E, sem nenhum pudor, amputa certezas, acalma as brabezas
Tempo, todo faceiro, exibe sua nobreza com altivez
Fingindo nos dar a lucidez do controle impossível
Do seu flutuar,
Tempo, tempo, tempo!
Entre o ontem, o hoje e o talvez
Doce quimera a brincar com as gentes
E a visão de todos loucamente turvar
Da obra: Poemas em Trânsito, de Sônia Moura